Relembre 5 carros que se tornaram ‘inelegíveis’ para o consumidor

Legislações e influência política podem fazer que as montadoras mudem seus planos e tirem de linha algum carro que faça sucesso

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Leis de segurança colocaram um fim na produção do Mille (Foto: Fiat | Divulgação)
Por Eduardo Rodrigues
Publicado em 02/07/2023 às 09h02

O sucesso de um carro em certo mercado é determinado pelo público, porém, por motivos de legislação  ou determinação legal, alguns modelos se tornam “inelegíveis” para o consumidor. Se o carro será adaptado para atender a esses requisitos, ou ser banido, depende dos cálculos feitos pelo fabricantes.

A recente mudança de normas de emissões no Brasil, com a chegada do Proconve PL7, foi um exemplo disso. Alguns motores veteranos se despediram do mercado, enquanto outros foram atualizados para poluir menos.

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Esse fenômeno não ocorre apenas no Brasil, conforme veremos na lista de carros banidos a seguir.

1. Volkswagen Kombi

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A Volkswagen cogitou melhorar a segurança da Kombi, mas considerou inviável (Foto: Volkswagen | Divulgação)

Por mais de 50 anos, a Volkswagen Kombi foi sinônimo de van no Brasil — mesmo que em alguns lugares ela era chamada de “perua”. Nos anos 90, ela recebeu injeção eletrônica para atender às normas de emissões.

Em 2006, quando era inviável fazer que o antigo motor boxer refrigerado a ar atendesse às novas normas, a Kombi ganhou o EA111 1.4 que era usado pelo Fox de exportação. Mas a obrigatoriedade do airbag e do ABS em 2014 marcou o fim definitivo da velha senhora.

A Volkswagen chegou a considerar a instalação desses equipamentos, mas seriam necessárias mudanças muito grandes ao veículo. O custo não compensava, o que colocou fim na Kombi. A marca ainda tentou fazer lobby junto ao governo para tentar isentá-la dos equipamentos, mas não teve sucesso. Ela pode ter sido banida do mercado, mas ainda está muito presente nas ruas do Brasil.

2. Toyota Corolla

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As vendas do Corolla foram suspensas em Minas Gerais até que o recall fosse feito (Foto: Toyota | Divulgação)

Em abril de 2010, o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) proibiu as vendas do Toyota Corolla no estado. O motivo foram os casos de aceleração repentina, que também foram denunciados.

O caso chegou na esfera federal, com o Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor dando o ultimado: se a Toyota não fizesse um recall, o Corolla seria banido do Brasil. O montadora acatou e fez a ação, pondo fim nos casos de aceleração repentina.

3. Fiat Mille

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A troca da coluna de direção fez que a instalação do airbag fosse inviável no Mille (Foto: Fiat | Divulgação)

Assim como a Kombi, o Fiat Mille foi vítima da obrigação dos airbags e ABS no Brasil. Até a chegada dos chineses, ele era o carro mais barato do Brasil e muitos acreditam que é um sucessor indireto do Fusca, devido a sua robustez e valentia.

O Uno produzido no Brasil já teve airbags em versões de exportação, no mercado interno existiu essa opção no furgão Fiorino. Isso foi antes de 2002, quando a Fiat adotou a coluna de direção do Palio para reduzir custos.

Se o airbag fosse adotado, não iria proteger o motorista adequadamente, pois essa coluna de direção é mais longa e deixava o volante apontado para cima. Adotar o equipamento de segurança exigiria muitas alterações, o que tornou a ideia inviável. No seu lugar veio o Mobi, um subcompacto derivado da segunda geração do Uno — e equipado com duplo airbag.

4. Ford Falcon GTHO Phase IV

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O governo australiano estava com medo dos carros de passeio capazes de atingir 250 km/h (Foto: Wikimedia)

Esse carro com nome longo tinha tudo para marcar a história do automobilismo, mas foi banido. O regulamento do campeonato de turismo australiano exigia que os carros de corrida fossem próximos dos carros de rua. Por isso, as montadoras faziam modelos de produção cada vez mais rápidos para poder ganhar nas pistas.

O Ford Falcon dominou esse competição no início dos anos 70, chegando ao ponto da versão GTHO Phase III ser o sedã mais rápido do mundo. Ele trazia um motor V8 5.8 com cerca de 380 cv, acelerava de 0 a 100 km/h em 6,9 segundos e atingia 228 km/h.

Seu sucessor, baseado em uma nova geração do Falcon, foi chamado de Phase IV e estava praticamente pronto para ser lançado. Ele teria mais de 400 cv e passaria de 250 km/h. Mas foi banido junto de carros similares da Holden e da Chrysler devido a pressão política.

Como a Austrália possuía algumas rodovias sem limite de velocidade, o ministro dos transportes de um estado ficou preocupar com a velocidade que esses carros poderiam atingir. Outros ministros se juntaram nessa tentativa de banir os carros velozes.

A situação foi resolvida quando a federação australiana de automobilismo mudou as regras do campeonato, permitindo mais modificações aos carros. A Ford produziu apenas quatro unidades do Falcon GTHO Phase IV e cancelou o modelo para evitar problemas com o governo.

5. Ford Crown Victoria

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A Ford já queria fechar a fábrica do Crown Victoria e aproveitou a exigência do controle de estabilidade para isso (Foto: Ford | Divulgação)

Todo país possui seus carros cujas vendas parecem ser focadas apenas para frotas governamentais. Hoje temos no Brasil o caso do Chevrolet Spin, que é usado por prefeituras e pela polícia, no Japão havia o Toyota Comfort e nos EUA esse papel era do Ford Crown Victoria.

Esse foi o último sedã com chassi separado da carroceria e descendente direto do Ford Galaxie, que foi feito no Brasil. O motor V8 não era eficiente, mas compensava isso na confiabilidade.

A legislação dos EUA tornou o controle de estabilidade obrigatório para os carros modelo 2012. A Ford optou por não atualizar o Crown Victoria, pois já estava nos planos da marca fechar a fábrica que fazia esse sedã. Não houve cerimônia nem despedida.

Bonus: Lotus Omega

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Políticos tentaram banir o Lotus Omega por causa dos bandidos que roubavam o modelo para cometer crimes (Foto: Lotus | Divulgação)

O Chevrolet Omega marcou época no Brasil pelo avanço tecnológico que marcou em nossa indústria: era um sedã grande com especificações similares a de um BMW, porém produzido no Brasil.

Na Europa esse segmento não era novidade, a Ford competia com o Scorpio, a Citroën tinha o XM, a Peugeot fazia o 605 e outras marcas generalistas possuíam carros executivos similares. O Omega só ficou famoso após a Lotus transformá-lo no sedã mais rápido do mundo.

Entre 1990 e 1992 foram feitas 950 unidades do Lotus Omega (ou Carlton para os britânicos), todas com motor 3.6 biturbo capaz de produzir 382 cv. A velocidade máxima de 285 km/h chamou a atenção de ladrões.

Na Inglaterra, um Lotus Carlton foi roubado e usado em uma série de invasões e roubos de loja. As viaturas da polícia não conseguia acompanhar o supersedã e ele nunca foi encontrado.

Isso fez que o jornal Daily Mail e a Associação dos Chefes de Polícia criassem uma campanha para banir o carro do país. No final, a campanha não foi para a frente e a Vauxhall (filial britânica da General Motors) pode continuar vendendo o Lotus Carlton.

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