Pneu remold no Brasil é um perigo inaceitável

No Brasil, a falta de uma exigência do Inmetro comprometeu seriamente a confiabilidade deste tipo de componente, por pressão de um fabricante

remoldado
Por fora o pneu remoldado pode ser igual, mas debaixo da borracha... (Foto: Shutterstock)
Por Boris Feldman
Publicado em 16/07/2023 às 15h03

Por que eu sou contrário aos pneus remold? São bons, bonitos, baratos, duram. Eu sou contra porque o Inmetro, encarregado de homologar esses pneus no Brasil, não resistiu à pressão dos fabricantes de deles. Há muitos anos – aquela tal de BS Colway – pressionou.

Pressionou para quê? No Primeiro Mundo, quando você remolda um pneu, você deixa na lateral, na banda lateral, o tipo de carcaça que está lá dentro. “É para um Porsche ou é para uma picapinha de cachorro quente”? As medidas são iguais.

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Depois que o pneu usou, gastou, como é que é feita a moldagem? Tira, raspa toda a borracha, conserva a carcaça e faz outro pneu em cima. Teoricamente não tem problema, mas na prática, se você não mantiver na lateral, qual a característica da carcaça, para que carro aquela carcaça foi projetada, aí nós vamos ter um problema.

Porque você entra numa loja de pneus remold, compra dois pneus iguaizinhos, aro 15, mesmo desenho, mesma borracha, tudo igual, mas um pode ter uma carcaça para Ferrari. O outro pode ter uma carcaça para picape de cachorro quente. Imagina esse carro com dois pneus, um de cada lado, Porsche X Cachorro quente – freia numa curva, a reação é completamente diferente e pode provocar um acidente.

Então o Inmetro homologou no Brasil pneus remoldados que não vem na lateral o tipo de carcaça. Então você não sabe o que você está comprando. Você aparentemente está comprando dois pneus iguais, mas a estrutura pode te jogar no buraco ou pra fora da estrada.

Por isso que o remold no Brasil é um perigo! Não por culpa de quem está vendendo, da loja – inclusive, já reclamaram comigo – por culpa do Inmetro, que cedeu à pressão dos fabricantes e permitiu a homologação, sem constar na lateral o tipo de carcaça.

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3 Comentários
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Gabriel 20 de outubro de 2023

Além das informacoes que estão faltando, tem o fato de que as carcaças não são analisadas antes de passarem pela remoldagem, o que frequentemente resulta em pneus que vem deformados de fabrica — e o dono do carro que se vire depois para conseguir trocar.

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Lucas 17 de julho de 2023

Bom dia,
Neste caso, em quem nós quanto população deve cobrar para que haja “pressão” afim de midar a homologação e passar a identificar o pneu ?
abraços.

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Gabriel 20 de outubro de 2023

A melhor maneira é não comprar pneus remold até que o controle das carcaças seja mais rígido, e as informações da carcaça estejam visíveis no pneu após a remoldagem.

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