[Avaliação] Gol automático: projeto datado com mecânica eficiente

Motor e câmbio conciliam bom desempenho com consumo moderado; no mais, hatch compacto mantém qualidades e defeitos de sempre

mosca branca
Por Alexandre Carneiro
Publicado em 17/12/2018 às 08h30
Atualizado em 08/02/2019 às 15h29

O Gol automático custou a chegar ao mercado. Apesar de ser um velho conhecido – a primeira geração foi lançada em 1980, enquanto a atual é de 2008 – só recentemente, depois de 38 anos, o modelo ganhou opção de câmbio automático. Não estamos falando do sistema I-Motion, que era automatizado equipou o hatch até recentemente.

A transmissão automática é uma das novidades da linha 2019. Trata-se de um sistema de seis velocidades, que não tem embreagem, e sim conversor de torque, além de função Sport. A caixa de marchas é produzida pela japonesa Aisin, que a fornece para a Volkswagen. Mas, afinal, como anda o Gol automático?

Avaliação mostra que Volkswagen Gol automático tem mecânica eficiente, mas projeto está datado em outros aspectos

Muito bem, obrigado. Até porque o novo câmbio não veio sozinho: junto a ele, está o motor 1.6 16V EA-211. A versão 1.6 manual segue com o EA-111, com oito válvulas. As diferenças entre as duas gerações de propulsores não se limitam ao cabeçote, pois o bloco foi reprojetado. Ele mantém as medidas, mas é totalmente feito de alumínio no motor mais moderno. Há ainda uma bobina para cada cilindro e comando variável nas válvulas de admissão. O conjunto mecânico do Gol automático, portanto, é igual ao do Polo (um modelo maior e mais atual), mas com diferencial e relações exclusivas.

Gol automático anda bem e bebe pouco

A aplicação de uma mecânica eficiente em um compacto bem leve não poderia ter outro resultado: o Gol automático anda muito bem para um carro 1.6. Afinal, são 120 cv de potência com etanol e 110 cv com gasolina, para mover 1.040 kg. O torque, de 16,8 kgfm com o primeiro combustível e de 15,8 kgfm com o segundo, também é expressivo. Elástico, o motor tem força desde as baixas rotações e ganha giro sem dificuldade. De quebra, seu funcionamento é liso, sem asperezas.

Desse modo, não chega a surpreender que o Gol automático entregue grande agilidade na cidade. Na estrada, ele também tem fôlego para fazer ultrapassagens e subir serras sem dificuldade. A transmissão também colabora para o bom comportamento, fazendo trocas rápidas e sem trancos. Há um porém: ela às vezes “segura” um pouco as marchas. Mas não há problema se o motorista intervier, pois há aletas para trocas sequenciais no volante. Trata-se de recurso opcional, mas mesmo assim bem raro no segmento.

Avaliação mostra que Volkswagen Gol automático tem mecânica eficiente, mas projeto está datado em outros aspectos

O consumo, por sua vez, revelou-se baixo. Com etanol, o Gol automático faz 8 km/l na cidade e 10,9 km/l na estrada nas aferições do AutoPapo. Desse modo, o tanque, com 55 litros de capacidade, consegue proporcionar boa autonomia, de aproximadamente 600 km com o combustível vegetal.

Velho conhecido

No mais, a dirigibilidade do Gol automático é semelhante à de seus pares manuais. A suspensão, com conjuntos McPherson na dianteira e eixo de torção na traseira, tem calibragem firme. Isso proporciona ótima estabilidade em curvas, contendo bem a rolagem da carroceria. Todavia, como contrapartida, ela transfere boa parte das imperfeições do piso para o habitáculo.

A direção mantém o sistema hidráulico, enquanto a maioria dos concorrentes já aderiu à assistência elétrica. Ela tem até boa progressividade, mas não é lá tão leve em manobras. Os freios do Gol automático também permanecem iguais ao do restante da linha, com discos ventilados na frente e tambores atrás. Permite frenagens eficientes, novamente, em grande parte, graças ao baixo peso do modelo.

Por dentro, muita simplicidade

Por dentro, o Gol automático continua sendo… Um Gol. Isso significa que o interior é simples. O novo painel, adotado a partir da linha 2017, é vistoso, mas destoa das forrações das portas, que não mudaram. Também falta um console pronunciado, com mais porta-objetos, entre os bancos dianteiros. O material predominante a bordo é o plástico duro, como em todo hatch de entrada. Para um carro desse segmento, o padrão de montagem é bom. O porta-luvas não tem iluminação.

Avaliação mostra que Volkswagen Gol automático tem mecânica eficiente, mas projeto está datado em outros aspectos

Os bancos são os mesmos de sempre. Ou seja: desconfortáveis. Os dianteiros têm encosto com pouco apoio lombar e assento curto, que não acomoda bem as coxas. O do motorista permanecem com o estranho sistema de regulagem de altura que o faz gangorrar. Atrás, o assento também é curto, além de baixo. Mas o pior ali é a ausência do cinto de três pontos para o terceiro ocupante, que ao menos conta com encosto de cabeça.

Nem tudo, porém, é ruim no habitáculo do Gol automático. O suporte para celular no painel é muito prático, e os instrumentos proporcionam ótima leitura. O cluster é completo, com direito a termômetro do fluido de arrefecimento. O volante tem boa pegada. A coluna de direção regulável inclui ajustes altura e em profundidade, ainda que opcionais, o que beneficia a posição de dirigir. O acesso aos comando também é fácil, com exceção dos botões de acionamento dos vidros traseiros elétricos. É que as teclas destinadas ao manuseio do motorista ficam no painel.

Avaliação mostra que Volkswagen Gol automático tem mecânica eficiente, mas projeto está datado em outros aspectos

Desde que a atual geração do hatch compacto da Volkswagen foi lançada, os concorrentes cresceram. Maiores por fora, eles ficaram mais amplos por dentro. Por isso, o Gol automático não se destaca em espaço, principalmente no banco traseiro. Ali, falta área tanto para os joelhos quanto para a cabeça de pessoas mais altas. Por outro lado, o porta-malas tem 285 litros, volume razoável dentro da categoria. O rebatimento poderia ser mais prático se o encosto do banco fosse bipartido.

Gol automático é vendido em versão única

O Gol automático tem preço sugerido de R$ 54.580. É, portanto, um dos carros automáticos mais baratos do país. O modelo é vendido em versão única e vem de série com poucos equipamentos: os principais são direção hidráulica, ar-condicionado, travamento elétrico das portas e vidros dianteiros elétricos. Há ainda os obrigatórios por lei freios ABS e dois airbags frontais, além do sistema ESS, que aciona automaticamente o pisca-alerta em frenagens fortes.

Todo o resto é opcional. O comprador do Gol automático pode optar por dois pacotes, dos quais o mais amplo é o Urban. Ele agrega computador de bordo, alarme, sensores de ré, retrovisores elétricos, faróis de neblina, volante regulável em altura e profundidade, rodas de liga leve de 15 polegadas e vidros elétricos traseiros, entre outros pormenores.

Avaliação mostra que Volkswagen Gol automático tem mecânica eficiente, mas projeto está datado em outros aspectos

O outro, chamado de Conectividade, inclui sistema multimídia com tela sensível ao toque, entradas USB e para SD-card, conexão Bluetooth e conectividade por meio do App-connect com plataformas Android Auto, Apple CarPlay e Mirrorlink, além de volante multifuncional com aletas para troca de marchas. Completão, incluindo pintura metálica, o preço do Gol automático vai para R$ 61.100.

Boa mecânica deveria ser acompanhada de mais equipamentos

Com uma década de estrada, o projeto do hatch compacto sente o peso dos anos. Isso fica evidente, em especial, no espaço interno limitado. Porém, a compensação vem no conjunto mecânico, atual e muito eficiente. Como, além do mais, o Gol automático tem preço inicial competitivo, pode ser um bom negócio. Falta só a Volkswagen melhorar um pouco a lista de equipamentos: ao menos um sistema de som, mesmo que sem tela tátil, alarme e coluna de direção regulável deveriam vir de série.

Ficha técnica Volkswagen Gol automático
Motor Dianteiro, transversal, flex, 1.598 cm³, quatro cilindros em linha, com 76,5 mm de diâmetro e86,9 mm de curso, e 16 válvulas, com variável na admissão.
Potência 110 cv (gasolina) e 120 cv (etanol) a 5.750 rpm
Torque 15,8 kgfm (gasolina) 16,8 kgfm (etanol) a 4.000 rpm
Transmissão automática de seis marchas, tração dianteira
Suspensão McPherson na dianteira e eixo de torção na traseira
Rodas e pneus rodas em liga de alumínio de 15" (opcionais), pneus 195/55 R15
Freios disco ventilados na dianteira e tambores na traseira, com ABS
Direção com assistência hidráulica
Dimensões 3,892 m de comprimento, 1,656 m de largura, 2,467 m de distância entre-eixos, 1,474 m de altura
Peso 1.040 kg
Carga útil 460 kg
Tanque de combustível 55 litros
Porta-malas 285 litros

Fotos Alexandre Carneiro | AutoPapo

Newsletter
Receba semanalmente notícias, dicas e conteúdos exclusivos que foram destaque no AutoPapo.

👍  Curtiu? Apoie nosso trabalho seguindo nossas redes sociais e tenha acesso a conteúdos exclusivos. Não esqueça de comentar e compartilhar.

TikTok TikTok YouTube YouTube Facebook Facebook X X Instagram Instagram

Ah, e se você é fã dos áudios do Boris, procure o AutoPapo nas principais plataformas de podcasts:

Spotify Spotify Google PodCast Google PodCasts Deezer Deezer Apple PodCast Apple PodCasts Amazon Music Amazon Music
4 Comentários
Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site. Comentários com palavrões e ofensas não serão publicados. Se identificar algo que viole os termos de uso, denuncie.
Avatar
Eliézer Soares de Melo 13 de julho de 2020

alguem poderia explicar ,porque nao se aplica o cambio automatico do Gol, na Saveiro

Avatar
Osmar 11 de fevereiro de 2020

Não fala besteira, Gol 2020 AUT. é o carro…..

Avatar
Celio* 12 de janeiro de 2019

“Os bancos são os mesmos de sempre. Ou seja: desconfortáveis”.
Esse é o tipo de coisa que não consigo entender… Será que é muito complicado colocar bancos decentes?

Avatar
https://www.amaquinadevendasonline.org/ 17 de dezembro de 2018

Vish, a Volkswagen não aprende mesmo. Conseguiram acrescentar mais um item caro(transmissão automática). A Volkswagen é uma “máquina de vendas”isso não há dúvida,os números não mentem…porém depois de todos problemas que ocorreram com milhares de recall e processos judiciais em 2009/2010 com o lançamento do gol GV, está se tornando uma marca pouco confiável.

Avatar
Deixe um comentário