Carro do Faustão: JAC J3 ficou popular por seu garoto-propaganda

JAC contratou apresentador Fausto Silva a preço de ouro para lançamento do J3 que consolidou as marcas chineses no Brasil

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JAC J3 e J3 Turim tiveram protagonismo na ascensão das marcas chinesas no Brasil (Fotos: JAC Motors | Divulgação)
Por Marcelo Jabulas
Publicado em 30/07/2024 às 08h03

Lançado no segundo semestre de 2011, o JAC J3 marcou a chegada pesada das marchas chinesas no mercado brasileiro. Até aquele momento, a participação das fabricantes mandarins era tímida e a qualidade dos modelos eram contestáveis.

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A JAC Motors foi a aposta do empresário Sergio Habib, que já tinha tido êxito com a representação da Citroën. Bom de argumentos, Habib cravou que a marca era uma das melhores apostas entre as chinesas.

Carro do Faustão

Mas para vender seu novo carro, ele sabia que não bastava sua boa oratória. Era necessário um nome de peso. Assim (com o perdão do trocadilho), Habib contratou ninguém menos que Fausto Silva. Não demorou para o modelo se tornar o “carro do Faustão”

O apresentador do Domingão do Faustão era uma das figuras mais populares da televisão. Ele esteve presencialmente na apresentação do carro no interior de São Paulo.

A aposta de Habib foi pesada. Ele mesmo afirmou que o preço do cachê do Faustão foi mais caro que contratar o galã George Clooney. “Pensei em trazer o Clooney que custaria 1/3 do valor do Fausto”, afirmou o empresário em entrevista ao jornalista João Anacleto.

Galãs do cinema são bons vendedores. Brad Pitt teve papel crucial na campanha do Toyota Corolla, tanto que até hoje a nona geração do sedã, é conhecida como Corolla Brad Pitt.

Mas a escolha foi certeira. Uma coisa é colocar um bonitão para falar de um sedã de alto valor agregado. Para um modelo de apelo popular, tinha que ser um personagem capaz de se comunicar com grandes massas. Habib conta que Faustão deu uma volta entre os carros e de primeira mandou o texto (que ele fez de cabeça) com 27 segundos cravados. Parafraseando o próprio: “quem sabe faz ao vivo.”

O JAC J3

O J3 chegou ao mercado no segundo semestre de 2011. O compacto foi oferecido com duas opções de carroceria: hatchback e sedã (que se chamava J3 Turin).

Tanto o hatch quanto o sedã eram equipados com motor 1.4 de 108 cv e 14,1 kgfm de torque, combinado com transmissão manual de cinco marchas. Com 3,97 m de comprimento e 2,40 m de entre-eixos, o J3 tinha medidas semelhantes aos seus rivais diretos, como VW Gol, Fiat Palio e Renault Sandero.

Mas o que chamava atenção era o pacote de conteúdos. Com preço de R$ 37.900, o J3 já vinha de série com freios ABS e duplo airbag, itens que só se tornariam obrigatórios três anos depois.

jac j3 preto frente parado
O J3 foi desenhado pelo estúdio italiano Pininfarina, que foi mencionado pelo próprio Faustão para descrever o carro

A cesta de conteúdos ainda contava com direção hidráulica, ar-condicionado, volante com ajuste de altura, rádio com CD e USB, retrovisores e vidros elétricos nas quatro portas, assim como alarme, trava central das portas e sensor de estacionamento. Rodas de liga leve de 15 polegadas e faróis de neblina completavam o conjunto.  O pacote era o mesmo para o sedã Turim, que era vendido por R$ 39.900.

Em 2014 a JAC atualizou o J3. O modelo passou por leve reestilização nos para-choques e grade, assim como as lanternas. O painel também ficou mais moderno, apesar de manter praticamente os mesmos conteúdos.

Mas a principal novidade foi a adoção do motor 1.5 flex de 127 cv e 15,7 kgfm que deu mais fôlego ao modelo. O ganho de vigor se fazia necessário uma vez que novos concorrentes entraram na jogada, como Chevrolet Onix, Hyundai HB20 e Toyota Etios.

Efeito JAC

Logo de largada, a JAC passou a receber muitos pedidos. Existia um consenso de que o Faustão não vincularia sua reputação em um carro ruim. Sergio Habib que já tinha dezenas de pontos com bandeira Citroën passou a trabalhar com a marca JAC. Em 2011, com apenas quatro meses, o hatch vendeu nada menos que 12.805 unidades, segundo a Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave). O carro do Faustão era a bola da vez.

O volume total nos primeiros meses de vendas foi de 23.747 unidades, que correspondiam a 0,7% de participação de mercado. Número superior aos anotados pela Chery (21.680) e pela marca de utilitários Hafei (16.723).

JAC J3 INTERIOR PAINEL QUADRO DE INSTRUMENTOS
Pacote de conteúdos do J3 era farto e trazia itens que não eram comuns nos compactos da época como duplo airbag e freios ABS

O desempenho do J3 assustou a Anfavea, que foi bater na porta do governo e exigir medidas protecionistas. A resposta veio em janeiro de 2012 com o programa Inovar-Auto que concedia incentivos para marcas instaladas ou que se propusessem a se instalar no país.

Assim, importadoras como JAC, Kia, BMW, Land Rover passaram a contar com uma cota de importação de 4.800 unidades sem sobretaxa de 30 pontos percentuais sobre o IPI. Na época do lançamento, a JAC anunciou a construção de uma fábrica em Camaçari (BA), antes mesmo da criação do Inovar-Auto. Mas a planta nunca ficou pronta e ainda hoje ela opera como importadora.

O J3 ficou em linha até 2017, ajudou a sedimentar o caminho das chinesas. Marcas como Lifan e Chery pegaram carona com a boa aceitação da JAC e também muito em função do aval de Fausto Silva. Certamente se Habib tivesse chamado o galã de Hollywood as histórias do J3, o carro do Faustão, e da própria JAC poderiam ter sido bem diferentes por aqui.

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