Ford Ranger e VW Amarok: por que uma evoluiu e a outra não?

Depois de terem se unido para produzirem carros elétricos e picapes, VW latina desistiu de produzir nova Amarok com base na Ranger

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Nova Ranger serviu de base para a Amarok, mas não no mercado latino (Arte: Ernani Abrahão | AutoPapo)
Por Boris Feldman
Publicado em 03/05/2023 às 19h07

A Ford fechou suas fábricas aqui, mas levou a da Ranger para Argentina? Poucos entenderam a decisão tomada pela Ford Brasil em janeiro de 2021, de fechar fábricas e se tornar uma importadora. Na verdade, filiais de multinacionais não decidem nada, apenas seguem a política determinada por suas matrizes e por isso, uma avalanche de leitores indignados com a mudança da fabricação da Ranger para a Argentina.

Mas não é nada disso. O que Detroit decidiu como política global foi de manter no mundo apenas a produção de SUVs, picapes e comerciais a combustão e eletrificados. Só abriu exceção para o Mustang, por motivos óbvios. Mas cumpriu a ferro e fogo no Brasil, que fabricava as versões sedã e hatch do Ka e o EcoSport. Eliminado o carro, impossível manter o SUV que se utilizava da mesma plataforma.

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Então foi se também o EcoSport. Nem o jipe Troller sobrou, pois a fábrica do Ceará era mantida apenas para cumprir compromisso com governo local. Detroit atirou no que viu e acertou no que não viu, pois eliminou uma enorme pedra no sapato da empresa, que contabilizava R$ 1 milhão de prejuízo por dia na América do Sul. Bom, mas e a picape Ranger?

Ela jamais foi levada para a Argentina. Sempre foi produzida na fábrica de General Pacheco, a 40 quilômetros de Buenos Aires, e continuou em operação, pois se enquadrava, ao contrário dos modelos brasileiros, na política global da Ford. Daí, o portfólio da empresa para o Brasil se tornou apenas de importados. A Ranger da Argentina, linha de comerciais Transit do Uruguai, montada lá de forma terceirizada, Territory da China, Mustang e outros SUVs e picapes nos Estados Unidos, Canadá e México.

Na época do Ford Bigode

Ninguém imagina, mas a Ford iniciou suas operações na Argentina antes mesmo de se estabelecer em 1919 no Brasil. Ela está lá desde 1913 e começou a montar o Ford modelo T em 1917. Depois de outros endereços, acabou se instalando na fábrica atual de General Pacheco em 1961, onde produziu diversos modelos entre automóveis, picapes e caminhões. Eu fui convidado pela Ford para conhecer, na semana passada, a nova linha de montagem da Ranger, que será lançada no segundo semestre deste ano.

Essa linha exigiu investimentos de mais de US$ 600 milhões, R$ 3 bilhões, para transformar a fábrica no padrão 4.0, tecnologia de ponta presente em poucas plantas do mundo. Para não entrar em cansativos detalhes, só vou destacar aqui todo controle da produção é por inteligência artificial. Mais de mil sensores e radares instalados na linha de montagem para detectar qualquer deslize das centenas de robôs e funcionários encarregados da produção.

Ao perceber qualquer distorção no processo, até do aperto de um parafuso, um imediato apito de alerta e a paralisação da linha. A modernização da nova Ranger é ainda maior que a da própria fábrica. Só para ter uma ideia, cada picape tem 50 módulos eletrônicos, mini computadores que gerenciam até o espirro do motorista. Ela segue o padrão internacional da marca.

Virá para o Brasil no segundo semestre deste ano e é semelhante a sua irmã recentemente apresentada pela Ford da África do Sul. Essa visita à fábrica de General Pacheco me deixou com mais uma pulga atrás da orelha em relação à nova parceria Ford/Volkswagen, estabelecida em 2018 para o desenvolvimento conjunto de picapes comerciais, elétricos e autônomos. Coube a Ford o projeto de uma nova Ranger/Amarok, pois a marca é detentora do maior “Know-how” do mundo na fabricação de picapes.

Ranger e Amarok portenhas

A Volkswagen da África do Sul já apresentou sua nova Amarok baseada na Ranger, produzida lá pela Ford. Na Argentina o projeto conjunto seria até mais simples, pois ambas as marcas estão na Avenida Henry Ford. Volkswagen, número 3101. Ford, 3454. Porque ela era uma única unidade durante a Autolatina até 1994. Mas com o fim dessa parceria a área foi dividida entre as duas fábricas.

Entretanto, no ano passado, a Volkswagen do Brasil anunciou não renovar a Amarok com a plataforma da Ranger Argentina e se decidiu apenas por um ‘facelift’ na sua velha picape de 2010. Segundo os bastidores, o rompimento dessa parceria foi pelo preço muito alto, segundo a Volkswagen, pedido pela Ford Argentina. Concessionários Volkswagen do Brasil não gostaram nada dessa decisão.

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1 Comentário
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Alexandre 4 de maio de 2023

Só para deixar claro que a geração atual da Ranger nunca foi fabricada no Brasil…
Sempre veio da Argentina assim como Amarok.

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