Etanol ‘destrói’ motor turbo e com injeção direta?

Motores de três cilindros movidos a etanol não são confiáveis? Pesquisei para determinar se é verdade ou mentira

bomba etanol tanque combustivel portal
Biocombustível é alvo de muitas fake news (Foto: Shutterstock)
Por Boris Feldman
Publicado em 13/04/2024 às 09h03

Toda novidade gera controvérsia e reação contrária. No Brasil, discute-se os biocombustíveis: etanol e biodiesel. Ninguém pode ser contrário a queimar um combustível de origem vegetal ao invés do fóssil, do derivado do petróleo.

Mas existem várias sutilezas e detalhes envolvidos neste projeto. E são tantos são os interesses econômicos envolvidos, que fica difícil uma análise técnica imparcial, que realmente aponte reais vantagens e desvantagens. Decisões são orientadas mais pelo lobby que pela técnica. Quando o ministro diz que vai pedir um estudo para a viabilidade de aumentar o teor do etanol na gasolina ou do biodiesel no diesel, pode assinar embaixo que o percentual vai subir.

VEJA TAMBÉM:

No caso do etanol, por exemplo, a internet realmente “dá voz ao idiota” (como disse Umberto Eco) e tem vídeos de pretensos técnicos sem nenhuma formação científica afirmando que ele “destrói” motores. Mostram na tela carros que chegam rebocados com motores danificados “pelo etanol”.

Explicam levianamente serem motores projetados fora do país para queimar só gasolina e somente adaptados aqui para o etanol. E por isso quebram antes de atingir altas quilometragens. Mas se esquecem dos mesmos problemas vitimando motores a gasolina e desconhecem a centena de engenheiros que se dedica ao seu aperfeiçoamento.

Peças em contato com o etanol

Procurei analisar os componentes dos carros flex acusados de abrir o bico se abastecidos com etanol. As fábricas de automóveis e fornecedores de autopeças colocaram à disposição os projetos dos principais dispositivos em contato com o álcool. A começar do sensor de linha, que fica entre o tanque e o motor mais moderno, com turbo e injeção direta.

Depois vem a bomba de alta pressão exigida por estes motores. A sede de válvula foi completamente reformulada para receber o etanol ao invés da gasolina. E, claro, os próprios bicos injetores. Até as velas são outras e recebem níquel e não zinco.

Etanol adulterado

Fui na Bosch, que fabrica, além de outros componentes, bombas e bicos injetores. Sabe o que vi? Bomba de combustível com sinais de iodo. Como assim? Porque o tanque que foi abastecido com etanol estava adulterado com água do mar…

E mais: são vários os casos de carros de locadoras com graves problemas, pois quem os aluga deve devolvê-los com o tanque cheio. E aí, colocam meio a meio de água com etanol, ou completam com xixi e outras malandragens que destroem tudo pela frente. Sempre bem perto da locadora para o carro pelo menos chegar lá.

Nunca vi um relatório de uma destas oficinas que acusam o etanol tendo anexa a análise do combustível no tanque. O etanol tem problemas? Tem. Mas gasolina, gás natural veicular e diesel também. Todos contem hidrocarbonetos que prejudicam, não somente o meio ambiente, mas também os próprios motores. Mas, não existe problema técnico sem solução. Ela pode ser cara e demorada, mas tem.

Solução para a mobilidade

Já existe um consenso de que as soluções limpas para a mobilidade não serão globais, mas diferenciadas de acordo com o potencial de cada região. E a sinalização para a América do Sul indica os biocombustíveis como a melhor alternativa para os derivados do combustível fóssil.

No mundo de hoje, preocupado com o efeito estufa, o Brasil está entre poucos países no mundo com todas as condições favoráveis para incentivar o etanol, fazer dele a principal alternativa energética da mobilidade e ainda exportar esta solução para outos países da região.

Mesmo com meia dúzia de espíritos-de-porco tentando derrubá-lo.

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30 Comentários
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jorge luis bogdanov kussarev .'. 22 de abril de 2024

Penso que o fabricante não se arriscaria a fazer algo que dê problemas em pouco tempo de uso… O desenvolvimento do carro a álcool, nos anos 70 e 80, ensinou bastante coisa a todos, que uma solução meia-boca é dispendiosa e trabalhosa, não compensando o custo posterior.
Tive um Uno 2010/2011 que usei, 4 anos initerruptos, cerca de 150 mil km, somente no álcool, com manutenção preventiva em dia, sem miséria na peça de reposição, somente coisa boa… Revendi o carro com elogio do comprador, pois estava praticamente tão bom como quando era mais novo ! Carro bom é carro com manutenção em dia e em que confiamos !

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Rodolfo 16 de abril de 2024

Pergunta que não quer calar:
“Por que carro flex só faz sucesso praticamente no Brasil?” Se fosse bom mesmo seria líder de venda na Europa.

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Júlio 18 de abril de 2024

De onde tirar etanol em grande volume para o abstecimento de veículos no continente? Se não possuem áreas nem para produção de almentos que atendam à sua demanda, razão porque importam produtos agrícolas de outras regiões.

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Carlos Alberto Ranieri 16 de abril de 2024

Mais uma vantagem do carro elétrico. Sem problemas de combustível adulterado, polêmico etc etc

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Nelson 15 de abril de 2024

Atualmente tenho um HB20 1.0 2020, sempre abastecido desde zero km com Etanol Power da Shell. Zero problemas.

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Paulo Roberto De Chaves 15 de abril de 2024

Bom Dia
Boris
Não sei se tem, por isso minha pergunta: assunto sobre a qualidade e fabricação de pastilhas de freio.

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Polvo 15 de abril de 2024

Olha, sugiro ao Boris que compre um carro com injeção direta e use etanol 100% do tempo durante uns 3 a 4 anos. Acho que só assim, dá pra ter uma experiência prática se realmente o etanol desgasta os componentes de forma mais rápida do que se utilizasse só gasolina.

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Renan Medeiros 15 de abril de 2024

Eu gosto dos comentarios do Boris pois são fundamentados, e sem achismo. Quanto aos que não gostam do comentario do Boris o que os motiva lerem os comentarios dele ? Apenas para botar lenha na fogueira? Increvam-se nas redes do ADG e assistir marketing associado a falácia e sejam felizes.

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Eduardo Pereira 15 de abril de 2024

Depois de 50 anos de utilização de álcool como combustível, de 30 anos do carro com injeção direta a álcool, de 20 anos do motor flex, ainda essa discussão ridícula?
Só pode ser gente querendo polemizar para faturar no YouTube.

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Eduardo Pereira 15 de abril de 2024

Correção:
“…30 anos do carro com injeção eletrônica a álcool…”

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Jaime Dias 14 de abril de 2024

O Etanal quando puro sem os batismos feitos por malandros de donos de postos , pois nesse país impera a lei da malandragem (Gerson) Tirar vantagem em tudo por termos leis ineficientes e fiscalização que funciona na prática daí temos as quebras de motores por combustíveís ⛽️ adulterados. Carros à diesel por exemplo estão tendo problemas com quebr de bicos e bombas devido mistura de Diesel S10 o combustível cria uma cola que fica no fundo do tanque que trava bicos e bombas eu mês já fui vítima disso e só retira esse resíduos com thinnner lavando o tanque combustível..

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Fernando B 14 de abril de 2024

Tenho um Fiesta Rocam 1.6(2014) com 110 mil rodados, se usei gasolina 20 vezes nesses 10 anos. Nada a reclamar

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Waslon 14 de abril de 2024

Quando uso etanol, a partida do meu HR-V fica mais áspera e, além disso, não há economia significativa. Por isso, uso a proporção de 1:20 (1 abastecimento com etanol e 20 com gasolina).

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Paulo.henrique guedes 14 de abril de 2024

Tenho um.hb 20 trabalho com.aplicativo só abasteço com etanol.meu carro numca deu problemas ainda bem. Na gasolina na cidade o consumo é quase o mesmo. Carro é manutenção o problema que andam não dão manutenção de nada. Aí depois diz que carro de 3 cilindros é ruim. Olho sempre nivel.do óleo tudo pra não ficar na mão.

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Andre 14 de abril de 2024

Já foi melhor nas suas opiniões! Desde qdo elogiou motor turbo 3 cilindros caiu no descrédito. Parece coisa patrocinada, assim como agora…. Vc já foi melhor!

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Renan Medeiros 15 de abril de 2024

Discordo de você. Entendo que o Boris tem muito mais conhecimento que muito “mechanico” por ai. Quanto ao 3 cilindros, eu ja tive dois UP´s e não tive problema algum. Segredo? Manutenção em dia e seguindo as especificações do fabricante. Atualmente tenho um Polo GTS e Taos HL e uso alcool e gasolina simultaneamente e não tive problema algum. Eventualmente uso aditivo da AC-DELCO (Flex power) ao invés de usar gasolina aditivida.

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Andre Belo 15 de abril de 2024

Algumas coisas vc faz corretamente, o uso simultâneo de gasolina e álcool ajuda na lubrificação dos componentes pois o q o álcool resseca a gasolina lubrifica. Outro ponto é a utilização de gasolina comum com a aditivacao por sua conta. Enfim, vc já entendeu como funciona…. Mas fica a pergunta: carro 3 cilindros é a saída?

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Rodrigo 15 de abril de 2024

Conheço u proprietário de up! TSI com mais de 320.000km’s somente com manutenções básicas de desgaste num carro (suspensões, filtros, velas, correia, etc…) e uso somente de óleo de 1ª qualidade – Shell Helix H…X8 Professional AV 5W-40 – com zero problemas no motor…sequer “limpezas” de bico e flush’s

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Andre Belo 15 de abril de 2024

Pergunta pra esse seu amigo qual combustível ele sempre usou???

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Luizfernando 13 de abril de 2024

O etanol é o pior combustível que existe eu não coloco no meu carro nem de graça.

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Roberto 13 de abril de 2024

E os carros importados, motores exclusivos à gasolina?
Os americanos por exemplo são motores fabricados para funcionar com gasolina com no máximo 15% de etanol (combustivel E15).
Porque não manter a opção de gasolina mais pura para o proprietário poder utilizar o combustível apropriado para seu carro, mesmo que custe mais caro?
Espírito de porco são os que fazem essas leis irresponsáveis e os idiotas que batem palma.

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Ronaldo 13 de abril de 2024

É Boris esse mecânico que mete o pau no etanol já pegou vários e vários carros com problemas agora será que todos os carros que ele pegou estavam com o etanol modificado ? Nenhum carro usava etanol de qualidade rsrsrs né amigo

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Fernando Alves 13 de abril de 2024

Eu quem diga. Segunda vez que troco os bicos injetores do up tsi, injeção direto, da última vez a bomba de baixa pressão também deu problema. A primeira vez trocou o bico em garantia. A segunda quase 10k entre peças em mão de obra. 1/5 do valor do carro em manutenção de bicos e bombas.

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Rodrigo 15 de abril de 2024

Não sei o que pode estar havendo no seu caso, mas conheço u proprietário de up! TSI com mais de 320.000km’s somente com manutenções básicas de desgaste num carro (suspensões, filtros, velas, correia, etc…) e uso somente de óleo de 1ª qualidade – Shell Helix HX8 Professional AV 5W-40 – com zero problemas no motor…sequer “limpezas” de bico e flush’s…
Até não saberia dizer a preferência/uso de combustível do dono durante essa km, mas como moramos no Sul, acredito que o maior uso seja de gasolina.

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Eduardo Barros 13 de abril de 2024

Há carros que o etanol não é viável. Tenho um Meriva 1.8 Flex, na cidade ela faz 8 km/l na gasolina. No etanol menos de 4,5km/l. Não iso etanol ha uns 4 anos e nem pretendo mais usar.

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Luiz 13 de abril de 2024

Boris acabando com mais uma falácia do ADG. Boris é o cara só fala antes de estudar. Já o outro depende do patrocínio

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Renan Medeiros 15 de abril de 2024

Concordo 100%. Andei assistindo videos do dito cujo e é puro marketing. E ainda um dia assisti um video em o que o dito cujo falou que não fosse “patriota” nõa deveria assistir ao video. Misturar negocios com politica ?

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João Batista de Souza 13 de abril de 2024

Comprovação na prática: Monza álcool/ 94, monoponto. Que diriam de um 2.0 100% algo que já rodou 700 mil quilômetros? Pois é. É natural trocar uma bomba de combustível, velas, filtro de ar, de óleo, combustível de óleo seja lá qual for a motorização. Não troco meu puro sangue a álcool e principalmente recomendo o movido a energia limpa e renovável. Abraço 🙂

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Paulo Abreu 13 de abril de 2024

Meia dúzia de espírito de porco é uma estimativa bastante otimista do ponto de vista técnico. Multiplica por pelo menos 6 milhões q vai ficar mais próximo do n° de idiotas contra a energia limpa.

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João Batista 13 de abril de 2024

Infelizmente a culpa recai sobre o consumidor, nem China quer esses carros com motor descartável, segue o jogo.

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