Andrea Moda: a história da equipe BANIDA da Fórmula 1

Em um tempo que era bem mais fácil fazer parte de um campeonato de Fórmula 1, a Andrea Moda se figurou como o pior time da história do esporte

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Equipe sofria com sérios problemas de planejamento (Foto: Reprodução)
Por Bernardo Castro
Publicado em 24/06/2023 às 11h02

A Fórmula 1 passa por um momento turbulento entre as equipes, em que a Andretti – renomado time com tradição no automobilismo americano – tenta compor o grid da categoria, mas tem sido frequentemente barrado devido a questões financeiras que poderiam prejudicar o bolso das demais escuderias que já atuam no certame.

No entanto, em uma época mais distante, no final dos anos 1980 e 1990, para ser mais específico, bastava ter grana e um carro que cumpria o regulamento, que você estava dentro do esporte. Foi nesse cenário que a Andrea Moda, possivelmente a pior equipe que já passou pela categoria, surgiu e acabou sucumbindo.

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A equipe chegou a perder quase todos os patrocínios no GP da Alemanha (Foto: Reprodução)

A equipe pertencia a Andrea Sassetti, empresário dono de casas noturnas na Itália e de uma fabricante de sapatos masculinos. Sassetti viu na F1 uma oportunidade de alavancar os seus negócios, e, comprou o que sobrou da capenga equipe Coloni, para disputar o Mundial em 1992.

Já na primeira etapa do ano, em Kyalami, na África do Sul, a Andrea Moda já enfrentou problemas sérios, uma vez que se negava a pagar os US$ 100 mil de taxa de entrada de nova equipe à Associação dos Construtores (Foca). O dono da empreitada alegava que havia comprado a Coloni e seus carros, e, por isso, não se tratava de uma nova integrante. A desculpa, obviamente, não colou, e foram excluídos da primeira corrida do ano.

A ‘corrida’ sem carro no México

Andrea se viu obrigado a pagar a taxa, e se preparava para a segunda prova do ano, no México. Para isso, anunciou que contaria com um chassi desenhado pela Sintek para a temporada de 1990. O carro, no entanto, não ficou pronto a tempo do GP, os pilotos Alex Caffi e Enrico Bertaggia não puderam competir, e, imediatamente pularam fora do barco.

Sassetti, no entanto, alegou que havia demitido a sua dupla.

Mais problemas envolvendo a Andrea Moda na F1

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Quebrar o carro depois de andar 18 metros foi um dos maiores feitos da Andrea Moda (Foto: Reprodução)

A escuderia voltou a ter incontáveis problemas ao longo do ano, antes de ser banida de vez antes do fim da temporada, e é possível fazer uma lista com os mais ‘icônicos’.

  • No GP do Brasil, apenas um dos carros preparados pela Sintek havia ficado ‘pronto’. Na verdade, ele precisou ser finalizado em uma oficina que ficava próximo do autódromo de Interlagos. O bólido, no entanto, era uma tragédia, e o brasileiro Roberto Pupo Moreno não conseguiu passa da pré-classificação, pois anotou o tempo de 1m38s569 com aquele ‘caminhão’, 22 segundos pior do que a marca da pole de Nigel Mansell.
  • No GP da Espanha os dois carros finalmente estavam prontos, mas o papelão foi ainda maior. Perry McCarthy, o outro piloto escolhido pela Andrea Moda finalmente recebeu a sua superlicença e conseguiu o direito de pilotar em um fim de semana oficial. O sonho, no entanto, durou pouquíssimo, uma vez que o carro quebrou 18m após deixar a garagem para a pré-classificação. Moreno também não participou da corrida pois sofreu uma quebra no motor.
  • Na Itália, no GP de San Marino, Bertaggia tentou recuperar sua vaga, e ofereceu US$ 1 milhão em patrocínio para ocupar o assento no lugar de McCarthy. A FIA, no entanto, impediu a troca em uma clara retaliação ao que aconteceu na África do Sul. Sassetti, então, passou a boicotar o piloto inglês, como forma de fazê-lo desistir do posto e pedir demissão.
  • Em Montreal, no Canadá, a picaretagem da Andrea Moda agiu mais uma vez. Sassetti deu um calote na Judd para o fornecimento dos motores V10, a equipe ficou sem propulsores para o GP. A saída foi pegar uma unidade emprestada com a Brabham e só Moreno participou da pré-classificação – sem sucesso.
  • Outras trapalhadas aconteceram antes do fim definitivo, como os carros ficarem preso em um engarrafamento na França, impedindo a participação no GP, e até mandar McCarthy para a pista seca calçado com pneus de chuva. O fim da história aconteceu na Bélgica.
  • Na 12ª etapa do ano Andrea Sassetti foi preso por falsificar notas fiscais de peças de automóveis, e, antes disso, Perry McCarthy sofreu um acidente na perigosa curva Eau Rouge. Embora não tenha se machucado, soube-se que o acidente foi causado por uma barra de direção quebrada, que outrora estava no carro de Moreno. Isso foi o estopim, e a Andrea Moda foi expulsa da Fórmula 1.
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