Limite de velocidade maior não diminui infrações, mas aumenta risco de morte

Motoristas "se adaptam" ao novo padrão e seguem ultrapassando o limite estabelecido para a via; 10 km/h a mais podem ser determinantes em acidentes

honda crv destruido apos teste de velocidade e impacto
Estudo norte-americano avaliou o aumento do risco de lesões em acidentes de carro de acordo com a velocidade (Foto: AAA | Divulgação)
Por AutoPapo
Publicado em 09/02/2021 às 19h10

É comum observarmos motoristas reclamando das velocidades máximas estabelecidas para as vias. Em alguns casos, o governo cede à pressão popular e aumenta o limite de velocidade de ruas e estradas. Acontece que foi constatado em um estudo norte-americano que a maior tolerância não diminui o número de infrações. A quantidade de mortes, ao contrário, cresce junto da velocidade.

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A Associação Automobilística Americana (AAA) está fazendo uma campanha contra o aumento das tolerâncias, já que ficou comprovado que os motoristas ainda excederão o limite de velocidade e que velocidades um pouco maiores são suficientes para aumentar o risco de ferimentos graves ou morte.

Para chegar à conclusão de que o imite de velocidade maior aumenta os riscos de acidentes e mortes, um estudo foi desenvolvido pela AAA em conjunto com a Humanética e o Instituto de Seguros para Segurança Rodoviária (IIHS). O trio bateu três crossovers 2010 Honda CR-V EX em três limites diferentes.

O modelo foi selecionado porque obteve a classificação máxima no teste de sobreposição frontal moderada do IIHS e representa a idade média do veículo nos EUA de 11,8 anos.

As colisões foram realizadas a 64, 80 e 90 km/h e, conforme as velocidades aumentavam, “os pesquisadores descobriram mais danos estruturais e forças maiores em todo o corpo dos dummies”.

Embora isso não seja muito surpreendente, a AAA notou que o acidente a 64 km/h resultou em uma intrusão mínima na cabine. A 80 km/h, o impacto causou “deformação perceptível na abertura da porta do lado do motorista, painel e área dos pés”.

airbags de honda crv abertos em cima de dummie em teste de impacto e velocidade

Embora um aumento de 10 km/h não pareça muito, o acidente a 90 km/h “comprometeu significativamente” o interior do CR-V e os sensores do dummy de teste de colisão indicaram lesões graves no pescoço, bem como um probabilidade de fraturas ósseas na parte inferior da perna.

Além disso, a 80 e 90 km/h, a cabeça do manequim se chocou contra o volante, apesar do airbag disparar. As medições indicaram que isso causou um “alto risco de fraturas faciais e lesões cerebrais graves”.

De acordo com o presidente do IIHS, Dr. David Harkey, em entrevista ao Carscoops, “os carros estão mais seguros do que nunca, mas ninguém descobriu como fazê-los desafiar as leis da física”. O especialista acrescentou:

Quanto mais rápido um motorista está indo antes de um acidente, menos provável é que ele consiga reduzir a uma velocidade de sobrevivência, mesmo que tenha a chance de frear antes do impacto.

Em vez de aumentar os limites de velocidade, os legisladores podem adotar “contramedidas comprovadas” para impedir o excesso de velocidade, como fiscalização de alta visibilidade e câmeras de velocidade. O diretor de defesa e pesquisa de segurança no trânsito da AAA, Jake Nelson, também observou que as mudanças na infraestrutura podem ser usadas para “acalmar o fluxo de tráfego de forma adequada para que os limites de velocidade publicados sejam seguidos”.

Enquanto várias pessoas gostariam de ter limites de velocidade mais altos, um estudo do IIHS de 2019 sugeriu que o aumento dos limites de velocidade custou quase 37.000 vidas em 25 anos.

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5 Comentários
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Wesley 21 de julho de 2021

A solução é limitar a velocidade dos carros a 10 km/h, assim ninguém morre… mas uma vez um estudo idiota culpando a velocidade. Se fosse assim, os índices de acidentes com mortes na Alemanha seriam muito maiores do que os índices das marginais de São Paulo com aqueles limites vergonhosos.

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Felipe 4 de março de 2021

Alguns sempre vão abusar, qualquer que seja a velocidade permitida… Esse tipo de atitude nunca vai acabar… O que precisa ser feito é adotar a chamada velocidade natural da via, aquela em que você se sente seguro e sem preocupação de ter de dar um toque no freio toda hora para não levar multa. E essa velocidade natural varia entre 10 e 20 km/h a mais do que é adotado em todas as vias… O que mata não é a velocidade, é a imperícia e negligência de grande parte dos motoristas brasileiros que foram aprovados nos testes dos DETRANs. O que dizer de um teste que se você passar a terceira marcha é reprovado ?

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Alberto 9 de fevereiro de 2021

O problema são os irresponsáveis,que não respeitam limite nenhum.
Basta assistir alguns canais de YouTube,muitos motoristas testando seus carros nas marginais,AV 23 de Maio , etc

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Andre Rocha 10 de fevereiro de 2021

Exatamente. Não é porque o velocímetro do veículo marca 250km/h que eu tenho que andar naquela velocidade. Mas também tem os culpados veículos lentos. Aqui mesmo na Rod. Pres Dutra rigorosa e diariamente tem algum imbecil andando a 80 na faixa de rolamento da esquerda, e tendo a faixa da direita completamente livre e desimpedida, que é onde ele deveria andar. Outra situação corriqueira, e que já reclamei muito, é com motociclista que anda em cima da linha tracejada na estrada. A gente buzina, pisca farol, pra ver se o cara se manca que ele tá atrapalhando o trânsito e colocando a própria vida em risco, e ele não sai não! Já colei do lado de uns 3 ou 4 e reclamei que o lugar dele não era ali, e ainda acharam ruim! São os donos da estrada!

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Wesley 21 de julho de 2021

Mas moto foi feita pra andar entre os carros mesmo, se for pra ocupar o mesmo espaço de um carro é melhor andar de carro… Como os freios delas são bem fracos, é um risco enorme ficar andando atrás dos carros. Estudos já revelaram que a moto apresenta a maior segurança trafegando entre as faixas (ou seja, em cima da linha tracejada), com velocidade um pouco acima da dos carros (por exemplo, carros a 60 e motos a 70).

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