Lewis Hamilton publica relatório sobre diversidade no automobilismo

O relatório feito pela Comissão Hamilton é fruto de 10 meses de pesquisas e traz também sugestões para aumentar a diversidade na Fórmula 1

lewis hamilton
O extenso relatório de Hamilton aponta as origens da falta de diversidade e traz soluções (Foto: Shutterstock)
Por Eduardo Rodrigues
Publicado em 14/07/2021 às 11h38
Atualizado em 14/07/2021 às 14h54

O piloto inglês Lewis Hamilton vem usando sua posição de sete vezes campeão na Fórmula 1 para promover mudanças no automobilismo. Em junho de 2020 o piloto criou a Comissão Hamilton para promover a diversidade dentro desse meio.

Nessa segunda (12) a Comissão Hamilton publicou um relatório com 94 páginas feito em parceria com a Royal Academy of Engineering sobre a falta de diversidade étnica na Fórmula 1 e nos esportes a motores em geral. Os dados apresentados no relatório foram frutos de 10 meses de pesquisas.

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Alguns dos motivos apontados para a falta de diversidade

O piloto não pede apenas por mais pilotos pretos, o relatório apontou que apenas 1% dos 40.000 profissionais que trabalham com a F1 no Reino Unido não tem origem preta. E o Reino Unido sozinho é o maior polo da categoria, abrigando sete das dez equipes que correm atualmente.

grafico de interesse no automobilismo comissao hamilton
Segundo as entrevistas realizadas pela Comissão Hamilton, os jovens consideram a Fórmula 1 inacessível (Foto: Hamilton Commission | Divulgação)

A Comissão entrevistou engenheiros pretos que atuam na categorias, foram relatadas microagressões e brincadeiras racistas no ambiente de trabalho. Também criticaram a falta de progresso na carreira dos engenheiros pretos e falta de lideranças.

A falta de lideranças nessa área faz que jovens pretos desconsiderem a carreira na engenharia e no automobilismo. Segundo as pesquisas isso faz que áreas como o direito, medicina e economia influenciem mais a escolha dos jovens na hora de escolher uma carreira.

O problema é estrutural

O relatório aponta que a baixa diversidade nesse meio é estrutural: a Fórmula 1 contrata engenheiros formados com condecorações vindos de universidades renomadas. Essas universidades não costumam dar destaque para os alunos pretos, dificultando que as equipes de F1 os encontre.

Outro desafio é a localização do chamado “vale dos esportes a motor,” região na Inglaterra onde ficam as sedes das equipes. A maior parte da população preta do país mora em centros urbanos, longe dessa região e dificultando realocação.

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O piloto sugere focar na área de engenharia para trazer engenheiros pretos para as equipes (Foto: Shutterstock)

Por fim temos a própria elitização da Fórmula 1. O esporte movimenta grandes quantidades de dinheiro e está sempre associadas com pessoas e empresas bilionárias, uma imagem que faz qualquer sonho de começar de baixo parecer inatingível.

Até para jovens que sonham em ser piloto é um sonho difícil. A porta de entrada do automobilismo é o kart, que no Reino Unido tem custo anual de cerca de £30.000 (cerca de R$ 213.950) nas competições amadoras. Os jovens entrevistados se interessam mais pelo futebol por conseguirem “se ver mais” nesse esporte.

Os pedidos de Lewis Hamilton para a Fórmula 1

Diferente do que muitos podem pensar, o piloto não quer impor sistemas de cotas no esporte. A ideia da Comissão Hamilton é de tornar o automobilismo um sonho acessível para os jovens de todas as origens, algo que já ocorre em outros esportes como o futebol.

Nas entrevistas foram notados que jovens pretos que gostam de Fórmula 1 sonham também em trabalhar com as equipes e não apenas pilotar os carros. Para isso sugerem que as equipes invistam no setor de educação no lugar de apenas ir atrás de engenheiros formados com condecorações.

jovem aprendiz de engenharia operando maquina
Programas de estágios e bolsas para jovens interessados no automobilismo é uma das soluções apontadas (Foto: Shutterstock)

Nesses investimentos incluem programas de estágio; bolsas para jovens interessados em automobilismo que queira cursar engenharia; criar programas educacionais de engenharia em regiões com maior concentração de jovens pretos; e investir em professores pretos na área de engenharia.

Lewis Hamilton diz que dadas as devidas oportunidades, os jovens conseguem realizar tudo ao que se dedicam e suas pesquisas mostram que o potencial dos jovem vem sendo desperdiçado devido a falta de oportunidades na área de ciências e tecnologia.

A resposta da Fórmula 1

O atual presidente e chefe executivo da F1, Stefano Domenicali, recebeu bem o estudo realizado pela Comissão Hamilton. O executivo concordou que a categoria precisa sim trazer mais diversidade étnica e racial:

Concordamos plenamente que precisamos aumentar a diversidade em todo o esporte e tomamos medidas para resolver isso e anunciaremos mais ações nos próximos dias

time da equipe mercedes formula 1
A equipe da Mercedes vem sendo pioneira nessas ações sugeridas por Hamilton. (Foto: Mercedes-Benz | Divulgação)

Domenicali também elogiou o relatório e parabenizou Hamilton por sua dedicação a cuidar desse problema importante. Segundo o executivo é de interesse da categoria formar uma base de fãs mais diversa e abrangente.

A equipe Mercedes, onde Lewis Hamilton corre, está sendo pioneira nesse tipo de ação. Em uma nota oficial a equipe disse que já está tomando algumas das ações sugeridas pela Comissão Hamilton para trazer diversidade ao seu quadro de funcionários.

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