Governo quer aumentar etanol na gasolina para 30%, e isso é RUIM para VOCÊ!

Segundo Ministro de Minas e Energia, será feito um estudo para avaliar a viabilidade para a mudança no teor do combustível derivado da cana

gasolina no brasil
Mistura é típica do mercado brasileiro (Arte: Ernani Abrahão | AutoPapo)
Por AutoPapo
Publicado em 28/04/2023 às 20h03

O governo federal estuda aumentar o percentual do etanol na gasolina: passar dos atuais 27% para 30%. O anúncio foi feito pelo Ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, nesta sexta-feira (28). A proposta será discutida na próxima reunião do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), em data a ser definida.

“Vamos trabalhar para aumentar o teor de etanol na gasolina para 30%. Isso deverá acontecer, de maneira gradual com previsibilidade e transparência. Vamos fazer, junto com a indústria automotiva e o setor produtivo de etanol, essa avaliação técnica para dar segurança aos consumidores”, disse Silveira durante a abertura da Safra Mineira de Açúcar e Etanol.

A última vez em que alteraram o percentual de etanol na gasolina foi em 2015, quando passou de 25% para os atuais 27%. Apenas a gasolina premium (como a BR Podium) manteve 25%. Desde 1993, a quantidade de etanol adicionado a gasolina variou de 20% a 27%.

Segundo dados do site ClubPetro, as variações ocorreram nos seguintes anos:

  • Março de 1993 – 22% (Lei N° 8.723)
  • Maio de 1998 – 24% (Decreto N° 2.607)
  • Agosto de 2000 – 20% (Decreto Nº 3.552)
  • Maio de 2001 – 22% (Decreto Nº 3.824)
  • Fevereiro de 2006 – 20% (Resolução CIMA Nº 35)
  • Junho de 2007 – 25% (Resolução CIMA Nº 37)

Etanol da gasolina tem água?

O etanol utilizado na mistura com a gasolina é do tipo anidro. Já o etanol hidratado, o oferecido nas bombas tem um percentual de água, que vai de 6% a 7%. Isso nos postos honestos, pois vira e mexe descobre-se um excesso de hidratação e seu tanque acaba recebendo álcool com mais de 10% de água.

Gasolina com mais etanol: qual o risco para o motor?

Para os motores flex, que estão no mercado brasileiro desde 2003, não há qualquer risco em aumentar a quantiade de etanol na gasolina, já que seus motores estão preparados para rodar com até 100% de etanol.

Para os motores mais antigos, movidos a gasolina, tem risco, pois o etanol pode atacar componentes que não estão preparados para o combustível derivado da cana.

O consumo do seu carro vai aumentar!

A principal desvantagem para o motorista, até mesmo nos carros flex, é o aumento do consumo de combustível ao abastecer com a gasolina com 30% de etanol. Devido ao menor poder calorífico do álcool, o consumo do seu carro irá aumentar.

  • Vale destacar também que, cada vez menos, a tabela de consumo divulgado pelo Inmetro de pelas próprias montadoras valerá menos: todos os testes são feitos usando o chamado E22, ou seja gasolina com 22% de etanol.
  • Além disso, os brasileiros estão pagando por gasolina e levando cada vez mais etanol no tanque, sem que o valor do combustível seja revisado para baixo.

Pressão dos produtores

O aumento do etanol na gasolina é mais uma vez no qual o governo está cedendo à pressão dos produtores. O governo já autorizou outra mudança que será prejudicial aos motoristas, o aumento da porcentagem do biodiesel ao diesel: 12% este ano – para até 15% em 2026, o que causará graves prejuízos aos proprietários de veículos e máquinas movidas pelo óleo: geradores a diesel, presentes em hospitais, por exemplo, e que ficam longos períodos inativos serão os mais afetados, podendo não funcionar em momentos críticos.

  • Quando o diesel chegou ao B13, isto é 13% de biodiesel, há dois anos, foi um festival de motores enguiçados, tanques, bombas, bicos e injetores entupidos. Pois o biodiesel provoca a formação de borra, o que é uma pena, porque ele é um combustível limpo, feito a partir de vegetais.
  • A ANP (agência reguladora de combustíveis no Brasil) declara que aumentou o nível de exigências para o B12, mas nenhum teste foi realizado para comprovar a eficácia das medidas.

Novo carro popular pode ser movido a etanol

Segundo estudos divulgados pela Stellantis, no Brasil, um carro movido apelas pelo álcool é menos poluente do que um carro elétrico.

Na comparação, foram utilizadas metodologia e tecnologia de conectividade desenvolvidas pela Bosch, que consideram não apenas a emissão de CO2 associada à propulsão, mas as emissões correspondentes a todo o ciclo de geração e consumo da energia utilizada. É o conceito ‘do poço à roda’ (well-to-wheel) ou ‘do campo à roda’, no caso dos biocombustíveis.

A Anfavea (associação das montadoras) e o governo federal discutem um possível retorno do carro popular. E uma das propostas que está na mesa é que, para ter algum benefício fiscal, esse veículo teria que ser um “carro verde”: ele seria movido 100% a etanol.

A medida seria tomada já que, no país, 70% dos consumidores usam gasolina em seus carros, contra apenas 30% que escolhem o etanol.

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10 Comentários
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Ramon 9 de agosto de 2023

Isso é crime. Além de poluir mais (considere todas as emissões, não apenas o CO2), vamos gastar mais e perder mais.
Outro ponto é a informação falsa divulgada nos postos de combustíveis. Esse produto não é gasolina, é gasohol (gasolina + etanol) e traz vários prejuízos aos motores à gasolina, que são obrigados a operar fora de suas especificações de projeto, no entanto os Procons nada fazem para proteger a nós, consumidores. Além disso, a pegada hídrica da cana é muito maior que a da gasolina, ou seja, para produzir álcool se consome muito mais água do que para produzir gasolina (cerca de 300x). Se álcool fosse um bom negócio no cenário atual, quem tem carro flex (que por si só já é um mal negócio) abasteceria com álcool. Prejuízo pra muitos, lucro pra poucos. Mais um sintoma desse câncer chamado corrupção…

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Eduardo Cres Mei 6 de maio de 2023

Bom dia, tem como separar o etanol que vêm na gasolina para depois usar a gasolina pura. ( colocar em um tanque e aguardar os dois produtos decantar)

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HAF 5 de maio de 2023

A ‘Gasolula’ já tem ate 60% de etanol na pratica pelos postos, chama a fiscalização e veras o que te digo… ou ate mais…. difícil é encontrar um posto que venda a percentagem correta! E a pergunta que não quer calar? O barbudo não enchia o saco com preço dos combustíveis altos? Só que com ele só faz AUMENTAR ainda mais! Hipócrita Rubro! Faz o ‘L’ cambada!

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Don Corleone 5 de maio de 2023

Poderiam sim, estudar s viabilidade de aumentar o percentual, mas deixar opção com menos etanol, para quem assim o preferir…

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Waslon 2 de maio de 2023

Depois vão dizer que o preço da gasolina (batizada a 30%) baixou.

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Dilvo 1 de maio de 2023

Na vdd não é comentário e sim dúvida. Qual vai ser a consequência para motores exclusivos a gasolina produzidos no exterior, como o do Bronco Sport?

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marco aurelio cunha 29 de abril de 2023

fazer o L vão carroças pro inferno etanol

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Lauro 29 de abril de 2023

É só fazer o L, o amor venceu!

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Santiago 28 de abril de 2023

Lembrando que os atuais motores-flex são, na verdade, motores originalmente a gasolina – adaptados para aceitarem também o etanol. Daí o consumo do etanol ser menos eficiente nesses motores, obviamente afugentando consumidores.
Para que o etanol deslanche devidamente, será necessário um efetivo desenvolvimento de tecnologias bem mais eficientes em rendimento e desempenho a partir desse combustível – sejam hibridas ou a combustão.
Porém apenas aumentar a mistura na gasolina, deixando que somente os produtores de etanol continuem a “dar as cartas”, só manterá o etanol eternamente no limbo.

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Jo 28 de abril de 2023

Motores antigos como meu chevelho e a maioria das motos, velhas ou novas

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