The Need For Speed e o Porsche 993 (de verdade)

No final de 1994, o Porsche 911 (993) era novidade no mercado e também no game "The Need For Speed", lançado para o futurista sistema 3DO

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O Porsche 933 foi o último 911 com motor boxer 3.6 refrigerado a ar e que também ostentava a estrutura original, de 1963 (Fotos: Marcelo Jabulas/AutoPapo)
Por Marcelo Jabulas
Publicado em 13/08/2022 às 14h03

Recentemente guiei pela primeira vez um Porsche 911. Não se trata da primeira vez num Porsche qualquer, mas num 993. O último dos Nine Eleven com motor arrefecido a ar, quase uma versão Super Sayajin do Fusca. E ao guiar o carro eu percebi algo que tinha “notado” há quase 30 anos em “The Need For Speed”. Como assim? Calma que eu vou explicar melhor.

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Em dezembro de 1994 a Electronic Arts publicou “Road & Track Presents: The Need For Speed”, game de corridas para 3DO que prometia unir a física dos simuladores poligonais do PC com a diversão dos jogos de arcade. A primeira vez que vi esse game foi logo depois de seu lançamento, numa locadora de Belo Horizonte. Tinha um console 3DO, que não atraia muito a atenção da molecada que preferia pagar uns trocados para trocar porrada em “Super Street Fighter II” no Super Nintendo.

Mas eu vi um cara bem mais velho jogando aquele game, que mostrava o interior detalhado do carro. Fiquei esperando ele terminar seu período e rezando para ele não pagar por outra meia hora ou mais. “Seu tempo tá acabando, vai querer continuar?”, perguntou seu Juraci, celebridade entre a molecada do bairro Gameleira.

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Capa de “The Need For Speed” trazia apenas as italianas 512 TR e Diablo VT (Foto: EA | Divulgação)

O rapaz tirou mais R$ 2 da carteira para minha angústia. 30 minutos depois era minha vez, já tinha pago uma hora para jogar aquele jogo, que ainda não sabia o nome. “The Need For Speed” era espetacular. Na pequena TV de tubo de 14 polegadas seus gráficos (hoje rudimentares) pareciam fotorrealistas.

Desenvolvido em parceria com a revista norte-americana “Road & Track”, o game trazia informações detalhadas de seus oito carros. Eram eles: Acura NSX, Chevrolet Corvette (C4) ZR-1, Dodge Viper RT/10, Ferrari 512TR, Lamborghini Diablo VT, Mazda RX-7, Toyota Supra e o novíssimo Porsche 911 (993), que tinha sido lançado no início de 1994.

O conteúdo era tão legal, que contava com gráficos e informações semelhantes às utilizadas na revista. Aquela primeira meia hora foi apenas para bisbilhotar o jogo. Estava mais interessado em ler sobre os carros, inclusive aqueles desconhecidos japoneses (RX-7 e Supra). Mas o que não parava de ficar “lambendo” na tela era a ficha do 993.

O game tinha um infográfico com um narrador que dizia que o modelo marcava os 30 anos do 911, mostrava detalhes externos e internos do carro. Foi quando eu ouvi: “Seu tempo está acabando, vai continuar jogando?, era o seu Jura (era assim que molecada o chamava).

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Em The Need For Speed o Porsche 993 era um dos oitos carros da “garagem” (Foto: Reprodução Electronic Arts)

Mais R$ 2 e vamos jogar de fato “The Need For Speed”. Claro que não poderia ter escolhido outro carro que não fosse o 993. Ele estava longe de ser o carro mais potente da lista, afinal Diablo, 512, Vette e Viper eram muito mais potentes. Mas não me importava, queria guiar um Porsche.

Para o amigo que não conhece o game entender melhor, o primeiro “NFS” tinha apenas três trajetos: uma estrada litorânea, outra por uma floresta e uma urbana. Cada trecho é composto por três estágios.

O objetivo é chegar na frente do adversário em pelo menos dois desses trechos. Para isso é preciso acelerar forte, saber segurar nas curvas, desviar do tráfego e claro, fugir da polícia. Pode parecer até simplório, mas não dava para colocar muito conteúdo num CD-ROM de no máximo 700 MB. Estamos falando dos anos 1990.

O Porsche 993 de The Need For Speed e o real

Mas foi nessa brincadeira aí que veio aquela sensação que mencionei no início do texto. Depois de experimentar os oito carros, e várias vezes o 911, eu saquei o Porsche era o mais maneiro de guiar, ele tinha uma aceleração linear, sem trancos, nada de turbina abrindo ou compressor enchendo.

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Partida à esquerda, herança das 24 Horas de Le Mans

Mesmo incapaz de superar Ferrari e Lamborghini nas retas, o 993 gostava mais de descolar a traseira. Era bem mais legal. No 993 a sensação era parecida. Dias antes tinha testado um Audi RS5 Sportback, um Macan GTS, ambos com o mesmo motor V6 biturbo de de 450 e 440 cv, na ordem, além de um Cayenne híbrido e um e-tron Sportback.

Mas ao dar a partida, com a mão esquerda, engatar a primeira manual e deixar aquele Fuscão desfilar, não tinha nada de patada no peito. Ele acelera maneiro, com aquele som delicioso e legítimo, sem subwoofer para amplificar o ruído, sem ajuste de amortecedor.

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Debaixo da inconfundível silhueta do 993, esconde um boxer 3.6 de de 285 cv

Embreagem firme, caixa justinha, nada de volante com regulagem de altura. Você pode guiar esse carro numa viagem ou apenas ir na feira para colocar as sacolas nos dois micro bancos traseiros, tudo é uma delícia.

Como foi bom ter 15 anos outra vez.

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