Fraudes da Toyota: maior do mundo precisa cuidar de sua imagem

Recall do airbag da Takata (que inclui Corolla e RAV4), desta vez mais perigoso pois bolsa infla espontaneamente

fraude da toyota prejudica imagem
Montadora japonesa está envolvida em diversos escândalos (Fotomontagem: Ernani Abrahão | AutoPapo)
Por Boris Feldman
Publicado em 10/02/2024 às 09h03

Não por acaso a Toyota é a maior fabricante de automóveis do mundo: ela oferece um inigualável padrão de qualidade e confiabilidade. Mas precisa cuidar melhor de sua imagem que começa a perder brilho com uma quase inacreditável sucessão de fraudes e malfeitos praticadas por ela e suas subsidiárias, alguns envolvendo o Brasil.

Em 2010, por exemplo, vários carros da Toyota apesentaram um problema de aceleração espontânea. A fábrica negou quanto pode, mas diante de dezenas de acidentes, decidiu reparar o projeto do acelerador, recall de 8,5 milhões de automóveis e pagou ao governo norte-americano uma multa de 1,2 bilhão de dólares. No Brasil, não reconheceu a aceleração espontânea do Corolla e só depois de ser proibida de vender o modelo pelo Ministério Público concordou com o recall.

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Outra fraude com sua parceira Hino, fábrica de caminhões. Descobriu-se no ano passado que durante 20 anos (desde 2003) ela adulterava resultados de emissões e cerca de 60 mil unidades foram chamadas para recall.

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Caminhões da Hino, divisão da Toyota, tiveram fraude na emissão de poluentes (Foto: Hino | Divulgação)

Crash-test da Daihatsu

Mais recentemente, outras duas tramóias. A primeira envolvendo sua subsidiária Daihatsu e ela mesma, ao reforçar somente a carroceria de carros submetidos a crash-tests para serem homologados, antes de entrarem em produção. O flagra resultou na interrupção da produção de vários de seus modelos, inclusive o Toyota Yaris Cross que tem lançamento marcado no Brasil até o final deste ano.

Homologação dos motores diesel

Outra, ainda mais recente, é a adulteração de resultados de testes de homologação em motores diesel (da Hilux e SW4) produzidos pela Toyota Industries Corporation.

Há dois anos, a Toyota do Brasil foi notificada pela Senacom (Secretaria Nacional do Consumidor), do Ministerio de Justiça, a explicar a evidente falta de qualidade de uma pintura no silencioso do Corolla Cross.

‘Marmita’ do Corolla Cross

O equipamento foi extremamente criticado pelo mercado e imprensa no lançamento do veículo (além de outros desrespeitos do SUV ao consumidor brasileiro) por estar muito visível sob o para-choque. “Pior a emenda que o soneto” pois ela resolve disfarçar o abafador pintando-o de preto fosco. Mas – inacreditavelmente – somente na metade traseira. E pior ainda, com uma tinta inadequada, que descascava em poucas semanas.

Toyota fez gambiarra em escapamento do Corolla Cross
A Toyota tentou resolver o problema pintando metade do abafador, mas a tinta utilizada é de baixa qualidade e descasca com o tempo (Foto: Renan Bandeira | Mobiauto)

Várias fábricas de automóveis no mundo tiveram de fazer mais de 100 milhões de recalls de airbags da Takata pois, ao serem inflados num acidente, disparavam estilhaços de aço contra os ocupantes. Foram centenas de feridos, dezenas de mortos e a falência da Takata.

Mas, no mês passado, um desdobramento do problema que – por enquanto – só atinge carros da Toyota e alguns Pontiac Vibe (da GM) produzidos entre 2003 e 2004: 50 mil unidades foram incluídas pelo NHTSA (órgão federal de segurança veicular nos EUA) num outro recall bem mais complicado e perigoso, pois os airbags agora estão se inflando espontaneamente, sem nenhum impacto.

Airbag

A Toyota alerta os donos dos carros envolvidos (inclusive Corolla e RAV4) que evitem dirigi-los e chame a concessionária, que os levará rebocados para a oficina. Técnicos e engenheiros imaginam que, com o passar dos anos, o envelhecimento do gás que infla a bolsa no caso de um impacto passa por uma combustão espontânea devido às variações de umidade e temperatura.

Cada tropeção da Toyota faz seu presidente mundial pedir desculpas publicamente: ele já o fez no Japão, EUA e China. Vai acabar tendo problema na coluna de tanto se curvar no palco.

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3 Comentários
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Santiago 12 de fevereiro de 2024

Bons tempos quando o valor de uma empresa era determinado pela escala e a qualidade da sua produção.
Infelizmente hoje o “valor” das empresas é ditado pelos movimentos especulativos nas bolsas de valores, impondo crescentes cortes de custos e exigindo lucros cada vez mais inflados. Daí tantas grandes e tradicionais empresas rifando a sua qualidade e a sua reputação em favor de balanços financeiros que agradem ao “mercado”.

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Rodrigo 10 de fevereiro de 2024

E a perseguição continua… É a quinta ou sexta vez que publica isso…

Misericórdia…

Quantas vezes mais isso será publicado??

Repitam então todas as notícias sobre os air-bags Takata que equiparam várias marcas…

Repitam então o Diesel Gate VW…

Reportagem é importante, mas sensacionalismo e repetição da mesma reportagem é o cúmulo do absurdo….

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Jorge Nicolau 10 de fevereiro de 2024

Não se fazem mais japoneses como antigamente, Toyota envolvida em fraude em Crash Test, fraude em testes de emissões, air-bags assassinos mesmo depois do recall. É pácábá

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