Angra, Ascona e até Pinto: 5 nomes de carros que as montadoras tiveram ‘medo’ de usar

Em determinados casos, o fabricante simplesmente rebatizou o produto, mas alguns termos polêmicos acabaram sendo mantidos

ford pinto emblema foto Shutterstock
Emblema do Ford Pinto: nome designa uma raça de cavalos (Shutterstock)
Por Alexandre Carneiro
Publicado em 22/11/2020 às 08h29
Atualizado em 11/08/2022 às 16h26

Os nomes são tão importantes para o sucesso comercial dos carros quanto o preço, a mecânica, o acabamento ou qualquer aspecto técnico. Quase sempre, os fabricantes escolhem palavras curtas, com pronúncia fácil e sonoridade agradável. Mas essa tarefa não é tão simples quanto parece: eventualmente, determinados termos permitem trocadilhos infames ou associações indesejáveis.

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Esse tipo de situação pode ocorrer, por exemplo, com carros cujos nomes foram escolhidos no exterior. Em outras línguas, a alcunha até funciona bem, mas torna-se desastrosa diante da cultura local. Vale lembrar que gozações podem ser extremamente danosas para a imagem de produtos. Afinal, ninguém quer pagar caro pelo automóvel dos sonhos para, em seguida, virar alvo de chacota.

O AutoPapo enumerou 5 carros cujos nomes foram considerados “polêmicos” pelos fabricantes. Todos os casos citados ocorreram no mercado brasileiro: alguns foram simplesmente descartados, enquanto outros, mesmo diante de temores, acabaram sendo escolhidos. Confira o listão!

1. Ford cogitou batizar o Corcel como… Pinto!

ford corcel gt amarelo de frente
Pinto era um compacto da Ford vendido na América do Norte, mas o nome Corcel acabou prevalecendo

Sim, é verdade! Mas não pelo motivo que você está pensando. Na década de 1960, a Ford estava utilizando nomes relacionados a cavalos para batizar carros. Mustang, por exemplo, é um tipo de equino selvagem. Por sua vez, Pinto é uma raça dessa espécie, caracterizada pela pelagem malhada. O termo Corcel, aliás, também não foge à temática dos cavalos.

A Ford chegou a utilizar o nome Pinto em um compacto de entrada vendido na América do Norte, que acabou sendo protagonista de um dos recalls mais controvertidos da história. Em colisões traseiras, o tanque de combustível do modelo simplesmente se rompia, provocando incêndios.

Antes desse escândalo vir à tona, porém, a matriz da Ford, nos Estados Unidos, cogitou a utilização de tal nome também no modelo nacional. Foi a filial brasileira que demoveu a cúpula da multinacional dessa ideia, por razões óbvias. No fim das contas, foi escolhido Corcel, por sugestão do publicitário e jornalista Mauro Salles, que trabalhava para a empresa na época.

2. Volkswagen Parati quase foi chamada de Angra

volkswagen parati g1 de frente
Volkswagen preferiu batizar a perua de Parati para evitar associações com as usinas nucleares de Angra dos Reis

A perua compacta da Volkswagen, baseada no Gol, estava destinada a receber o nome de uma cidade do litoral fluminense. Porém, em vez de Parati, o fabricante pensou, inicialmente, em homenagear o município vizinho de Angra dos Reis.

O que acabou fazendo a Volkswagen desistir de chamar a peruinha de Angra foram as controvérsias envolvendo as centrais de energia nuclear construídas naquela localidade. A primeira usina começou a operar em 1982, exatamente no ano em que a Parati foi lançada. As obras, então, já se arrastavam por mais de uma década e eram alvo de críticas de moradores e ambientalistas.

Além do mais, a Volkswagen temeu que o produto tivesse o nome associado a alguma tragédia. Já pensou se ocorresse um acidente nuclear em Angra dos Reis? Diante de todos esses pontos contra, o fabricante não teve dúvidas em optar por Parati.

3. Chevrolet optou pelo nome Monza após desistir de utilizar Ascona

chevrolet monza classic 1986 com pintura bicolor de frente
Fabricante constatou que o nome do similar alemão, Ascona, remete à palavra asco: por isso, optou por Monza

O Projeto J, que deu origem ao Monza, foi desenvolvido para ser global. Os carros teriam alterações de estilo e nomes específicos para diferentes mercados, mas o modelo nacional era praticamente idêntico ao similar alemão, conhecido como Opel Ascona. O caminho mais lógico para a subsidiária brasileira, portanto, seria manter a mesma alcunha utilizada na Europa.

Em princípio, a intenção da Chevrolet era realmente a de batizar o modelo como Ascona também no Brasil. Entretanto, esse plano foi alterado quando o departamento de marketing detectou que, por aqui, tal nome poderia ser associado à palavra asco (sinônimo de nojo). Escolheu-se, então, Monza, que remete a uma cidade italiana onde há uma famosa pista de corridas.

Curiosamente, a General Motors (GM) utilizou o nome Monza em veículos sem qualquer similaridade técnica, fabricados em países e períodos distintos. São “xarás” do modelo brasileiro um hatch de entrada de origem estadunidense e um luxuoso cupê fabricado na Europa, ambos lançados durante a década de 1970. Recentemente, essa insígnia passou a ser utilizada em um sedã vendido na China.

4. Chevrolet temeu associação do nome Astra a assentos sanitários

chevrolet astra gls hatch 1999 prata de frente
Apesar dos receios, nome Astra foi mantido e não atrapalhou o desempenho comercial do modelo

Outro nome que a Chevrolet teve medo de usar no Brasil foi Astra. É que, por aqui, ele designa uma empresa que fabrica, entre outros artigos, assentos para vasos sanitários. Será que o público poderia associar o veículo médio a esse acessório utilizado em íntimos momentos fisiológicos?

A Chevrolet concluiu que a resposta para essa pergunta seria “não”. Em 1994, começou a importar o modelo da Bélgica para o Brasil sem qualquer mudança no nome. Depois de quatro anos, a geração seguinte foi nacionalizada e manteve a identidade.

A decisão do fabricante parece ter sido acertada, uma vez que o Astra não sofreu qualquer tipo de rejeição no mercado. Muito pelo contrário: o modelo nacional, em especial, liderou o segmento de hatches médios durante anos.

5. Chana virou Changan para se fortalecer no mercado

nomes de carros chana van
Marca Chana logo virou alvo de piadinhas

A marca com o nome mais infame a vender automóveis no Brasil foi, certamente, a Chana. Trata-se da primeira fabricante de veículos chinesa a desembarcar no país, em 2006, pelas mãos da importadora Districar. Na época, a designação com um óbvio duplo sentido instantaneamente virou alvo de piadas.

Não chega a causar surpresa que apenas 5 anos mais tarde, em 2011, essa identidade tenha sido alterada. Em vez de Chana, a marca passou a se chamar Changan. O importador admitiu que a mudança tinha o objetivo de fortalecer a imagem da empresa, mas ressaltou que o antigo nome tinha boa aceitação junto aos consumidores. Aham, tá bom…

Talvez porque o termo Chana já fosse excêntrico demais, os carros da marca tinham nomes bem menos inspirados, como Utility e Pick-Up. O batismo ocorria em função do tipo de carroceria: vale lembrar que a gama era composta por pequenos veículos comerciais.

Fotos: Divulgação

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20 Comentários
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REGIS C FERREIRA 21 de julho de 2021

Imagine uma colisão frontal do Ford Pinto com o utilitário Chana.

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Romildo 27 de novembro de 2020

Conheço um cara que tem ums chana. Usei varias vezes a chana dele.

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Gilmar Curvelo 22 de novembro de 2020

Frank nstein…a reportagem é sobre carros e olha só o que o imbecil vem falar…Meu Deus…degradante…Espero nunca encontrar um tipo desses pessoalmente…

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Eduardo Baltazar dos Santos* 22 de novembro de 2020

Vale lembrar que Pajero na Argentina é Montero. Lá Pajero é palavrão.

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Paula tejano 22 de novembro de 2020

Faltou o Picasso, punto, Moréia e afins

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Thomas Turbano 22 de novembro de 2020

Faltou também o Picasso. (Imagine a frase: quer uma carona no meu picasso?)
Punto, Moréia, etc…

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Lucas 22 de novembro de 2020

Não comentaram da xana! No Paraguay a nossa frontier tem o nome de xana!

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Lucas 22 de novembro de 2020

Me enganei. Eh navara!

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Leandro Costa Quirino 22 de novembro de 2020

Quero denunciar o comentário do Frank, que ofendeu nordestinos em seus comentários !

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Administrador 22 de novembro de 2020

Recebemos sua denuncia e iremos averiguar junto a polícia federal

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Frank 22 de novembro de 2020

Esses tupiniquins da terra do carniça-vermelho ( + da medad da populaçao = paraibas ) levam tudo pra gozaçao, brincadeira, zueira, pornografia, vagabundagem, safadeza . . . . No caso do Ford Pinto esse carrinho foi batizado nos USA ( verdad q era uma droga ), mas aqui ficaram ~envergonhados~ d utilizar esse nome, enquanto a globoLIXO usa cenas e palavras super piores pra sua novelinhas e NINGUEM reclama……. essa baianada nao tem jeito mesmo ….

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Leandro 22 de novembro de 2020

Especialmente num país de pessoas mal informadas e estúpidas como vc que não respeitam nossos irmãos do Nordeste…gente honesta e trabalhadora que deveria ser valorizada pelo seu esforço em ter construído São Paulo e o Brasil !

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Sergio 22 de novembro de 2020

Infelizmente, gentilicos à parte, o Frank disse uma grande verdade. Não há quem seja mais malicioso que os brasileiros…

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Hélio Jam 22 de novembro de 2020

Bravas palavras as suas.

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Rodolfo 22 de novembro de 2020

Caro Leandro,
É por essas e outras que cada vez menos dá vontade de escrever na internet. As pessoas confundem liberdade de expressão com liberdade de ofensa. Por fim, mas não menos importante, a melhor resposta para a ofensa é o silêncio.
Abraços,

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Ferreiram 22 de novembro de 2020

Esse Frank gosta de Pinto veiudo e cabecudo.

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Rodolfo 22 de novembro de 2020

Por falar em nomes complicados de carro tem o “Chana”:
– Modelo: Cargo;
– Tipo: Picape;
– Motor: 1.0-L;
– Potência: 50 cv;
– Desing: feio que da dó;
– Aceleração de 0 a 100 km/h: 99 segundos (conforme site Carros na Web)

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Rafael 22 de novembro de 2020

Vc não leu a matéria inteira né?um dos últimos que fala e dos veículos chana..

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Rodolfo 22 de novembro de 2020

De fato, na hora que escrevi só li a manchete, mas depois li tudo.

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Carlos 23 de novembro de 2020

Vai usar o carro para grande prêmio ou garga.

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