Moto econômica: 10 dicas para não consumir além da conta

Em tempos de combustível caro em todo o Brasil, macetes simples te ajudarão a ir com menos frequência ao posto de combustível

moto abastecimento
Não desperdice dinheiro no posto (Foto: Shutterstock)
Por Tite Simões
Publicado em 31/12/2021 às 10h33
Atualizado em 17/11/2022 às 16h27

Sim, nós sabemos que moto é um veículo que consome bem pouco, principalmente pela menor massa em movimento. É normal as motos e scooters atuais de 150/160 cm³ atingirem marcas impressionantes de mais de 50 km/l de consumo rodando com gasolina. Nas motonetas tipo cub (como Honda Biz 125 ou Pop 110) este valor pode superar os 60 km/l. Em épocas de preços elevados, ter uma moto ,mais econômica que garante mobilidade e baixo custo pode ser uma tremenda vantagem.

Estes valores podem alterar para mais ou… para menos! Sim, por ser um veículo naturalmente econômico muitos motociclistas descuidam de manutenção e da forma de pilotagem, o que pode piorar o consumo em até 30%! É hora de aproveitar um dos grandes benefícios de usar um motor de pequena capacidade volumétrica.

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Sim, porque os motores de motos/scooters tem pouco deslocamento volumétrico (a popular “cilindrada” ou cm³) em comparação com os motores de carro. Um motor 125/150 cm³ por exemplo representa de 10% a 15% da capacidade volumétrica dos carros populares, a maioria com motores de 1.000 cm³. Porém a potência dos motores de carro é proporcionalmente menor.

Potência específica

honda cg 160 titan 24

Para entender é preciso fazer contas: uma moto de 150 cm³, que tem um motor de 15 cv em uma potência específica de 100 cv/l. Isso significa que se este mesmo motor tivesse hipoteticamente 1.000 cm³ a potência seria equivalente e 100 cv.

Hoje os carros aspirados de 1.000 cm³ desenvolvem, no máximo, 85 cv, o que já é bastante. Mas a massa (peso) muito maior, em comparação com as motos, os fazem consumir muito mais combustível. Um carro nestas condições quando faz 17 a 18 km/l já é motivo de alegria para o usuário.

Só esta característica já seria suficiente para colocar as motos na categoria de mesquinhas. Ainda mais agora que conta com injeção eletrônica em série, o que trouxe uma economia ainda maior, mas exige uma pilotagem um pouco diferente da praticada nas motos com carburador.

Motos carburadas

A minha geração aprendeu a pilotar em motos carburadas, que tinham características bem específicas. Só pra exemplificar, no carburador a marcha lenta era regulada por meio de parafusos e o próprio motociclista aumentava ou diminuía conforme a temperatura ambiente ou a qualidade da gasolina. Hoje é tudo feito por uma central eletrônica e raramente se consegue mexer sem equipamentos sofisticados.

Outra diferença era nas desacelerações. No motor carburado, quando o piloto descia uma ladeira com o acelerador fechado, o carburador continuava mandando gasolina na rotação de marcha lenta. Hoje a injeção corta a alimentação e economiza gasolina. Por isso motores injetados não devem rodar na “banguela”, ou seja, em ponto morto.

10 dicas para deixar a moto econômica

Essas 10 dicas simples irão te ajudar a deixar a sua moto mais econômica.

1. Mantenha os pneus calibrados

Pelo menos uma vez a cada 15 dias confira a calibragem, usando a medida recomendada pelo fabricante da moto. Pneus murchos aumentam o atrito e forçam o motor, que vai gastar mais combustível para compensar.

2. Relação lubrificada e corrente ajustada

Mantenha a relação de transmissão (coroa, corrente e pinhão) lubrificados e a corrente ajustada. Corrente seca, muito esticada ou frouxa também causa esforço e aumento do consumo. Pelo mesmo motivo verifique periodicamente os rolamentos das rodas. Ações que deixam sua moto mais econômica.

3. Regule os freios

honda cg 160 start 2020
Regule os freios para manter a moto econômica e segura

Pelo menos uma vez por mês verifique se os freios não estão “pegando”. Coloque a moto no cavalete central e gire as rodas para sentir se os freios estão prendendo. Esse atrito gera superaquecimento do sistema, além de acelerar o consumo de gasolina.

4. Não use a “banguela”

Moto com injeção eletrônica não economiza quando roda em ponto-morto ou com a embreagem puxada. Para deixar a moto mais econômica, é preciso desacelerar e deixar o motor reduzir com a marcha engatada. Dessa forma a injeção corta o combustível e o motor gasta menos combustível.

5. Não acelere a moto parada!

Quando estiver parado deixe a moto em ponto morto. Acelerar com a moto parada só faz gastar mais gasolina e superaquecer o motor. Se a moto ou scooter contar com sistema Idling Stop (que desliga o motor depois de três segundos parado), deixe sempre ligado porque funciona mesmo.

6. Mantenha o filtro de ar limpo

filtro de ar de moto
O filtro de ar da moto deve ser trocado como diz o manual

Para uma moto mais econômica, pelo menos a cada 2.000 km verifique o filtro de ar e limpe (ou troque) se for necessário. A sujeira impede a perfeita “respiração” do motor e aumenta o consumo. Também não retire o filtro de ar, porque pode acelerar o desgaste do motor, especialmente de pistão e anéis.

7. Não “estique” as marchas

Graças a injeção não é mais preciso ficar levando os giros do motor lá nas alturas. Pode-se rodar com marcha alta, acelerar e deixar que os sensores eletrônicos mandem apenas a gasolina necessária para aquela velocidade. Em motos com contagiros pode-se usar a regra de trocar as marchas com 1/3 da rotação de potência máxima.

Por exemplo, se o motor tiver potência máxima a 9.000 rpm pode trocar as marchas com 3.000 rpm. Se tiver só velocímetro, calcule 10 km/h para cada troca e ter uma moto mais econômica. Assim o piloto sai de zero em primeira, coloca segunda a 20 km/h, terceira a 30 km/h, quarta a 40 km/h e assim por diante. E nem precisa manter o acelerador na “casquinha”, pode abrir o gás que não terá desperdício.

8. Faça revisão periódica

Certos componentes precisam ser trocados ou pelo menos revisados periodicamente. As velas de ignição evoluíram muito e duram bastante, mas compensa manter o intervalo de troca sugerido pelo fabricante porque a centelha da vela pode melhorar ou piorar a queima da mistura. É relativamente barato e faz diferença na ponta do lápis.

9. Pesquise os postos de gasolina

Se o seu trajeto for rotineiro, faça um rodízio de posto de gasolina até encontrar um que apresente o melhor custo-benefício. A injeção eletrônica por vezes aceita até coquetéis malucos, mas é possível perceber alguma adulteração quando a marcha-lenta fica irregular ou o motor morre do nada.

10. Forma de pilotar: grande vilão do consumo

Motos são veículos feitos para não perder tempo, por isso não é preciso ganhar tempo! Basta rodar no ritmo normal que já está no lucro em relação aos automóveis.

Falando em lucro, se a sua moto for flex (aceita etanol e gasolina) faça as contas de proporcionalidade entre o valor e o aumento de consumo. Com etanol o motor consome em média 30% a mais e essa deve ser a diferença de valor para a gasolina para compensar.

O preço do litro do etanol deve ser até 75% do valor do litro de gasolina para compensar. Já existem aplicativos que fazem essa conta. E não acredite em postagens de fóruns: não precisa intercalar os combustíveis para “limpar” o motor.

O Boris também tem outros alertas sobre combustíveis.

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1 Comentário
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Wellington Cassiano 4 de janeiro de 2022

Tite, graças ao fato de que leio publicações há anos e levo em consideração o conselho de gente mais experiente, como você, me considero um piloto razoavelmente versado nas artes da frugalidade. De uns tempos para cá costumo apenas confiar no computador de bordo das minhas motos (tenho uma Tiger 900GT e um Honda SH150i). O scooter nunca faz, de acordo com os milhares de japoneses alojados em seu computador, mais de 43 km/l. Bem verdade que faço uso de vias mais rápidas aqui em Brasília, então às vezes chego a trafegar a 80 km/h com o bichinho. Já a moto, quando faz 21 km/l, fico feliz que só. Mas tenho alguns amigos que juram de pés juntos que suas Tiger 800 faziam até 28 km/l (!!). Outro dizia, numa viagem, que sua 800 com garupa e bagagem estava fazendo 24 na estrada, ao passo que a minha e a de outro amigo, no CB, não passavam de 20 km/l. Confesso que não sei que tipo de cálculo fazem, mas acho exagero.

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