Hertz confirma: carro elétrico é ótimo… Para a cidade

Maior locadora do mundo se desfaz de seus carros elétricos, mas opção dos veículos híbridos tem custo elevadíssimo

carregador de carro eletrico quebrado foto rafal bloch shutterstock
Carregador quebrado é apenas um dos perrengues que o dono de carro elétrico pode enfrentar (Foto: Rafal Bloch | Shutterstock)
Por Boris Feldman
Publicado em 27/01/2024 às 09h03

Notícia que rolou no começo do ano que abalou o setor do carro elétrico foi a Hertz ter decidido vender 20 mil destes veículos de sua frota nos EUA e substituí-los por automóveis a gasolina. Uma decisão que repercutiu negativamente e confirmou tendencias de redução na demanda mundial por estes carros.

Serão excluídos Teslas e Polestars (Volvo) adquiridos há dois anos e a informação vai de encontro ao anuncio feito pela empresa de converter em carros elétricos 25% de sua frota a partir deste ano.

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Por que a Hertz está desistindo dos carros elétricos? Para começo de conversa, pelo custo elevado de seu reparo, principalmente do Tesla. E se o impacto atinge a bateria, o dano pode ser quase irreparável. O anúncio repercutiu até no valor das ações: queda de 4% nas da Hertz, 3% da Tesla.

supercharger carregando tesla

O prejuízo da locadora, a maior do mundo, não foi somente com o custo dos reparos, mas também com a depreciação dos carros no mercado de usados: ela calcula em U$ 250 milhões o prejuízo com a operação, pois os carros elétricos seminovos perdem 30% de seu valor, muitas vezes mais que os carros a gasolina.

Carro elétrico e a tomada quebrada

Alguns clientes de locadoras preferem os carros elétricos, pois o custo por km para rodar com eles no trânsito urbano é muito inferior ao da gasolina. Entretanto, os que os alugam para viajar preferem os motores a combustão, pela dificuldade de recarga. Enfrentar filas nas tomadas de hotéis e shoppings. Nas estradas, o mesmo problema nos postos, agravado pelo tempo de demora da recarga.

E o alcance anunciado pode ser ilusório: no verão, um elétrico pode rodar teoricamente até 500 km, mas desde que no entorno de 90 km/h. Porém, com toda a família a bordo, porta-malas carregado, ar condicionado ligado e rodando entre 120 e 140 km/h, o alcance pode cair para 300 km.

Como ninguém deixa esgotar a bateria pelo fantasma da “pane seca”, a recarga se faz, em geral, com 15 a 20% de carga. Ou seja, a cada 250 km, o que significa que roda duas horas e para durante 30 a 60 minutos. Caso não sofra o perrengue de encontrar o ponto de recarga com a tomada quebrada…

homem nervoso com carregador de carro eletrico quebrado shutterstock
Autonomia e dificuldade em encontrar carregadores são dois dos problemas dos donos de carro elétrico (Foto: Shutterstock)

Mesmo assim, este raciocínio é válido apenas para o verão pois, no inverno do hemisfério norte, as temperaturas podem descer a -10º C. Nesta situação, a bateria perde de 20% a 25% de eficiência e o alcance do carro cai para 250 km. O que obriga o motorista a parar a cada 90 minutos. Ou seja, carro elétrico é ótima solução para o trânsito urbano, mas, na rodovia, as coisas se complicam.

No Brasil, ele é ainda é agravado pelo reduzido poder de compra do motorista e pelas dificuldades ainda maiores de se contar com pontos de recarga em regiões mais distantes dos grandes centros. E também o problema da depreciação dos usados.

No carro híbrido, problema é a manutenção

Por isso se defende a solução da motorização híbrida plug-in para nosso mercado. Primeiro, por ser mais barata graças à bateria de menor potência. Além disso, tem alcance de 50 a 150 km com uma carga, suficiente para o motorista rodar eletricamente no dia-a-dia. E, no caso de uma viagem, o motor a combustão dá conta do recado.

Há, entretanto, um porém nesta opção: o custo do reparo do híbrido depois de vencida a garantia é enorme, pois ele está sujeito aos problemas de um carro a combustão, do elétrico e do complexo sistema eletrônico que busca sincronizar motores, baterias, buscar máxima eficiência energética e outras funções.

carro hibrido chassi stellantis portal
Carro híbrido: complexidade do sistema é ponto negativo (Foto: Stellantis | Divulgação)

Outro eletrificado é o mild hybrid ou híbrido leve, que tem um pequeno motor elétrico acionado por uma bateria de 48 V. Ele não traciona o automóvel, mas apenas “ajuda” o motor a combustão quando o motorista afunda o pé direito. É um sistema interessante, mas que não chega a ser solução de peso para o atual dilema da mobilidade “limpa”.

Caminho tortuoso

A eletrificação veicular no Brasil tem caminho tortuoso, mas seria até mais adequada que na Europa ou EUA, pois nossa energia elétrica é limpa, enquanto grande parte da geração no exterior é “suja”, baseada no diesel ou carvão.

Mas o Brasil tem outra opção para a descarbonização, o etanol. Já poderia ser caso os carros flex fossem abastecidos com ele, mas apenas 30% o fazem. Governo, usineiros e distribuidores de combustiveis poderiam montar um esquema para estimular o dono do carro a usá-lo. Ou incentivar a produção do motor a etanol. Aliás, o álcool poderia também movimentar carros elétricos. Como? Dele se extrai o hidrogênio para a “Fuel Cell” (célula a combustível) que produz energia elétrica.

Soluções trabalhosas? Sim, mas viáveis.

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21 Comentários
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DANIEL SILVA DA SILVEIRA 30 de janeiro de 2024

Carro elétrico só nas grandes cidades, se você já viajou pelo interior de Goiás, Mato Grosso, Tocantins ai você vai descobrir que ate carro a combustão sofre nesse lugares imagina o elétrico que não tem nem tomada para recarregar, você vai voltar de guincho para casa.

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Tiozinho 29 de janeiro de 2024

Relaxa pessoal… ninguém é obrigado a comprar um elétrico.
Querem continuar rodando com um carro com motor defasado, caro e ruim, compra um à combustão e seja feliz.
Ô Bóris… que papo é esse de botar a família dentro do carro e ir viajar a 120~140?
Assim como a infraestrutura para viagem do elétrico, é surreal imaginar que a pessoa que coloca a família dentro do carro pelas estradas brasileiras e anda a essa velocidade seja exemplo pra alguma coisa.
Então… como no Brasil é sempre verão, e como não temos estrutura para andar a 120~140km/h em nossas rodovias, e não temos estrutura de recarga para redescobrir o Brasil dentro de um carro elétrico… relaxem. Infelizmente não veremos elétricos tomando conta das estradas tão cedo. São mesmo veículos pensados principalmente para o uso urbano e curtas distâncias. Mas isso atende o quê? só uns 99% do público? Pouco né?
Parem de criticar quem fez as contas e o dever de casa, e já tem um sistema fotovoltaico instalado, suficiente para suprir sua casa, seu carro, sua empresa e ainda por cima está contribuindo sim com o meio-ambiente, com os seus irmãos brasileiros e com o país. Seja deixando de emitir gases poluentes na cidade, seja ajudando a evitar que a tarifa da energia vá para o vermelho e tb ajudando no crescimento geral.
Parem de achar que num país pobre e miserável igual ao Brasil, a solução é usar um motor com eficiência de 20%, ao invés dos 90% do elétrico.
Tá ficando feio… vcs devem ser mecânicos… devem viver de consertar motor, só pode.
Os medrosos continuarão pagando 50% de imposto pro governo, e enchendo o tanque de mijolina, sendo roubados na qualidade, na quantidade e no troco, se bobear.
Saudações elétricas.

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Waslon 30 de janeiro de 2024

Tá parecendo vendedor de carro elétrico!

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tiozinho 31 de janeiro de 2024

Te garanto que não sou.

Mas sei pensar por mim mesmo. E fazer conta.
Você é mecânico?

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IVA GARCIA DONOSO 2 de fevereiro de 2024

KKKK carros a combustão são defazados ? Esqueceu (ou não sabe) que os primeiros carros foram a vapor ou eletricos ? Eletricos não tem nada de moderno, até onibus elétricos tivemos no passado , não eram a bateria mas o principio é o mesmo….e depois: “Quem anda a 120 Km/h com a familia” a resposta é: Pegue a Castelo que voce vai ver um montão e se vc é daqueles que anda em estradas com limite 120 a 60 Km/h por favor deixe3 a esquerda livre…. Tem cada uma….e pode ter certeza de uma coisa: A hora que só houver eletricos o governo vai te taxar como taxa tudo que tem alta procura, e isso não é só no Brasil, veja a letra da musica Taxman dos Beatles que é da decada de 60. Nosso governo já está estudando até taxar quem tem painéis fotovoltaicos em casa. Nos E.U.A. os carros eletricos deixaram todos na rua porque as bateria descarregam com baixa temperatura, quem tem a combustão não ficou a pé. Falar que carro elétrico é alta tecnologia é como aqueles que escrevem aqui que carros turbo também são, só que na decada de 40 já existiam carros turbo, não tem nada de alta tecnologia nos elétricos com excessão de um montão de controladores eletronicos modernos agregado a um motor elétrico com 1 século de existencia e esses modernos controladores são9 aqueles que ninguém sabe mexer, a não ser as caras autorizadas. No final das contas o resultado do eletrico é: Com a enorme desvalorização dele usado, a manutenção complicada e cara (vá ver os requisitos para reparar o sistema elétrico) a baixa autonomia, a dificuldade de abastecer em qualquer estrada esperto é quem foge dessa furada.

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tiozinho 5 de fevereiro de 2024

Eita …. quer mesmo comparar os carros primeiros carros elétricos com os atuais? O combustão foi modernizado, e o elétrico não?

Releia lá.. só disse, e repito, que se você citar a grosso modo, como fez o Bóris, vai ver que salvo as exceções ( que foi justamente o que vc citou ).. não há no Brasil estrutura viária para andar a mais de 120, sendo 120 o limite máximo, quer queira você ou não. E quem for acima disto está sujeito às penas, justamente porque não é permitido.
Faz as contas aí, se souber… R$ 1.500 mensais por 8 anos, investido, e vê se vale a pena ou não. Pode jogar o carro fora depois.
A pergunta é : quem vai querer o carro à combustão?

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tiozinho 5 de fevereiro de 2024

120 a 140 eu disse… no Brasil… se vc faz isso, é um irresponsável e não serve de modelo.
Deve ter uns 500km de estrada no Brasil que comporta 120km/h. Se tanto.

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Elioricardoalves 2 de fevereiro de 2024

A ideia do carro elétrico e boa mas quando as baterias chegar ao fim de uso para repor toda ela vai custar quanto ? isso não vai baixar tão cedo seu valor e algo mais recente os impostos e uma pancada se alguém souber o custo da reposição gostaria de saber

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tiozinho 5 de fevereiro de 2024

Isso.. quando ela chegar ao fim do uso, daqui a 1 milhão de km, será um problema..
Só que eu não rodei isso ainda, de quando tirei carta até hoje. Se você já rodou, só pode trabalhar com isso. Não conta.

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José 2 de fevereiro de 2024

O amigo não gostou da mensagem e aí debocha do mensageiro? Fica feio, amigo proprietário de um carro elétrico. Sabe quanto custa instalar o sistema de energia fotovoltaica em uma residência? E quem mora em condomínios verticais, como faz? O carro elétrico pode até vingar mas em um determinado nicho de quem pode pagar (pelo carro, pelo carregador e pelo sistema fotovoltaico) e não pega estrada com frequência. Vai conviver com o bom e velho carro a combustão por muitos e muitos anos. Quem vai querer seu elétrico quando você for revender? E por quanto você vai conseguir por ele? O carro elétrico ainda tem muito a evoluir para ser unanimidade, por ora levanta muitas suspeitas. Nós ainda temos geração de energia limpa mas e os EUA, Europa e Ásia? E o que fazer com as caras baterias usadas? Mesmo que eu pudesse hoje comprar um elétrico, não faria isso mas boa sorte para você.

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tiozinho 5 de fevereiro de 2024

Mas claro! O Bóris é muito melhor que esse texto.
Eu sei quanto custa instalar… já instalei faz quase 1 década. Tá pago faz tempo, e ainda tem gente que não instala com medo de dar errado.
Quem vai querer o seu veículo à combustão? Só quem não experimentou o elétrico.
Quando for viajar, uso um carro à combustão.
Como eu escrevi, e o Bóris tb, a melhor parte do elétrico é a cidade e percursos pequenos. Mas o problema que a Hertz teve não tem a ver com o veículo ou com a solução que ele traz, e sim com o público dela. Erro dela, não do veículo.
A bateria usada é reciclada, tem muito metal caro dentro dela… tem mais dúvidas José?
Faz o seguinte, vai numa concessionária, despista o vendedor e olha bem o carro. Analisa a qualidade, analisa a garantia, faz a conta da economia.
O resto… se mora num apartamento, se viaja toda semana… isso aí cada um cuida da sua vida.

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Santiago 29 de janeiro de 2024

A verdade é que os elétricos à bateria estão nos sendo forçados goela abaixo, através de discursos pseudo-ambientalistas e muita, muita propaganda mídiatica. Porém já se percebe que eles estão longe de entregar aquilo que os discursos prometem.
Quando a produção de petróleo era controlada por multinacionais estadounidenses e europeias, os veículos elétricos eram assuntos “proibidos”. E agora que o petróleo é gerido principalmente por gigantes árabes, eis que os elétricos a bateria viraram a “salvação” do mundo.

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Joao Alberto 30 de janeiro de 2024

A motorização elétrica é um caminho sem volta. Para ter uma idéia, a empresa MAKITA encerrou a produção de qualquer equipamento com energia fossil. Hoje todos is aparelhos dessa marca são eletricis iu a bateria.

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José Augusto 28 de janeiro de 2024

Só levar um gerador de uns 10 KVA gasolina ou diesel no porta malas que resolve!

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Waslon 30 de janeiro de 2024

Boa! 🙂

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Andre Rocha 27 de janeiro de 2024

Sempre falei isso e vou continuar batendo na mesma tecla sempre: o problema do carro elétrico é AUTONOMIA e TEMPO DE RECARGA!!! Enquanto não tivermos tecnologia que permita carregar uma bateria por completo em apenas alguns minutos e veículos com autonomia inferior a 700km REAIS (com carro cheio, para viagem), o carro elétrico NÃO VINGARÁ!!!

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Airplane 27 de janeiro de 2024

Carro elétrico é menos ruim na cidade !
Em longas distâncias, nas estradas, é um fiasco !

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Rodrigo 27 de janeiro de 2024

Carro Elétrico, a pior invenção do mundo.

O mundo já vive uma crise hidrica e o Brasil em especial, problemas de infraestrutura, represas com capacidades abaixo do aceitavel, alto custo de distribuição, tanto da água como da energia elétrica.

Vários estados brasileiros sofreram recentemente com várias residências com apagões e demora no reestabelecimento da energia por conta dos altos volumes de chuvas e quedas de árvores.

O que acontecerá com o consumo e o custo da energia elétrica, que já não é barata, quando comecarem a ficar carregando carros na tomada???

Basta lembrar o quanto o consumo de enegia e, consequentemente, o valor da sua conta quando você liga o ar condicionado em casa….

Portanto, a ilusão de redução de gastos com combustível será automaticamente transferido para o de energia elétrica, simples assim!

Já estou prevendo aquelas cenas de filmes apocalípticos, a la Matrix ou MadMax com o mundo em guerra por falta de agua ou luz para a sobrevivencia humana…

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alecs 27 de janeiro de 2024

Solução de mobilidade para mim : TAXIs Ou UBER !!!

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Marcello 27 de janeiro de 2024

Táxi ou Uber, continuam sendo carros, sejam a combustão, elétricos ou híbridos.

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Joao Alberto 30 de janeiro de 2024

Em toda mudança de tecnologia é sempre esse chororo…..

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