Etiquetagem de carro elétrico do Inmetro espanta consumidor

Presidente da Abravei aponta que vários índices de autonomia de bateria provocam dúvidas e desinformação que quer um elétrico, mas tem receio

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Metodologia Avex promete informar a autonomia de bateria mais próxima da realidade do uso do carro elétrico no Brasil (Foto: Volvo | Divulgação)
Por Marcelo Jabulas
Publicado em 15/08/2023 às 17h02
Atualizado em 19/08/2023 às 01h36

A chegada do BYD Dolphin provocou uma turbulência no mercado de carros elétricos. O compacto chinês mostrou que ter um elétrico pode custar o mesmo que um hatch compacto topo de linha com motor “convencional”.

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A reboque, modelos mais simples como Caoa Chery iCar, JAC E-JS1 e Renault Kwid E-Tech, e até mesmo outros mais sofisticados como o Peugeot e-2008 tiveram seus preços reduzidos. Mas a compra de um carro elétrico ainda gera desconfianças do consumidor.

Se o preço já deixou de ser tão proibitivo (ainda não é barato), outro fator que desmotiva o consumidor é a autonomia das baterias. E depois que o Inmetro lançou sua metodologia em 2022, que é mais rigorosa que os demais métodos (cerca de 30% a menos que os valores declarados de fábrica), o receio aumentou.

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BYD Dolphin chegou por R$ 150 mil e forçou queda de preços, mas etiquetagem do Inmetro ainda espanto (Foto: BYD | Divulgação)

Afinal, o carro elétrico percorre tudo que a fábrica promete ou roda tão pouco como o Inmetro atesta? Para ajudar a responder a essa pergunta, conversamos com o presidente da Associação Brasileira dos Proprietários de Veículos Elétricos Inovadores (Abravei), Rogério Markiewicz.

A entidade surgiu com a troca de informações por proprietários de carros elétricos. “No começo era um clube de donos de BMW i3, que trocavam informações e dicas e buscavam soluções para compra de componentes e peças”, relembra.

Etiquetagem do Inmetro foge a realidade

Hoje, a Abravei se tornou uma referência em informações sobre carros elétricos e critica a falta de uma padronização sobre as metodologias de aferição de autonomia. E para isso, a entidade criou sua própria metodologia de etiquetagem de autonomia, a Avex.

“Achamos muito interessante ter um índice nacional, pois cada montadora que comercializa um carro elétrico no Brasil, adota um índice, o que estava ajudando a desinformar, então é necessário padronizar sim. Isso porque, ao analisar os índices europeu e chinês, eles são mais otimistas. O norte-americano é o mais próximo da realidade, pois considera o ar-condicionado ligado. Já o PBEV é mais próximo do EPA e outros elementos, o que provoca uma redução brutal em relação aos outros índices”, compara.

Markiewicz aponta que essa redução drástica acabou criando uma barreira muito grande para quem pretende comprar um carro elétrico. E para oferecer uma métrica mais próxima da realidade, o Avex, que ao contrário dos demais, é uma referência mensurada qualitativamente na prática e não por ensaios laboratoriais, como o PBVE, EPA e WLTP.

“O Avex é uma referência de condução que coleta dados das mais variadas regiões do país, que oferece um quadro que nenhum país do mundo consegue reproduzir. Além disso, é dentro da nossa realidade, considerando a qualidade de pavimentação das estradas, tráfego. O nosso índice é isento, pois não temos vínculo com nenhuma montadora ou fornecedor de equipamentos. Somos simplesmente os consumidores de veículos elétricos”, aponta Rogério.

Atualmente o Avex conta com referências de 11 modelos, desde o veterano BMW i3 passando pelo híbrido BYD Song Plus.

Para se ter uma ideia, o Volvo XC40 tem autonomia declarada pelo ciclo WLTP (europeu) de 420 km. Já pelo PBEV, do Inmetro, a autonima cai para 231 km.

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Autonomia do Volvo XC40, segundo o método Avex, é o mais próximo do declarado pelo fabricante (Foto: Volvo | Divulgação)

Pelo método Avex, a autonomia mínima registrada é de 350 km e a máxima é de 411 km, considerando a média das condições de tráfego das vias brasileiras.

Os números do Avex condizem com o que já tínhamos percebido nos vários testes de carros elétricos que publicamos no AutoPapo em que não se pode confiar no otimismo do fabricante e nem mesmo no pessimismo da etiquetagem do Inmetro. Ou seja, nem tanto ao céu e nem tanto ao mar.

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6 Comentários
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Santiago 18 de agosto de 2023

Não discordo do INMETRO, levando-se conta as diversas variáveis que podem influenciar na autonomia de qualquer veiculo.
Antes a boa surpresa de uma autonomia acima do que indicava a teoria, do que “ficar na mão” por culpa de uma autonomia real abaixo do que estava impresso no manual.

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Kleber 17 de agosto de 2023

Atesto o que diz o avex.
Xc40, se andar normal, faz sim 400km. Já consegui 450km na cidade.
Agora, pisando na estrada (140 -150) , 4 pessoas, com ar ligado, (pior cenário), roda 300km

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Mister Gasosa 25 de agosto de 2023

Sua autonomia na estrada não tem valor, pois deveria ser na velocidade máxima regulamentada, sendo que no Brasil é de no máximo 110 km/h na grande maioria das estradas, e de 120 km/h em outras, como por exemplo a Rod. SP-070.

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Waslon 17 de agosto de 2023

Difícil acreditar no INMETRO. Todos os carros que tive consumiam no circuito urbano bem mais do que os números do INMETRO. Por outro lado, todos consumiam menos no circuito rodoviário. Eles deveriam adequar a metodologia.

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Marcelo 20 de agosto de 2023

O padrão foi criado. Você é que deve adequar esse consumo ao seu padrão. Eu consigo igualar o consumo do inmetro na cidade e na estrada consigo 15% a mais pelo menos. Então eu olho a tabela e coloco 15% a mais na estrada e pronto.

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Tobias 17 de agosto de 2023

Não acho estranho. Prefiro a medição do inmetro. É garantido que percorre aquilo. Se depender das montadoras, os carros elétricos milagrosos rodariam em modo perpétuo kkkkk

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