Elétricos ‘invadem’ a seara das marcas premium e hipercarros

Hipercarros de marcas premium não ficarão imunes à eletrificação; marcas britânicas já estudam como serão seus modelos 100% elétricos

bentley exp
Conceito da Bentley indica futuro eletrificado da marca (Foto: Bentley | Divulgação)
Por Fernando Calmon
Publicado em 01/10/2022 às 09h33

Marcas premium vão migrar de forma rápida para modelos 100% elétricos nos próximos anos. Há algumas razões para isso. Em primeiro lugar o preço alto não constitui obstáculo para os compradores. Em geral são proprietários de três ou quatro carros e no caso de precisarem realizar uma viagem longa, sem planejamento prévio, estarão bem servidos de opções. Além disso o alto desempenho é sempre empolgante com valores de torque e potência elevados e transmitidos às rodas instantaneamente com um motor elétrico em cada eixo. E por que não um motor para cada roda?

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A publicação americana Automotive News listou marcas chamadas de “exóticas” que preparam essa virada em médio prazo, sem assegurar exatamente um cronograma: Rolls-Royce, Bentley, Aston Martin, McLaren (migração seria lenta), Ferrari e Lamborghini (esta ainda daria prioridade aos híbridos plugáveis e sem previsão de uma versão elétrica). A Porsche estaria preparando um crossover elétrico com três fileiras de bancos para sete lugares.

Marcas premium eletrificadas

Carros esporte verdadeiros têm altura de carroceria muito baixa. Como as baterias ficam no assoalho e ainda são volumosas haveria uma mudança no perfil do carro que poderia deixar de agradar a clientela. E o que dizer da ausência do ronco do escapamento dos motores a combustão interna? Pode ser criado artificialmente e ainda ficaria a opção do silêncio com apenas o conhecido “silvo” dos elétricos.

A Bugatti, que o Grupo VW separou e vendeu para a Rimac em sociedade com a Porsche, deve entrar na onda. O exótico motor em formato de W e 16 cilindros seria descontinuado, mas os planos ainda não estão claros. A Bugatti só produz modelos de altíssimo preço, a maioria em séries limitadas.

O primeiro elétrico poderia ser até um SUV (!) ou um GT de quatro portas. Porém, segundo a revista inglesa Autocar, isso foi descartado em favor de um híbrido plugável. A Rimac, fundada por Mate Rimac, é uma fabricante croata de hipercarros elétricos como o Nevera, em pequena série, com sistema próprio de baterias que também fornece para o Aston Martin Valkyrie, o Koenigsegg Regera, o Jaguar E-Type (conceitual) e o Pininfarina Battista.

Argentina cria meta irreal para elétricos

O esforço do governo argentino em dar um norte para diminuir as emissões de gás carbônico (CO2) está em parte centrado em ampliar o uso do gás natural (metano), principalmente em veículos comerciais e ônibus. A frota de automóveis a gás já foi maior porque o país construiu uma grande infraestrutura de abastecimento como incentivo, mas ao longo do tempo as vendas foram caindo. É preciso uma quilometragem rodada por dia relativamente alta para compensar financeiramente, além de discreta perda de potência e torque quando se faz adaptação correta do motor. O peso alto dos cilindros também afeta o desempenho.

A Argentina tem reservas gigantescas de gás natural cuja pegada de carbono é menor do que derivados de petróleo. Veículos representam 14% das emissões totais de CO2, não muito diferente do Brasil que adotou o etanol como alternativa usado diretamente em motores flex ou em mistura com a gasolina. Ainda assim o país vizinho lançou agora um plano de eletrificação para automóveis e veículos comerciais leves para “resguardar as futuras gerações”.

Nada contra esta visão, mas a meta até 2030 parece inviável de cumprir: em apenas oito anos 50% das vendas deverão ser de modelos 100% elétricos. Aí fica difícil. No primeiro semestre deste ano foram vendidos apenas 84 elétricos na Argentina ou 0,04% do total comercializado. No Brasil esta proporção é 10 vezes maior: 0,4%.

Porsche Cayenne Turbo GT é estonteante

Em 2002, quando foi lançado, o SUV da Porsche parecia surreal. Vinte anos depois a marca alemã provou, ano após ano, que estava certa e o Turbo GT é o melhor exemplo. Trata-se de um SUV cupê com desempenho que faz jus ao nome. Vai bem além do que se espera e surpreende os desavisados. Mesmo com 2.220 kg de massa acelera de 0 a 100 km/h em 3,3 s (com o pacote Sport Crono).

porsche cayenne turbo gt 2022 em movimento cinza marcas premium
Referência entre marcas premium, a Porsche lançou Cayenne Turbo GT que conta com V8 de 640 cv (Foto: Porsche | Divulgação)

Motor V8 de 640 cv acompanhado de seu ronco gutural, torque brutal de 86,7 kgf.m, rodas de 22 pol. de diâmetro (dianteiras têm câmber negativo de 0,45 graus), suspensão pneumática com amortecedores adaptativos e barras antirrolagem ativas, saídas de escapamento no centro do para-choque e uso de titânio após o silenciador. Obviamente há desconforto para enfrentar asfalto ruim, mas nas autoestradas de boa qualidade no Estado de São Paulo a precisão de direção e as respostas em curvas de qualquer raio impressionam. A alta capacidade de frenagem sempre é ponto de honra para todos os Porsches e isso se confirma neste Cayenne.

Acabamento interno usa camurça (Alcantara) extensivamente e para onde se olha a qualidade salta aos olhos. O conta-giros fica na posição central do quadro de instrumentos e o volante tem pega exemplar. Atrás há espaço de sobra para dois passageiros com saídas de ar-condicionado individuais controladas por duas telas. No lugar do que seria o terceiro passageiro há um console alto e rígido. Sistema de som Burmester com 20 alto-falantes (1.445 W) e subwoofer ativo (400 W).

O preço acompanha os superlativos: R$ 1.350.000.

Congresso Fenabrave voltou com força

Depois de dois anos de interrupção pela pandemia da covid-19, o Congresso Fenabrave reuniu concessionárias de todo o País na capital paulista. O propósito não se resumiu a abordar as atuais necessidades setoriais, mas antecipar tendências em razão do acelerado processo de mudanças na produção e comercialização de veículos.

Segundo Maurício Andreta Jr., presidente da Fenabrave, há grandes desafios. “Nosso setor é basicamente de empresas familiares, que precisam se manter atualizadas para enfrentar uma concorrência cada vez mais feroz. Contando todos os tipos de veículos, inclusive os de duas rodas, 75% das nossas associadas possuem apenas de um a três pontos de venda. Foram os mais afetados pela pandemia. Os 1.300 grupos atuantes estão reduzidos a 1.000 atualmente”, detalhou.

Palestras do congresso reuniram mais de 2.500 participantes. A área de exposição contou com 50 empresas e cerca de 10.000 visitantes em dois dias. Sinais de resiliência do setor.

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