Deu ruim: esses 5 carros projetados para o Brasil fracassaram no exterior

Por diferentes motivos, esses modelos venderam mal fora do mercado nacional, para onde foram primordialmente concebidos

volkswagen fox amarelo duas portas de frente exportado europa
Fox não repetiu na Europa o sucesso alcançado no Brasil (Foto: Volkswagen | Divulgação)
Por Alexandre Carneiro
Publicado em 12/09/2021 às 08h26
Atualizado em 11/08/2022 às 16h25

É bem comum que carros projetados no exterior sejam fabricados e vendidos no Brasil. Porém, eventualmente, a situação contrária também ocorre: alguns modelos concebidos por aqui, visando o mercado nacional, acabam sendo comercializados em outros países, até mesmo na Europa e nos Estados Unidos.

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Nem todos, porém, se dão bem lá fora. Existem carros que, apesar do enorme sucesso que fizeram no Brasil, fracassaram retumbantemente no exterior. E o listão de hoje é exatamente sobre eles: enumeramos 5 modelos concebidos para o mercado nacional, mas que se mostraram fiascos comerciais em países da Europa e da América do Norte. Confira!

1. Volkswagen Parati

volkswagen parati exportada para os eua como fox wagon
Volkswagen Parati foi exportada para a América do Norte como Fox Wagon

Um dos casos mais célebres de carros exportados do Brasil para o exterior é o do Voyage e da Parati: o sedan e a perua da Volkswagen foram enviados para os Estados Unidos e o Canadá, rebatizados de Fox e Fox Wagon. Porém, o que nem todo mundo sabe é que a station wagon, em especial, nunca teve, por lá, a aceitação obtida por aqui.

Nos sete anos em que foi exportada para a América do Norte, entre 1987 e 1993, as vendas totais do Fox (Voyage) ficaram apenas em cerca de 202 mil veículos. Trata-se de um volume não mais que razoável para aquele que, então, era o maior mercado de automóveis da época. Os números da Fox Wagon, porém, foram pífios: somente 25 mil exemplares, o que fez a Volkswagen encerrar as exportações da perua precocemente, em 1989.

2. Volkswagen Fox

volkswagen fox
Na Europa, Fox está fora do mercado há uma década

Outro dos carros da Volkswagen que não repetiram no exterior o sucesso alcançado no Brasil foi o Fox. O hatch foi enviado à Alemanha e a outros mercados da Europa, mas teve carreira curta por lá: durou apenas de 2005 a 2011. O motivo foram os números de vendas abaixo do esperado: o total não passou de cerca de 176 mil unidades.

Um dos motivos do fracasso no velho continente foi a valorização do Real frente ao Euro, o que fez com que o preço do modelo, à época, ficasse mais alto que o esperado. Enquanto isso, por aqui, o Fox é fabricado até hoje, mas a produção deverá ser encerrada até o fim deste ano.

3. Alfa Romeo 2300

alfa romeo 2300 rio
Plano de vendas do Alfa Romeo 2300 Rio na Europa era pra lá de confuso

O sedã 2300 foi exportado para Inglaterra, Alemanha e Países Baixos em 1978, ano no qual a Fiat assumiu as operações da Alfa Romeo no Brasil. Porém, naquele momento, a associação entre ambas as marcas italianas só havia acontecido no Brasil. No restante do mundo, inclusive na Europa, as duas empresas eram completamente distintas: em âmbito global, elas só se associaram em 1987.

Como, na Europa, a Alfa Romeo era ainda uma marca autônoma, as vendas do modelo brasileiro, chamado de 2300 Rio, eram realizadas pelo importador, fora da rede de concessionários Alfa Romeo. Seja por causa da estratégia comercial confusa ou simplesmente pela pouca aceitação do consumidor europeu, o fato é que o Alfa Romeo 2300 Rio teve baixo volume de vendas no velho continente: apenas 1.077 unidades.

4. Ford EcoSport

ford ecosport titanium nos eua frente azul
A partir da segunda geração, EcoSport se tornou um carro global

Enquanto a primeira geração do Ford EcoSport foi regional e existiu apenas no Brasil e em países da América do Sul, a segunda e última safra entrou para o rol de carros globais. O SUV compacto chegou à Ásia, à Europa e até aos Estados Unidos: só que, na América do Norte, em especial, as vendas do modelo nunca empolgaram.

Desde o lançamento, em 2017, até o ano passado, as vendas somavam pouco mais de 183 mil unidades. É um volume discreto para um mercado gigantesco como o estadunidense. Recentemente, a Ford anunciou que o EcoSport deixará de ser vendido por lá. É uma consequência do fechamento das fábricas da multinacional na Índia, de onde SUV era exportado para a América do Norte.

5. Ford Ka

ford ka 2019
Ford Ka saiu de linha no mundo inteiro

O último Ford Ka nunca conseguiu repetir o sucesso das gerações anteriores na Europa. Por lá, o modelo acabou saindo do mercado no início de 2020. No ano anterior, o número de emplacamentos não passou de 51.482 unidades. Parece muito, mas esse total corresponde a menos de 1/4 do volume de vendas do “irmão” Fiesta.

Vale lembrar que, com o já citado fechamento das fábricas da Ford na Índia, o Ka deixou de ser fabricado no mundo inteiro. Era de lá, inclusive, que o modelo era exportado para a Europa. No Brasil, o modelo saiu de linha em janeiro último, quando a unidade industrial de Camaçari (BA) foi desativada.

Por que a Ford fecha as fábricas do Brasil, mas investe na Argentina? Boris Feldman explica em vídeo!

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9 Comentários
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Andre Rocha 27 de fevereiro de 2022

“Tive” Parati, “tive” CrossFox. Defeitos da Parati: só tinha 2 portas, bebia mais que o zé cachaça aqui da esquina, carro pelado (nem ar condicionado tinha!), direção DURÁULICA, comportamento estranho, principalmente carregado, campo de visão horroroso, principalmente traseiro.
CrossFox era completão, 1.6, flex, mas que acabamento mequetrefe! Eu me sentia dentro de um Gol batedeira. Plástico, plástico, plástico, plástico. Consumo até que era razoável, mas só. Conforto quase zero! Bancos duros, problemas constantes, principalmente no elevador do vidro dianteiro esquerdo, acionamento dos retrovisores quebrou 3 vezes, problemas de mecânica recorrentes com direito a troca de cabeçote completo. Só desgraça.
Em contrapartida, tive um Del Rey 88 movido a etanol e, apesar de ser pelado como a Parati, me oferecia conforto, tinha bom acabamento, boa estabilidade, apesar de ser molenga na traseira, não consumia tanto quanto a Parati.
Tive também um Xsara Picasso 02, e que me “arrependo” de ter vendido. Completão, não me dava dor de cabeça. Super confortável, espaçoso, relativamente econômico. Uma pena a suspensão não ser acertada para o Brasil e o recorrente problema na capa dos comandos de válvulas, que era de plástico.
Atualmente tenho um Fiesta 2011 que, apesar de ser bem menor que todos os outros que tive, até agora tem sido só alegrias.

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Hélcio B Silva 20 de dezembro de 2021

Eu, como prestador de serviços, fiz alguns serviços na anterior Fábrica Nacional de Motores, que na época, já se chamava Alfa Romeo. Fui gentilmente convidado para percorrer toda a linha de produção do 2300. Havia uma pista de testes, onde os carros eram exigidos ao máximo, antes de seguirem para as lojas. Nosso primeiro campeão de F1 foi contratado para fazer um teste com o 2300. Centenas de câmeras em posição, pensando que haveria um show de pilotagem, mas o que vimos foi um carro rodando até bem devagar. Os comentários maldosos: “Ele entende demais de carros, para se arriscar com um carro desconhecido”.

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Hélcio B Silva 20 de dezembro de 2021

Eu penso que o Fox não deu certo em lugar nenhum. Tenho um 1.0 que bebe mais que eu. A diferença é que eu bebo álcool e ele só aceita gasolina, mesmo que conste como Flex. É o segundo lá em casa. Um exemplo de mau gosto. Se o primeiro não deu certo, como adquirir um segundo? Resposta: Grana curta/pechincha.

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Gomtech 16 de setembro de 2021

Alexandre, sua reportagem mostra bem o grave problema da nossa indústria. Para começar, todos foram feitos por multinacionais, que exploram o nosso mercado com financiamento do estado. Que interesse existe em sustentar uma engenharia aqui, se já existe na matriz? Segundo, nossos projetos/modelos são extremamente “depenados”, se comparados com os concorrentes do exterior. Sequer países da américa latina gostam de carros básicos como os nossos. Veja, não é falta de mão de obra ou competência para execução, ou mesmo custo de fabricação, embora ainda dependemos de insumos cotados em dólar. Qualquer indústria, se não for competitiva globalmente, não se consolida.

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Justman 14 de setembro de 2021

Em 1993 comprei uma Parati. Pensava que com a sua boa aceitação no mercado brasileiro fosse bom para a minha família.
Ledo engano. Se arrependimento matasse…
A minha decepção foi tanta, que nunca mais quis saber de Volkswagen. E olha que depois dela, já comprei seis carros.

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PAULO PIRES OLIVEIR 13 de setembro de 2021

dos 5 carros apenas dois eram manufaturado no BRASIL, O FOX , que participei na manufatura , e a Paraty ,, os 3 outros eram importados a manufatura ,,

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Polvo 13 de setembro de 2021

A Parati, diferentemente do Voyage, só tinha versão 2 portas, por isso não deu certo nos EUA. O Fox, como a própria matéria diz, não tinha preço competitivo na europa. O mercado americano é um caso à parte, pois aparentemente existe uma rejeição aos modelos projetados para mercados emergentes, como é o caso do Ecosport. O Ka na europa não teve boa aceitação, pois já existia o Fiesta que tinha a mesma plataforma, porém com um conjunto superior.

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RICARDO GARCIA MACHADO VIANNA 12 de setembro de 2021

A primeira geração do Ford Ecosport não foi regional. Vendia aqui em Portugal com o nome de Ford Fusion.

AutoPapo
Alexandre Carneiro 13 de setembro de 2021

Olá, Ricardo.
O Fusion europeu e o EcoSport não são exatamente o mesmo veículo: o segundo é, sim, baseado no primeiro, mas traz várias modificações, que envolvem o design exterior, o interior e até a mecânica. Por isso, assim como a própria Ford, nós também os consideramos modelos distintos.
Abraço e obrigado por comentar!

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