Telhado: quem já caiu e quem sobe?

Você entraria hoje como sócio de uma fábrica de motores a gasolina? Pense bem! Esse pode ser um péssimo negócio...

motor a combustão
Por Boris Feldman
Publicado em 15/07/2018 às 10h35

Toda novidade gera reação e com o automóvel não foi diferente: o rei da Alemanha (Kaiser Wilhelm II) disse em 1912: “Eu acredito no cavalo. O automóvel é uma aparição passageira”… Outro dia eu comentei nesta coluna que só as concessionárias de automóveis premium teriam sobrevida garantida. As outras sucumbiriam diante do poder de grandes frotistas que operam o compartilhamento e empresas do tipo Uber. Não cheguei a ser apedrejado, mas poucos concordaram com o raciocínio.

Foi  assim que desapareceram várias empresas gigantescas: não acreditaram estar vindo um tsunami tecnológico. Quando chegou e virou o mercado ao avesso, elas caíram do telhado:

Olivetti – A máquina de escrever não resistiu ao computador, que faz a mesma coisa de forma mais prática e econômica. E dispensa, quando possível, o uso do papel.

Kodak – Não aderiu ao digital com receio de prejudicar a venda de suas máquinas e filmes. Chegou a empregar 100 mil funcionários, faliu e está tentando se recuperar da derrocada.

Polaroid – Não resistiu ao celular, que faz fotos instantaneamente e podem ser imediatamente impressas, com qualidade muito superior.

Blockbuster – Não resistiu ao Netflix e Now: para que alugar um DVD se eu tenho todos os filmes do mundo na minha TV com um clique no controle remoto?

Tower Records – Não resistiu ao YouTube e iTunes: para que comprar discos e fitas se eu os tenho todos à minha disposição? Outras grandes redes de lojas de discos (e livros) estão fechando as portas, derrotadas pelo sistema digital.

O futuro é igualmente incerto para várias profissões e empresas. É certa a derrocada das companhias do setor automobilístico que não estejam se preparando para uma profunda modificação do mercado. Não somente pelas novas tecnologias aplicadas ao automóvel (haja vista a tendência irreversível ao elétrico), como a própria relação consumidor-veículo, pois se prevê que o carro não deverá ter um “dono”, mas um “sócio” no sistema de compartilhamento.

Quem sobe no telhado:

Motores – Motores à combustão estão com os dias (ou anos, para ser mais razoável…) contados. Mais dia, menos dia, todos serão elétricos.

Por que o motor a combustão não presta? O Boris explica aqui!

motor a combustão: O fim do automóvel como conhecemos
Foto BMW | Divulgação

Componentes – Lugar garantido no museu, acompanhando o motor a combustão: arranque, bombas de água, combustível e óleo, ventiladores, sistemas de injeção, radiadores, escapamentos e catalisadores. Câmbios manuais e automáticos, semi-eixos, cardãs e diferenciais.

Troca de óleo – Qual, se elétricos não têm nem motor nem câmbio.

Motoristas –  Taxistas, caminhoneiros e condutores de outros veículos podem ir pensando numa outra atividade. E não será num futuro distante: muitos operadores de máquinas agrícolas já estão desempregados, substituídos por computadores que as controlam no campo!

Estacionamento – Estacionar para quê, se tem Uber? Ou a opção do autônomo que vai ao teatro, volta sozinho para casa e vem buscar o dono mais tarde?

Valet – Mesmo antes do autônomo, já está pronto o carro que procura vaga e estaciona. E volta para a porta do restaurante mediante um chamado do celular do dono…

Concessionárias – A venda do automóvel para a pessoa física vai se reduzir drasticamente, pois a ideia não é a propriedade, mas o direito de uso, o compartilhamento (share). Os carros pertencerão às grandes empresas que administrariam sua utilização. Sobrevivem as que vendem marcas de luxo, automóveis premium.

Oficinas – A manutenção do automóvel será substanciamentel reduzida, pela redução de componentes e acidentes, além do gerenciamento eletrônico dos sistemas mecânico e elétrico.

Autoescola – Quanto tempo vão durar as escolas de formação de motoristas, se o carro autônomo vai dispensá-los?

Pilotos –  É dificil prever se sobreviverão à eletrônica. A Audi desenvolveu um software e colocou um carro para “fazer tempo” na pista. Ele se saiu melhor que os pilotos. Nenhuma novidade: computadores já não estão vencendo nos tabuleiros de xadrez?

Policiais de trânsito – Quem  deverá ser policiado?  O computador segue rigorosamente a legislação, não bebe nem fica sonolento, não ultrapassa na faixa contínua nem avança sinal.

Radar de velocidade – “Armadilhas” para multar têm futuro nebuloso: carro sem motorista não comete infração…

Jornalista especializado – Também “dança”…

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8 Comentários
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paulo e.f. diehl 16 de julho de 2018

mas aqui no PINDORAMA, continuamos insistindo na gasolina [fonte inesgotável e segura de assaltar os consumidores com seu amoral imposto sob diversas siglas de 54% sobre o litro + o cartel de distribuidores e postos ] , e ainda nossa roubada Petrobras [ exponencial cabide de empregos para marajás] cabresteando o preço do álcool para não fazer concorrência a gasolina , assim nossas ”otoridades energéticas” nem pensam em motores elétricos , que conforme estudos técnicos a troca de toda frota nacional aumentaria em , míseros 1% o consumo elétrico, mas não, taxam, além dos 40$ atuais, em + 30% a importação de veículos com essa motorização.

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Henry Carvalho 15 de julho de 2018

Carros autônomos ok e melhor ainda se ele for seu e não precisar compartilhar. Você chama ele e ele vem te buscar depois de já ter levado a sua filha com segurança para o colégio. Você pode deixar alguns pertences de uso pessoal dentro dele. Ele é uma extensão móvel da sua casa. Você pode personaliza-lo. Ter um carro é um conforto enorme para uma família e isso as famílias não irão abrir mão de ter. Mudará apenas o fato de que o carro guiará sozinho, o que é um conforto ainda maior.

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fabio silva 15 de julho de 2018

como sempre…escrevendo muito bem !! parabéns Boris!! Se olhar bem lá no fundo… bem lá dentro vejo um jornalista com jeito de ator “Christopher Lloyd”..olhando para o futuro !! rsrsr abraços Fábio M Silva

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Weverton sacramento 15 de julho de 2018

Concordo Boris o ser humano terá cada vez mais tempo para cuidar da saúde física e mental (e espero que do intelecto).

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Weverton pereira do sacramento 15 de julho de 2018

Boris, com algumas ressalvas que creio ainda demorarão você está certíssimo.

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Joselito Santana 15 de julho de 2018

Do jeito que a tecnologia vai avançando tudo é provavel. Outro coisa tem um seria antiga chamada kit 2000 e alguns anos lançaram outra série chamada A nova super máquina, com um Mustang a primeira foi com um transam m

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Nuno Becker 15 de julho de 2018

Com relação ao automóvel especificamente, a previsão de Boris me parece um pesadelo. Se a coisa realmente se realizar, o futuro será ainda mais chato do que está sendo o presente politicamente correto em que vivemos. O automóvel passará a ser utilitário, como uma máquina de lavar roupa ou um elevador de prédio. Deixará de ser paixão. E consequentemente, desaparecerão as revistas e os sites dedicados ao automóvel. Os idiotas que passam todo o tempo clicando os seus celulares (inclusive enquanto dirigem) terão triunfado!… O que me dá alento é que os futurologistas frequentemente/sempre se enganam (o Hudson Institute que o diga). Previam que em 1970 só teríamos transporte coletivo… Ah é, é? Também, quando (“if”) isso tudo se realizar,” esse maravilhoso mundo novo”, eu já terei passado desta para melhor. Graças a Deus!

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Robson Silva 15 de julho de 2018

Kkk sobrou até para o jornalista!??

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