Clássicos do Boris: o norte-americano Lincoln K 1936 Le Baron

Conheça mais detalhes sobre o vencedor do Troféu Roberto Lee, do Brazil Classics, um Lincoln raríssimo e elegante

araxa lincolnh
Por Boris Feldman
Publicado em 16/12/2017 às 08h11
Atualizado em 22/01/2020 às 15h03

O colecionador mineiro Rubio Fernal entregou os pontos e cansou de procurar um cupezão norte-americano da década de 1930. Até receber a ligação de um amigo, que morava nos Estados Unidos, dizendo ter visto o anuncio do carro de seus sonhos, um Lincoln K 1936 Le Baron em – aparentemente – bom estado.

Ele gostou, disse que iria no mês seguinte e que aproveitaria para ver o carro. O amigo respondeu: “Ou você me autoriza a comprá-lo agora ou fica sem ele. É muito raro e duvido que demore muito a mudar de mãos”. Rubio decidiu correr o risco e, dois meses depois, o Lincoln chegou ao Brasil.

Não se arrependeu: o Lincoln K era completamente original, marcava apenas 43 mil milhas no odômetro, pintura (um nobre azul-marinho) só precisando de um “tapa” e toda a mecânica funcionando como um relógio.

Achou nos EUA o tecido original para refazer o revestimento dos bancos, tirou o couro preto da capota e encontrou debaixo, branco, porém manchado, o original com ranhuras. Mandou a amostra e encomendou a um curtume no sul do Brasil um outro idêntico, igualmente ranhurado.

Clássicos do Boris: Lincoln K Le Baron 1936

Perguntado sobre se as peças para reparação foram difíceis de encontrar, ele ri:

Não faço a menor ideia, pois só foi necessário o vidrinho da lanterna que ilumina a placa traseira, mais nada…

E assim ficou pronto o raríssimo Lincoln que ganhou em 2016 o mais prestigiado prêmio do antigomobilismo brasileiro: “Trofeu Roberto Lee”, do Brazil Classics Show de Araxá.

Foi um dificuldade (como sempre…) para o júri decidir a quem conferir a premiação máxima: raro por raro, o Lincoln K 1936 Le Baron enfrentou a duríssima concorrência de um Packard Saoutchic 1931, poucos no mundo, único no Brasil.

A Le Baron era uma encarroçadora norte-americana. A Saoutchic, francesa, ainda mais extravagante e requintada, assinou modelos das mais famosas marcas como Bugatti, Mercedes, Cadillac, Delahaye e Pegaso. Na época, era comum a fabricação de séries especiais por empresas especializadas em carrocerias, tanto nos EUA como na Europa.

Milionários compravam nas fábricas apenas o chassi com toda a mecânica, enviado para os encarroçadores onde se escolhia o design, acabamento interno, acessórios,etc.

O Lincoln K de Rubio recebeu o número 15 de apenas 25 chassis que a Lincoln (divisão de luxo da Ford) forneceu em 1936 para a Le Baron. Tem um raro opcional de época, o compartimento para tacos de golfe com a tampa lateral atrás da porta direita.

Só leva passageiros na frente, pois o “banco da sogra” não carrega parente nenhum: ele se abre normalmente, como porta-malas, só para bagagens. Tem dois estepes montados nos para-lamas e pesa 2.300 kg.

Clássicos do Boris: Lincoln K Le Baron 1936

Motorização e câmbio do Lincoln K 1936

A mecânica do Lincoln K 1936 era excepcional para a época: motorzão V12 com 6.8 litros de cilindrada e 155 cv. O câmbio é manual de três marchas, sem sincronização. Rubio diz que custou até acertar o “tempo” para cambiar sem arranhar.

Seu velocímetro marca até 120 milhas (192 km/h), o que sinaliza um ótimo desempenho com as margens de praxe.

O Lincoln Le Baron era um automóvel tão requintado e com tal desempenho que fez jus ao apelido de “Mercedes 540 wK americano”, alusão aos mais famosos carros da estrela de três pontas do pré-guerra.

Os Lincoln K ganharam rodas estampadas de aço, com aro de 17”, em vez das raiadas que equipavam os Lincoln K até 1935. A série foi produzida de 1930 até 1940.

Na hora de explicar como é dirigir o Le Baron, Rubio é da maior honestidade: “É quase a sensação de estar ao volante de um trator: muito alto, duro e pesado…”

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1 Comentário
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Franco Vieira 18 de dezembro de 2017

Maravilha! Essa coluna tem que ser diária!

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