Fórmula 1: conheça 5 gênios que brilharam fora das pistas

Os gênios da Fórmula 1 não estão apenas sentados ao volante, mas também nos bastidores, fazendo as equipes funcionarem da melhor forma possível

f1 hannah schmitz estrategista genia f1
Hannah Schmitz é estrategista chefe da Red Bull e foi fundamental em algumas vitórias de Max Verstappen e Sebastian Vettel (Foto: Reprodução)
Por Bernardo Castro
Publicado em 11/03/2023 às 13h03

Em algum momento você já deve ter ouvido falar que “o automobilismo é o esporte individual mais coletivo do mundo”. E essa frase, de fato, é verdade. O esporte a motor pode ser injusto com aqueles que atuam nos bastidores das equipes. Afinal, quando uma escuderia é bem sucedida, quem ganha os holofotes são os pilotos, já que são eles que estão ali na linha de frente e sobem ao pódio para receber os louros das vitórias.

Mas na prática não é assim que a banda toca, já que sem uma equipe à altura – seja na Fórmula 1, Fórmula E, Mundial de Endurance, enfim… – por mais habilidoso e experiente que o piloto seja, ele nunca conseguirá atingir grandes resultados sem que por trás dele tenha uma estrutura igualmente qualificada. Não à toa, Lewis Hamilton, heptacampeão de F1, costuma dizer à Mercedes que “ganhamos e perdemos juntos”.

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Pensando nessas pessoas importantes que ajudam a fazer o esporte acontecer, o AutoPapo listou alguns gênios da Fórmula 1 que não atuam como pilotos.

Bernie Ecclestone, o “pai” da Fórmula 1

shutterstock bernie ecclestone

Apesar dos posicionamentos geralmente controversos, é impossível falar dos gênios que atuam nos bastidores da Fórmula 1 e não citar Bernie Ecclestone. Afinal, muito da relevância que a categoria tem atualmente foi graças ao britânico.

Em 1978, quando se tornou o executivo-chefe da FOCA (Associação de Construtores da Fórmula 1), e deixou Max Mosley como consultor jurídico para obter do então presidente da FISA, Jean-Marie Balestre, o poder de negociar contratos de televisão para a transmissão da F1. Em 1987, Bernie criou a FOM, empresa para promover a categoria.

Como proprietário dos direitos televisivos da categoria ele mudou o formato das vendas e convenceu as emissoras que era mais interessante comprar um pacote para transmitir toda a temporada, do que pagar por apenas algumas corridas. Com isso, o tempo de transmissão em diferentes países se tornou maior, e a popularidade do esporte aumentou.

O movimento durou até o início dos anos 2000. Na época, Mosley era presidente da FIA e vendeu os direitos de transmissão da Fórmula 1 para Ecclestone. Com a compra, o “pai da F1” (como conhecemos hoje) também ficou encarregado de cobrar da organização dos países que desejavam sediar um GP de Fórmula 1.

Os valores podiam variar de acordo com a ânsia de cada praça. As cifras podiam passar dos 35 milhões de euros para sediar uma corrida. Em 2016, o grupo Liberty Media adquiriu a categoria principal do automobilismo mundial em um acordo avaliado em US$ 8,5 bilhões (o equivalente a R$ 27 bilhões na época).

Apesar de não estar mais envolvido diretamente com o esporte, Bernie ainda tem muita influência no meio e, há quem diga, que ele ainda é capaz de interferir na negociação de equipes com pilotos.

Adrian Newey, o mago da engenharia na Fórmula 1

adrian newey projetista f1

É impossível falar dos gênios da Fórmula 1 e não citar Adrian Newey, o melhor projetista de carros que a maior categoria do esporte a motor já viu.

O engenheiro se juntou ao certame em 1988 com a equipe March, mas suas invenções mais brilhantes começaram a aparecer quando foi para a Williams, em 1991. Em seu primeiro ano com a equipe britânica, Newey entregou um bom carro para Nigel Mansell, que só não venceu o campeonato por causa de problemas de confiabilidade. Contudo, os frutos apareceriam já no ano seguinte.

Em 1992 e 1993, Adrian foi o responsável por projetar as “Williams de outro planeta” que renderam o primeiro título de Mansell e o tetracampeonato de Prost. Além disso, Damon Hill (1996) e Jacques Villeneuve (1997) foram campeões à bordo de um bólido feito pelo engenheiro britânico.

Na McLaren o mago também teve projetos bem-sucedidos. Mika Häkkinen, inclusive, que foi bicampeão em 1998 e 1999, deve muito a Newey, já que ele foi o responsável por projetar os bólidos MP4/13 e MP4/14. Em 98′ a equipe de Grove faturou o Campeonato de Construtores e pilotos. Em 99′, a dose não se repetiu, já que a Ferrari levou a melhor entre as equipes.

A jornada com a McLaren durou até o fim de 2005, já que em 2006 foi contratado pela Red Bull, onde trabalha até hoje. A primeira vitória junto aos energéticos chegou apenas em 2009, e, posteriormente, aconteceu um dos maiores domínios da história da Fórmula 1.

Entre 2010 e 2013, os monopostos criados por Adrian ajudaram a Red Bull e Sebastian Vettel a conquistarem nada menos que quatro títulos entre os pilotos e construtores. depois de um hiato de oito anos, os títulos voltaram a aparecer com Max Verstappen em 2021 e 2022.

Hannah Schmitz

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E por falar em Red Bull, a marca austríaca tem outra peça de destaque em seus bastidores: a estrategista chefe Hannah Schmitz. Compondo o time dos energéticos desde 2009, rapidamente conquistou seu espaço e em 2011 começou a desempenhar a ocupar a função que desempenha até hoje.

As estratégias para definir quais pneus utilizar ao longo de uma corrida de Fórmula 1 são importantíssimos, e podem mudar o desfecho de uma prova. Então Hannah, junto de seus comparsas, analisa os milhares de dados coletados ao longo do fim de semana e, basicamente, dá a palavra final sobre quais pneus serão calçados nos carros ao longo do GP.

As habilidades de Schmitz ficaram ainda mais em evidência durante o período de hegemonia da Mercedes. Afinal, como os alemães tinham um carro muito superior ao dos rivais, a Red Bull precisava apostar em estratégias fora da caixa, se quisesse vencer corridas.

Um dos momentos de maior genialidade por parte de Hannah foi durante o GP do Brasil de 2019, quando chamou Max Verstappen para os boxes após um safety-car. Com isso, o holandês conseguiu ultrapassar Hamilton e vencer em Interlagos.

A vitória no GP da França em 2021 – quando optou por uma corrida de duas paradas, contra apenas um pit stop da Mercedes – e na Hungria em 2022 – quando Verstappen largou apenas na 10ª colocação – também aconteceram graças à competência da estrategista chefe.

No ano passado, a britânica ganhou o título de engenheira do ano pela McLaren Applied, na primeira edição do prêmio que visa destacar o foco das mulheres na engenharia.

Ross Brawn

ross brawn

O engenheiro britânico pode ser considerado um dos gênios que passaram pela Fórmula 1, e trabalhou próximo a Michael Schumacher nas sete ocasiões em que o alemão foi campeão Mundial.

Apesar das importantes passagens pela Benetton e Mercedes, outras duas equipes deixaram ainda mais evidente as habilidades de Ross. A primeira delas foi a Ferrari, onde construiu um dos maiores domínios da história do esporte.

Em 1997 o inglês foi contratado pelo time de Maranello como diretor-técnico e ajudou a reestruturar a casa para que os italianos voltassem a vencer na Fórmula 1. A genialidade de Brawn ajudou a Ferrari a vencer o Campeonato de Construtores por seis anos consecutivos (1999 a 2004) e o de Pilotos em cinco oportunidades (2000 a 2004).

Ross Brawn também ficou sob os holofotes quando criou a Brawn GP, em 2009, após comprar as operações da Honda pelo valor simbólico de £1. Naquela temporada, o então dirigente soube ler o regulamento – que sofreu grandes alterações – como poucos e criou o carro que levou Jenson Button ao seu único título.

A principal mudança para aquela temporada estava em uma série de determinações que reduziriam em até 50% o downforce em relação ao ano anterior. Para isso, um difusor menor teria de ser aplicado nos carros. Então, essa foi uma peça que ele deu uma atenção especial para compensar a perda de downforce e desenvolveu um difusor duplo. O funcionamento desse mecanismo da Brawn GP a gente já explicou em outra matéria aqui do AutoPapo.

Em novembro do ano passado Ross Brawn anunciou sua aposentadoria. Antes de abandonar o esporte, ocupou o cargo de diretor de diretor da F1 e de diretor-técnico. O engenheiro, inclusive, esteve envolvido na criação do regulamento técnico atual, que explora o efeito-solo e promete corridas mais empolgantes.

Patrick Head

patrick head co fundador williams

A história de Patrick Head e da Williams na Fórmula 1 é quase que a mesma, já que ele foi um dos fundadores da equipe e estava presente nos nove títulos de construtores e sete de pilotos conquistados ao longo da história.

Todos os carros vitoriosos da esquadra de Grove tiveram o dedo de Patrick que, assim como Adrian Newey, é um dos grandes projetistas da Fórmula 1. Sua passagem pelo time inglês entre 1977 e 2011 se traduziu em 113 triunfos, um dos trabalhos mais laureados da história desse esporte.

Responsável por criar bólidos dominantes na Fórmula 1, a competência de Head chegou a ser reconhecida pela Rainha Elizabeth II e, por isso, recebeu o título de ‘Sir’.

Frank Williams, fundador da equipe que leva o seu sobrenome, sempre enalteceu os feitos do amigo de longa data:

“O meu nome pode estar em cima da porta, mas sempre sublinhei que a criação e o subsequente sucesso da Williams foi um esforço de equipe. O meu cofundador Patrick Head foi o gênio do design que transformou a nossa pequena estrutura numa força vencedora de campeonatos”.

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