Mefistófele: Boris já acelerou esse bólido que parece coisa do diabo

Esse endiabrado carro da Fiat foi projetado há mais de cem anos e, com um inglês ao volante, bateu o recorde mundial de velocidade em 1924, a 235 km por hora

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Por Boris Feldman
Publicado em 04/10/2017 às 08h15
Atualizado em 18/12/2019 às 19h42

Mefistófele é um personagem satânico aliado de Lúcifer. É também essa imensa usina de força sobre rodas com um motor de seis enormes cilindros, 21,7 litros de cilindrada (quase 22 motores de Fiat Mobi enfileirados) com 320 cv de potência. Acelera como um diabo, ronca alto e faz fumaça por onde passa. É também o primeiro, de uma série de modelos clássicos, que conto um pouco da história nessa nova sessão do AutoPapo.

Quando foi construído, em 1908, para competições se chamava Fiat SB4. Até que foi adquirido, em 1922, pelo inglês Ernest Eldridge para tentar bater o recorde mundial de velocidade. Seu motor original (de “apenas” 18 litros de cilindrada) foi substituído pelo A12 da Fiat (aeronáutico), com 21,7 litros e 260 cv de potência. Não contente, o inglês deu-lhe uma “envenenada” para chegar aos 320 cv necessários para empurrar seus 1.800 kg até o recorde batido em 1924, na cidade francesa de Arpajon, a 146,01 milhas por hora (234.97 km/h). E aí virou Mefistófele.

A mecânica é simplória: o freio só atua nas rodas traseiras, que também recebem as duas correntes que cumprem o papel de transmissão. A caixa tem quatro marchas, todas à frente. Não adianta gritar “Vade Retro Satanás” pois ele não tem e engrenagem de ré. O consumo é coerente: 500 metros por litro de gasolina. Isso, é claro, se o motor estiver bem reguladinho. Ao lado do piloto, fora do carro, três alavancas: freio de mão, de mudanças e uma menorzinha que avança o distribuidor. Bomba de gasolina? Não tem. Você chucha um botão no painel e o tanque vai se pressurizando. Motor de arranque? Nem pensar. É no “muque” mesmo, com uma imensa manícula.

Mefistófele

Dirigindo a besta

É inútil tentar explicar a sensação de rodar no Mefistófele. Quando o motor sobe de giro é um verdadeiro inferno (oooops…) o fumacê que vem na cara. O torque é coisa de caminhão e te empurra no encosto como se fosse uma Ferrari V-12. Turbinada…

A pista de Balocco, próxima a Milão, (onde o grupo Fiat testa seus carros) vai ficando pequena para o Mefistófele. Quando ganha velocidade (não tem velocímetro, só o conta-giros que chega aos 1.800 rpm), ele vibra mais do que o motorista e o freio poderia ser batizado de “atenuador de velocidade”. Estabilidade? Nem em linha reta…

Sensação final? Dos diabos!

Mefistófele

Diabo no inferno

A Fiat comprou o Mefistófele de volta em 1962, no interior da Inglaterra. Depois de reformado, ele está exposto em lugar de honra no museu da marca em Turim, o Centro Storico Fiat. O prédio, no centro da cidade, foi a primeira fábrica da empresa, no final do século 19. Onde? Na Via Chiabrera, esquina do Corso Dante Alighieri.

Quer endereço mais adequado para acomodar um diabo do que na rua que leva o nome do autor da Divina Comédia, cuja primeira parte chama “O Inferno”?

Veja também: Boris dirigindo a Kombi do futuro e outros vídeos no nosso canal do Youtube

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