Ainda Dodge, Rampage teve antecessoras no Brasil: Dakota e D-100

A nova picape nacional vem de uma linhagem que sempre foi marcada por fazer as caminhonetes mais potentes do Brasil

dodge dakota r t cabine estendida modelo americano
A Dakota foi a picape mais potente do Brasil até o lançamento da Rampage (Foto: Dodge | Divulgação)
Por Eduardo Rodrigues
Publicado em 20/06/2023 às 17h02

Antes de ser uma marca independente, a Ram era o nome da linha de caminhonetes grandes da Dodge. Por isso, a nova Rampage faz parte de uma linhagem que já foi produzida no Brasil e também se destacava pela potência.

A Rampage é hoje a picape mais forte produzida no Brasil, graças ao 2.0 turbo à gasolina de 272 cv. Ela tomou o trono que era de sua antecessora: a Dodge Dakota R/T, equipada com motor V8 5.2 de 232 cv.

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Mas antes de falar dessa guerra de potência e números fortes de aceleração, vamos voltar para o ano de 1969. Ano onde o mundo da música foi marcado por Woodstock e a indústria automobilística brasileira recebia produtos norte-americanos da Chrysler.

Dodge D 100, a picape esquecida

A francesa Simca foi comprada pela Chrysler em 1966 em uma tentativa de expandir na Europa. A marca francesa durou por mais três anos no Brasil, mas com os modelos Esplanada e Regente sendo vendidos como Chrysler-Simca.

Em 1969 foi feito o lançamento da marca Dodge no Brasil, que iria fabricar o carro de passeio Dart, a caminhonete D 100 e uma linha de caminhões na fábrica de São Bernardo do Campo (SP). Todos esses veículos haviam uma coisa em comum: o motor V8 de 318 polegadas cúbicas — ou 5.2.

A caminhonete D 100 é o veículo menos conhecido da Dodge no Brasil. Isso pode ser explicado pela vida curta, durou apenas 6 anos em produção e vendeu 2.160 unidades nesse período. O Dart foi feito até 1981 e os caminhões tiveram uma sobrevida que terminou em 1984.

O motor V8 chamava a atenção por ter 198 cv (cerca de 130 cv na medição líquida) de potência bruta, a mais potente de seu tempo. O porém ficava no consumo alto, o que não combinava com o uso racional das picapes na época.

Outro problema da Dodge D 100 era ter freios submensionados para essa força toda. O que completava o desastre dinâmico era a suspensão com eixo rígido e feixe de molas tanto na dianteira quanto na traseira, menos confortável que a suspensão dianteira independente da Chevrolet C14 e da Ford F-100.

A Dodge D 100 foi vendida em duas versões, Standard e Luxo. As mudanças eram em acabamento, como as calotas, grade e para-choques cromados da versão luxo. Poucas sobreviveram, já que boa parte das vendas foram para empresas.

Os caminhões tiveram vida mais longa e utilizavam a mesma cabine da D 100. A Dodge brasileira foi comprada pela Volkswagen Caminhões, que estendeu a produção dos pesados equipados com motor V8 a álcool — e chegou a utilizar esse motor em seus caminhões.

A Dakota chegou na hora certa com os motores errados

A abertura das importações trouxeram para o Brasil o segmento das picapes médias. As grandes Chevrolet e Ford nacionais tinham apelo nas fazendas, mas eram pouco práticas em outros lugares.

Modelos japoneses e a Ford Ranger foram aos poucos criando seu espaço no mercado, mesmo sendo importados. A primeira média nacional foi a Chevrolet S10, que virou um sucesso. Em seguida chegou a Ranger produzida na Argentina.

A Dodge Dakota nacional estreou em 1998, com uma fábrica nova em Campo Largo (PR). Ela tinha porte levemente maior que o das rivais e estreou com opções de cabine simples ou estendida.

As opções de motores eram o quatro cilindros 2.5 de 121 cv ou um V6 3.9 de 177 cv, ambos movidos a gasolina. Nessa época, suas concorrentes já haviam versões com motor turbodiesel e cabine dupla. Por isso, as vendas da Dakota nunca decolaram.

Em 1999 chegou o motor diesel, um 2.5 VM Motori produzido pela Detroit Diesel. Sua potência de 115 cv igualava com a da Ranger, a média diesel mais forte do segmento.

Mesmo com a racionalidade do motor diesel, os prêmios recebidos pela imprensa e outros atributos, as vendas continuaram fracas. No ano 2000 veio uma novidade mudou a imagem da Dodge Dakota: o motor V8.

O 5.2 Magnum era uma evolução do antigo 318 utilizado pela D 100 e pelo Dart. Graças a injeção eletrônica, bielas forjadas, pistões em alumínio e outras melhorias, o V8 passou a produzir 232 cv de potência líquida. Foi a picape mais potente do Brasil até a chegada da Rampage.

Esse propulsor estreou na versão R/T, que era oferecida com cabine simples ou estendida. O câmbio era sempre automático de quatro marchas, basicamente o mesmo conjunto oferecido no Jeep Grand Cherokee.

O visual veio da R/T vendida nos EUA, mas sem a suspensão mais baixa e a opção pelo V8 5.9. Ainda assim, a picape Dodge nacional trazia suspensão mais firme. O motor mais forte passou a equipar também a versão Sport, dando uma alternativa para quem preferia o visual mais clássico com cromados.

O V8 deu uma imagem nova à Dakota, com o apelo para quem gostava desse tipo de motor ou queria desempenho. Mas ele chegou tarde, a produção da Dodge no Brasil estava programada para 2001.

Mesmo com esse fim decretado, a marca finalmente lançou a opção de cabine dupla com todas as opções de motorização. Apenas 1.000 unidades foram produzidas antes da produção ser encerrada.

O fechamento da fábrica no Paraná foi acompanhado do fechamento de cinco outras plantas pelo mundo. A DamilerChrysler estava cortando gastos para poder lucrar mais.

Picape Dodge no Brasil, só importada

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A Dodge Ram importada foi uma aposta que deu certo, a ponto de hoje a marca ter desenvolvido um modelo específico para o Brasil

Após o fechamento da fábrica, a Chrysler passou a trabalhar apenas com carros importados no Brasil. Existiam planos de fazer versões 4×4 da Dakota e nacionalizar o sedã médio Neon na planta de Campo Largo antes de ser fechada.

Em 2005 a Dodge passou a importar do México a grandalhona Ram 2500, para um segmento onde só havia a Ford F-250 nacional. Essa picape precisava de CNH de caminhão devido ao peso bruto total acima de 3.500 kg.

O motor seis cilindros em linha da Cummins era similar ao usado por alguns caminhões, já o câmbio era automático. Na época pareceu uma aposta arriscada trazer uma picape tão nichada, mas acabou dando certo.

A Ram virou uma marca separada da Dodge em 2010. Em 2021 a marca começou sua expansão no Brasil trazendo a 1500 Rebel equipada com motor V8 5.7 Hemi. Em 2022 veio a 3500 para quem precisava de mais capacidade de reboque e a Classic oferecendo motor V8 a preço de Toyota Hilux.

Esses lançamentos foram acompanhados de expansões na rede de concessionárias e investimentos e publicidade. O terreno foi preparado para a Rampage, um projeto nacional e produzido na planta de Goiana (PE).

Ao que tudo indica, a nova picape da Ram terá vida mais longa que as Dodge feitas no Brasil anteriormente. Estreia com um motor 2.0 turbo de 272 cv para quem gosta de desempenho ou o 2.0 turbodiesel que oferece consumo mais baixo. Os próximos capítulos dessa história estão nas mãos dos consumidores.

Fotos: Dodge | Divulgação

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