Fiat Mobi faz sucesso porque tem 86% de vendas diretas
Compacto foi a surpresa no ranking de emplacamentos de novembro, e Stellantis repetiu a tática já usada em outras marcas do grupo
Compacto foi a surpresa no ranking de emplacamentos de novembro, e Stellantis repetiu a tática já usada em outras marcas do grupo
O Fiat Mobi foi a grande surpresa das vendas de novembro. O subcompacto produzido em Betim (MG) não apenas terminou em terceiro lugar no ranking, como também disputou a liderança com o Hyundai HB20 (primeiro) e o Fiat Strada (segundo) até a última semana do mês. Há uma explicação para o fenômeno repentino: 86% dos emplacamentos do Fiat Mobi vieram das vendas diretas.
Como se sabe, as vendas diretas são feitas para pequenos empresários, governos, taxistas, agricultores e frotistas em geral. Aplica-se um bom desconto devido ao volume encomendado ou ao tipo de atividade do cliente. Mas, de uns tempos para cá, as montadoras (especialmente a Fiat) passaram a praticar essa modalidade de venda também para micro e pequenos empresários que fazem a compra com CNPJ. Mesmo que seja a compra de apenas um carro.
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Há algum tempo, quem bombou nas vendas com essa tática foi a Jeep, com os modelos Renegade e Compass. Em novembro, a Stellantis decidiu aumentar a produção do Fiat Mobi e ele chegou a 8.724 emplacamentos. Desse volume, 7.478 foram vendas diretas.
O Mobi é um subcompacto que sobrevive dessa modalidade de venda. O carro nunca atingiu a meta de 70 mil unidades/ano previstas durante seu lançamento, mas há umas três temporadas vem dando um banho em seu segmento. Primeiro, “matou” a concorrência do Volkswagen Up; depois, ultrapassou e distanciou-se do Renault Kwid, o rival que sobrou na categoria.
Para dar uma ideia da dependência que o Fiat Mobi tem das vendas diretas, basta dizer que seu índice de 86% foi bem maior do que o do Renault Kwid (60%) e mais ainda comparado ao do Fiat Strada (54%), que, por ser um veículo utilitário, deveria ter um índice maior. A média do mercado em novembro foi de 56% de vendas diretas (automóveis de passeio + comerciais leves). Só dos automóveis foi 55% e só dos comerciais foi 60%.
Portanto, o Fiat Strada ficou abaixo da média de seu segmento, embora seja o carro com mais vendas diretas no acumulado do ano (69.309 unidades). O Fiat Mobi é o quarto carro com mais vendas diretas (42.014). Percentualmente, a picape Strada tem 67% de vendas diretas este ano e o subcompacto Mobi tem 64%.
Outro carro que ficou muito acima da média de vendas diretas em novembro foi o Hyundai HB20, com 71%, ou seja, nada menos do que 6.673 carros dos 9.457 emplacados.
Tudo isso mostra que o mercado, atualmente, está dependente das vendas diretas de uma forma geral. Os carros de passeio, especificamente, são dependentes das locadoras, que compram grandes lotes. No final do terceiro trimestre, segundo a Anfavea, havia uma demanda de 600 mil carros para as locadoras de veículos. O Fiat Mobi, com certeza, fez a sua parte em novembro.
No varejo, que é a venda tradicional, nas concessionárias, o Fiat Mobi emplacou 1.246 unidades em novembro, contra 2.450 do Renault Kwid, 2.784 do Hyundai HB20 e 4.273 do Fiat Strada. Por isso, considerando apenas as vendas no varejo, o Mobi cai do 1º lugar para o 24º lugar. Parece muito.
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Tivesse um acabamento no mínimo honesto, esse carro seria um fenômeno, muito melhor que Kiwd, mas a Fiat se especializou em dar um acabamento ridículo aos seus carros, bem diferente do que fazia nos anos 2000 quando existia uma preocupação com os detalhes.
Esse negócio de venda direta deveria acabar, muitos empresários compram carros para uso particular da família inteira nessa modalidade para pagar menos imposto.
