[Avaliação] Ford Ranger Limited é bruta sem ser rústica

Versão top de linha da picape tem como trunfos os equipamentos eletrônicos de auxílio à direção e o acabamento interno

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Por Alexandre Carneiro
Publicado em 05/02/2020 às 18h43

Picapes, há algum tempo, deixaram de ser veículos rústicos. Veja só a Ford Ranger: a versão Limited traz sistemas de reconhecimento de sinais de trânsito, de permanência em faixa e de frenagem autônoma com detecção de pedestres (que atua entre 5 km/h e 80 km/h), além de faróis baixos de xênon com luz de rodagem diurna de LED e farol alto automático. Por enquanto, ela é a única do segmento a disponibilizar tais itens.

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O interior da picape também não é nem um pouco rústico. Nada ali é novo, mas o painel já havia passado por uma reformulação na linha 2017. O padrão de acabamento é o ponto alto, com encaixes perfeitos e boas combinações de cores e texturas. Os plásticos de revestimento são sempre duros, como é comum em caminhonetes, mas transmitem qualidade. As quatro portas exibem porções estofadas.

É verdade, porém, que a Ford Ranger Limited não escapa de alguns inconvenientes típicos de caminhonetes. A começar pela coluna de direção, que tem somente ajuste de altura. Já o banco de trás tem assento muito baixo e encosto excessivamente vertical, provocando desconforto nos passageiros. Por outro lado, há um apoio de braço central. Além disso, os cinco ocupantes contam com cintos de três pontos e encostos de cabeça.

No mais, tudo certo a bordo. Os bancos dianteiros apoiam bem o corpo, sendo que o do motorista tem ajustes elétricos. O volante tem empunhadura perfeita e os comandos estão corretamente posicionados. O painel com duas telas digitais configuráveis é vistoso e completo. Porém, a visualização seria melhor com velocímetro digital e conta-giros analógico, configuração exatamente oposta à adotada pela Ford.

Mecânica conhecida com suspensão aperfeiçoada

Outro ponto no qual a Ford Ranger perdeu rusticidade é na suspensão. O fabricante adotou novos coxins, buchas, barra estabilizadora, molas e amortecedores. Para quem já dirigiu as versões mais antigas, é nítido que o rodar ficou significativamente mais suave. A estabilidade (ufa!) não foi comprometida: o comportamento em curvas está acima da média da categoria, ainda que mantenha as limitações comuns às picapes.

As novidades não vão muito além disso. Visualmente, há apenas uma nova grade. Tecnicamente, a Ford Ranger Limited manteve o motor 3.2 turbodiesel de cinco cilindros. Em capacidade cúbica, é o maior propulsor da categoria. Nem por isso é o mais potente: com 200 cv, empata com o 2.8 de quatro pistões da S10. O líder é o V6 da Amarok, que tem 200 cm³ a menos, mas rende 225 cv.

Já o torque, de 47,9 kgfm, é inferior ao das duas concorrentes citadas. Veja bem: não que o motor 3.2 da Ford Ranger seja fraco, muito pelo contrário. O que ocorre é que, para fazer jus à cilindrada, deveria desenvolver números maiores. De qualquer modo, ninguém vai reclamar de desempenho. Elástico e com funcionamento “liso”, ele move as mais de 2 toneladas da caminhonete com muita desenvoltura.

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Além do mais, a unidade está bem-casada com o câmbio automático de seis marchas. A transmissão trabalha de maneira ágil e confortável e ainda conta com modo esportivo. Ela pode ainda ser operada sequencialmente, com toques na alavanca.

Ford Ranger é boa de direção, mas poderia beber menos

A direção, que tem assistência elétrica, revela ótima calibração. Leve em manobras e firme em alta velocidade, ela tem boa comunicação com o motorista. Os freios utilizam discos ventilados na dianteira e tambores na traseira. Embora esse sistema, que costuma ser padrão em picapes, mostre-se bem-dimensionado para a Ford Ranger, poderiam existir discos nos dois eixos.

Já o consumo revelou-se alto. Nas aferições do AutoPapo, a Ford Ranger Limited não passou de 10,6 km/l na estrada e de 7,2 km/l na cidade. Ainda assim, o tanque de combustível de 80 litros proporciona boa autonomia de até 848 km. Nossos números foram inferiores aos informados pelo Inmetro no ciclo urbano, mas superiores no rodoviário. O Programa de Etiquetagem Veicular informa 8,6 km/l e 9,9 km/l, respectivamente.

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No pesado, ela vai bem

A Ford Ranger Limited oferece muitos recursos para uso off-road. A começar pela tração 4×4 com reduzida, acionada por um seletor no console. No asfalto, é possível desativar os sistemas e manter apenas as rodas raseiras motrizes. Há também bloqueio do diferencial traseiro e controlador de velocidade em descidas. A capacidade de imersão é de 800 mm: segundo o fabricante: trata-se da maior da categoria.

A reportagem submeteu a picape a um percurso off-road, com direito a uma subida de terra fofa, impossível para veículos convencionais. Com a tração 4×4 acionada, a Ford Ranger superou o obstáculo sem qualquer dificuldade. Já a boa altura do solo, de 23,2 cm, manteve a caminhonete livre de esbarrões contra o solo.

Também há bons recursos para transportar carga. O mais interessante é o controle adaptativo que identifica certas características do carregamento ajusta os assistentes eletrônicos para garantir maior controle. O peso máximo admitido é de 1.009 kg.

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A caçamba tem 1.180 litros e traz protetor e ganchos de amarração de série. Uma bossa é o mecanismo com molas para abrir e fechar a tampa com menos esforço, que a deixou muito leve. Não há, porém, capota marítima, o que destoa especialmente na versão top de linha.

Equipamentos

Entre os equipamentos, além dos já citados assistentes eletrônicos, vale destacar os sete airbags (frontais, laterais, de cortina e para os joelhos do motorista). O pacote de segurança inclui ainda controles eletrônicos de tração, estabilidade e anticapotagem, assistente de partida em rampas e ganchos Isofix para cadeirinhas.

A versão Limited traz ainda chave presencial com partida do motor por botão, bancos em couro, sensor de chuva, sistema de navegação e monitoramento da pressão dos pneus, sensores de estacionamento dianteiros e traseiros, câmera de ré e faróis com acendimento automático.

A central multimídia é a conhecida Sync 3, que a Ford aplica a vários veículos. Tem tela tátil de 8 polegadas e comando por voz para acessar aplicativos em smartphones, além de duas entradas USB. O item é acrescido de chamada de emergência em caso de acidente.

Ford Ranger Limited custa R$ 192.790

A Ford Ranger Limited tem preço sugerido de R$ 192.790. Não há opcionais: o único item vendido à parte é a pintura metálica. O preço está longe de ser baixo, mas torna-se competitivo diante das versões top de linha de outras picapes, que superam a barreira dos R$ 200 mil. Esse fator, somado ao bom pacote de equipamentos, faz do modelo uma opção bastante interessante no segmento.

A Ford oferece garantia de cinco anos para todas as versões da Ranger. As revisões são feitas a cada 10 mil quilômetros ou 1 ano (o que ocorrer primeiro) e têm preços tabelados até os 100 mil quilômetros. As mais barata custa R$ 559; a mais cara chega a R$ 1.620.

Ficha técnica Ford Ranger Limited
Motor Dianteiro, longitudinal, cinco cilindros em linha, 20 válvulas, 3.198 cm³ de cilindrada, a diesel com injeção direta e turbocompressor
Potência 200 cv a 3.000 rpm
Torque  47,9 kgfm entre 1.750 e 2.500 rpm
Transmissão câmbio automático de seis marchas, tração 4×4 e reduzida com acionamento eletrônico
Suspensão dianteira independente com braços sobrepostos; traseira com eixo rígido e feixes de molas semi-elípticas
Rodas e pneus em liga leve, 8 x 18 pol; 265/60 R18
Freios discos ventilados na dianteira e tambores na traseira, com ABS
Direção pinhão e cremalheira, com assistência elétrica; diâmetro de giro de 12,2 m
Dimensões 5,354 m de comprimento; 1,860 m de largura; 1,848 m de altura; 3,220 m de distância entre-eixos
Medidas off-road Ângulo de ataque, 28 graus; ângulo de saída, 28 graus; ângulo de rampa, 45 graus; altura do solo, 23,2 cm; capacidade de imersão, 80 cm
Peso 2.261 kg
Tanque de combustível 80 litros
Carga útil 1.009 kg
Caçamba 1.180 litros

Fotos Alexandre Carneiro | AutoPapo

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2 Comentários
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JOSIAS 16 de abril de 2021

Nem Ranger, nem S10. Dois motores vagabundos que só dão dor de cabeça.
A Ford já tem motores mais modernos lá fora, mas como não está nem aí com o Brasil, o que já provou abandonando funcionários, concessionárias e fornecedores, o que esperar desse lixo?

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Alves 6 de dezembro de 2020

3.2 da ford na pratica dura mais que o da 2.8 Gm( muito problema no mangote do turbo). GM subiu demais a compressao do turbo na S10 para 3Bars… Para alcancar os 200cavalos. Durabilidade pro espaco…

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