Porque a Yamaha sempre vende menos do que a Honda? Veja os motivos

Mesmo sendo duas marcas japonesas muito confiáveis e que chegaram aqui nas mesma época, a Honda detém mais de 70% de todo o mercado

yamaha x honda motos portal
A Honda tem 70% do mercado, quanto a Yamaha apenas 12% (Foto: AutoPapo | Ernani Abrahão)
Por Lucas Silvério
Publicado em 03/07/2024 às 09h02
Atualizado em 03/07/2024 às 11h13

Quando se fala em mercado de duas rodas, existe uma rivalidade popular que é inegável: Honda versus Yamaha. Essas duas japonesas chegaram ao Brasil no início dos anos 1970, praticamente juntas, e ao longo dos anos cada uma conquistou a sua legião de fãs, afinal são as duas maiores comerciantes de motos do Brasil há décadas. Porém, a marca da asa vermelha supera em muito o número de vendas da azulzinha dos três diapasões. E você sabe o por que disso?

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A Yamaha RD 50 foi a primeira moto fabricada no Brasil (Foto: Yamaha | Divulgação)

Cravar uma resposta concreta para mais de 50 anos de história, mercado e rivalidade seria muita ousadia, porém tem muitas coisas que explicam toda essa jornada da Honda e da Yamaha.

Honda x Yamaha: a chegada das japonesas no Brasil

A Yamaha chegou ao Brasil em 1970 e em 1974 fabricou sua primeira motocicleta em território nacional, a RD 50, um modelo simples para os dias de hoje, mas que foi revolucionário naqueles tempos. Já a Honda iniciou suas atividades um pouco depois, chegando ao país em 1971 e fazendo sua primeira moto por aqui em 1976.

Entretanto, mesmo atrasada em relação à concorrente, a Honda começou acertando. Isso por que até suas motos importadas (desde 1971) já contavam com a tecnologia do motor 4 tempos, tipos que são usados até hoje de forma majoritária na indústria automobilística. A C110 foi a primeira a ser importada pela marca e está cinquentinha já contava com essa motorização.

A grande questão era que na época não havia motos desta capacidade – que inclusive pela lei da época podiam ser pilotadas por menores de idade sem habilitação – com motores 4 tempos. Todas eram 2 tempos – incluindo a RD 50 da Yamaha.

Nada contra os motores 2 tempos, estes foram usados por muitas décadas pela indústria, porém dois pontos eram o faziam muito negativos em relação aos novos que a Honda trazia: eram muito barulhentos e soltavam muita fumaça.

  • O óleo lubrificante dos motores 2 tempos era adicionado junto ao combustível e então ele queimava diretamente no escapamento, assim a fumaça branca com cheiro de queimado era constante.
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A C110 foi a primeira moto da Honda no Brasil, ainda importada (Foto: Honda | Divulgação)

O motor mais silencioso e com menos emissão de fumaça fez  Honda ser vista de uma forma mais positiva no mercado da época, levando as graças do povo. O especialista consultor automotivo e CEO da Mobiauto, Sant Clair Castro Jr., também se apoia na ideia de que a estratégia de implantação de cada uma destas marcas é o grande fator para o resultado de popularidade que temos hoje.

Há motivos históricos que ajudam a explicar essa vantagem da Honda. Um deles, que data de décadas passadas, está relacionado à linha de produtos e o tipo de tecnologia adotados pela Honda no início de sua produção no Brasil, concentrando-se nos modelos 125 com motor 4 tempos. A Yamaha preferiu motores 2 tempos (RD 50), que eram eficientes e tinham manutenção simples. Mas não forneciam a mesma confiabilidade, durabilidade e o baixo consumo da Honda.”, aponta Castro Jr.

Democratização das motos 

Além de trazer um produto mais moderno, silencioso e menos poluente, a Honda se deu melhor que a Yamaha em seu sistema de consórcios. Desta vez chegando na frente, a vermelhinha começou seu sistema de consórcios de motos em 1981, um ano antes que a Yamaha que só foi entrar nessa em 1982.

Expansão das lojas Honda

Decorrente de toda essa melhor largada que a Honda teve, não teve jeito e a marca conseguiu crescer muito mais que a Yamaha no Brasil. Segundo as assessorias de cada uma das japonesas, a Honda hoje é literalmente duas vezes maior que a Yamaha no quesito número de lojas concessionárias e/ou assistências autorizadas. São 1.119 pontos de comercialização Honda, enquanto a Yamaha tem 559 lojistas espalhados pelo país.

  • Estes números explicam a brincadeira popular que diz que peça de Honda se acha até na padaria.

O que se viu a seguir foi consequência desse primeiro passo. A Honda era mais bem vista e isso se traduzia em vendas. E mais vendas se transformaram em mais concessionárias. Resultado: hoje, em um momento em que ambas produzem motos com tecnologias semelhantes, a rede autorizada Honda possui mais de 1.000 pontos de vendas no país contra menos de 600 da Yamaha. Por este motivo a vantagem da Honda persiste até hoje.”, finaliza o CEO Sant Clair Castro Jr..

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A Yamaha Ténéré 700 foi o ultimo lançamento da marca no Brasil (Foto: AutoPapo | Lucas Silvério)

Números do mercado atual

Toda essa história ao longo dos mais de 50 anos da  Honda e da Yamaha pode ser traduzida em números de emplacamento. Há anos a Honda é líder absoluta no mercado de motocicletas brasileiro.

Desde o início dos anos 2000 a Honda segue dominando cerca de 70% de todo o mercado, transitando algumas vezes na casa dos 60%, e mais ainda nos 80%. Em contrapartida a Yamaha segue como vice quase absoluta tendo apenas cerca de 12% do mercado durante todo este período.

  • Em 2022 a Yamaha deu um salto significativo em seus números, alcançando 18% do mercado, mas no ano seguinte ela voltou a sua média de sempre.
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No mesmo dia que a Ténéré, a Honda XR 300L tornado ganhou os holofotes como lançamento (Foto: AutoPapo | Lucas Silvério)

Honda x Yamaha: expectativa de crescimento da marca dos três diapasões 

Como dito no início, cravar algo é muito ousado e claro que a Yamaha pode se tornar líder do segmento algum dia. Porém isso exigiria muito investimento e tempo para que o brasileiro migrasse de uma marca para a outra.

Toda a história da Honda que chegou com um produto melhor, explorou mais as ofertas para o cidadão e expandiu muito mais seu negócio, certamente vai dar trabalho para ser superada.

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25 Comentários
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Diego 5 de julho de 2024

Prefiro Yamaha.

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É iêu 5 de julho de 2024

Quer comparar, compra uma CG hora, coloca três botijões de gás nela e põe pra regaço no dia a dia. E faz o mesmo com uma “FAZER Yamaha”, e verás qual aguenta mais regaço. Fora isso peça cara da Yamaha, pra comprar só por encomenda dependendo do que vai precisar. Enfim, não desfazendo da marca, são motos macias, pouco barulhenta, e funciona bem pra passeios e viagens e idas e vindas do trabalho. Mas são caras para manter se usada igual a uma Honda. Por isso ganhou o mercado. A Honda soube ler o mercado que queria conquistar, que se trata majoritáriamente de pessoas trabalhadora. Já a Yamaha pensou que o local era só festa e balada. Vai vender, mas não vai dominar!

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Reginaldo 5 de julho de 2024

Não é bem assim não. A honda tinha um contrato de 30 anos de exclusividade na fabricação de motor 4 tempos , ou seja as concorrentes não podiam fazer motor de 4 tempos

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Mario 5 de julho de 2024

Bom, na verdade a Honda vende muito mais que Yamaha e é esmagadora a diferença em números nas vendas e isso se dá ao fato de a Honda ter muito mais concessionárias do que a Yamaha, andando Brasil a fora de moto, em todos bairro tem uma oficina Honda, em toda cidade ou distrito tem uma concessionária Honda ou seja como se diz o ditado popular se acha peça em toda esquina e a pronta entrega para fazer a manutenção enquanto a gama de concessionária da Yamaha é muito menos e as peças boa parte tem que fazer pedido, pagar e esperar chegar, e ainda coloque a venda uma Fan e uma YBR no mesmo dia e pelo mesmo valor e veja em quanto tempo se vende elas.

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Edson Porto 5 de julho de 2024

Muita conversa fiada e desinformação.
As pessoas compram o que podem e acreditam.
Cada um puxa para o seu próprio lado.
Ter Honda ou Yamaha tanto faz. De todo jeito o cara se ferra.
Vou resumir: Tudo vai depender de quem usa e cuida do produto.
Para motos até 160cc:
Honda: peças mais baratas, facilidade de encontrar peças, requer mais manutenção, motor dura menos, embreagem pouco durável, motor mais ruidoso.
Yamaha: peças caras, dificuldade de encontrar peças, mais durável porém mais cara pra fazer uma retifica por ex., motor mais silencioso.
Teve um tempo q a Yamaha tava queimando o módulo, o que gerou muito transtorno. Tavam cobrando 2k num módulo.
Cg e ybr são motos de trampo de muita gente.
Independente de qual você tem cuide bem e terá moto pra trabalhar e ganhar dinheiro por muito tempo.
Todas são roubadas então não as deixe em qualquer lugar ou longe de seu alcance.
Boa sorte a todos e felicidades!

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Italo Luiz Daneluzzi 4 de julho de 2024

Enquanto a Yamaha não mudar sua postura de vendas de peças a preços competitivos está diferença de vendas das motos permanecerá. Tenho uma Yamaha e o preço das peças é um verdadeiro Absurdo. E a maioria das peças na concessionária tem que pagar deixar encomendado nos prazos que eles determinam. Total falta de respeito a nos seus clientes. Acorda Yamaha todo mundo sabe muito bem está história toda.

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Vicente Neto 4 de julho de 2024

Você não contou a história completa. Na época dos governos militares havia a tal da reserva de mercado a pretexto de proteger a indústria nacional. A Yamaha chegou antes da Honda e se instalou em Guarulhos – SP, depois veio a Honda o governo estava abrindo a zona franca de Manaus, dando todo tipo de incentivo pra quisesse ali se instalar, a Honda muito esperta pediu ao governo exclusividade na produção e uso de motores 04 tempos até 350cc por 50 anos, ganhou 25 anos . Nesse período chegaram a mais de 90% de participação no mercado de motocicleta de baixa cilindrada. Só em 1998 acabou essa exclusividade e em 1999 a Yamaha pode lançar no Brasil seu primeiro motor 04 tempos de baixa cilindrada. Por isso se explica liderança.

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Victor Hugo Pinheiro Cunha 4 de julho de 2024

No Brasil. Se brinde mais. Então é porque não presta. O povo que gosta de comprar porcaria cara só pela propaganda. E sim a Honda faz muita propaganda. Aí o brasileiro consumista alienado vai lá e compra srm pesquisar.

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Marinaldopmelo@hotmail.com 4 de julho de 2024

Eu já tive várias Honda mais depois que passei pra fazer 250 mudei de opinião , possui uma 2014 usei por 10 anos comprei uma agira recente uma 2024 (Fazer 250 FZ 25) não quero outra moto, moto excelente durável um tanque de guerra

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Milson 4 de julho de 2024

Marketing, o máximo de ponto de apoio e revendas possíveis, tudo isso faz a diferença e trás tranquilidade pra quem compra embora nem sempre isso significa que o produto seja o melhor.

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Marcus 4 de julho de 2024

Seria interessante, saber em quanto esses números são maiores, pois eu creio que após o lançamento da tenere600, a Yamaha deu um “salto” na concepção de qualidade no Brasil.

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Milson 4 de julho de 2024

Verdade Marcus,a Yamaha tem excelentes produtos a XT, YBR,a Lander a fazer 250 etc.

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Paulo henrique Guedes 4 de julho de 2024

Numca tive moto nrm sei andar mais quem.eu conheço que conhece de motos tenho dois amigos mecânicos de motos yamaha sempre foi melhor em termo de durabilidade. Seu tivesse de ter uma a primeira moto ia de yamaha. Peças são caras pelo o que falam mais já lie que a qualidade de peças são melhores que a Honda e a construção da moto Tb.

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Ricardo 3 de julho de 2024

Honda da pra fazer um fuçadão, a Yamaha não… Kkk Honda anda até 70 mm sem abri bloco, Yamaha 4mm quebra tá aí a minha opinião sobre as duas kkkkkkkkk

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Aí vc acordou do sonho né, de que a honda dura mais. 4 de julho de 2024

Kkkk

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Sérgio 3 de julho de 2024

Honda virou símbolo de motoboy
Yamaha aventura.
Pena que tiraram a XT 660
Podiam deixar a mesma aparência mas com umas gotas de tecnologia
Bateria até a Áfrican

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Sérgio 3 de julho de 2024

Por muito tempo também só comprava Honda
Mas hoje as motos da Yamaha estão muito melhor
Me diga para quem conhece moto
Já andou em uma Lander
Pode ser até às primeiras
O motor e tão bom que não mudou até hoje

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Fabio 4 de julho de 2024

Concordo

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Paulo 3 de julho de 2024

Creio que quem escreveu essa matéria não esteja muito bem informado. Tenho 60 anos e a história que conheço é que: houve um acordo de gaveta entre as 2 montadoras em que a yamaha não investiria em motocicletas no Brasil por 30 anos, em troca, apenas a yamaha ficaria com o mercado de motores de barcos, equipamentos de som, etc. Por isso a Honda teve o domínio nas motos por tanto tempo no Brasil. Quando acabou o acordo, a yamaha surgiu com a ybr 125cc, excelente moto quatro tempos e ótima economia, e já com tecnologia. Fatos esses que se mantém até hoje, qualquer moto da yanaha é mais econômica e durável que a Honda.

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Graco Mariz 3 de julho de 2024

A Honda sempre investiu mais em campanhas de marketing. No final dos anos 60, o sócio de Soichiro Honda, Fujisawa, entrou nos EUA com a estratégia da ‘moto família’ em uma época em que se viam motociclistas como quase bandidos, com grupos bem organizados, como os ‘Hell’s Angels’. Aconteceu também no Brasil, onde ninguém menos que Pelé, no auge de sua fama, foi o garoto propaganda da marca da asa. Neste foco a Yamaha ‘dormiu’ no ponto, talvez confiante na qualidade de seus produtos, conhecidos mundialmente por sua confiabilidade e durabilidade, enquanto as Honda adquiriram fama de motos melidrosas e frágeis, com exceção de alguns modelos.

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Alberto Felicio 3 de julho de 2024

Só compra honda quem nunca teve Yamaha.
Anda numa XT seja ela qual for, aí sim da pra iniciar uma conversa.

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Carlos 3 de julho de 2024

Honda é igual carro da wolkswagen. É ruim, ninguém gosta, é caro pra caramba, não tem tecnologia nenhuma, mas todo mundo compra. Seja pela revenda, fácil manutenção, ou sei lá…

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Anderson 4 de julho de 2024

Top gostei.

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Denilson Antunes Rodrigues 3 de julho de 2024

a Honda vende mais porque,o brasileiro gosta de modinha, Yamaha, Suzuki, Kawasaki são excelentes motos, pra mim superior a Honda.

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Francisco de Assis da Silva Oliveira 3 de julho de 2024

Talvez seja o caso de ele perder muito o valor na hora de revender por que as motos usadas Yamaha cai muito o valor na hora de vender em comparação as motos Honda

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