O que é Porpoising? Fenômeno está tirando o sono das equipes de Fórmula 1 em 2022

Resolver o porpoising, também conhecido como efeito golfinho, pode ser determinante para se sobressair na disputa pelo título

Red Bull e Ford podem fechar parceria técnica a partir da temporada 2026 da Fórmula 1
Red Bull foi uma das equipes que melhor compreendeu o regulamento técnico de 2022 (Foto: Red Bull Racing)
Por Bernardo Castro
Publicado em 03/04/2022 às 10h14
Atualizado em 04/04/2022 às 15h56

A fim de aumentar a competitividade na categoria, a Fórmula 1 fez alterações no regulamento técnico, que trouxeram mudanças significativas para os carros de 2022. As duas primeiras corridas do ano mostraram que o objetivo da categoria está sendo cumprido, mas nem tudo são flores.

O regulamento consiste em trazer de volta o efeito solo, que faz a pressão aerodinâmica ser trabalhada pelo assoalho. Mas isso trouxe um grande problema para as equipes: o porpoising, ou efeito golfinho (como está sendo chamado aqui no Brasil).

O “fenômeno” aparece quando os monopostos estão em trechos de alta velocidade – como em curvas velozes ou final de retas. Assim, os bólidos começam a trepidar, como se estivessem “quicando” no chão.

VEJA TAMBÉM:

Os simuladores das fábricas, por mais avançados e tecnológicos que sejam, não foram capazes de detectar o porpoising, e a Fórmula 1 só tomou ciência desse problema quando os carros foram para a pista pela primeira vez, durante os testes de pré-temporada, que aconteceram no final de fevereiro, em Barcelonan a Espanha. E a situação não é tão fácil assim de se resolver, pois ela está diretamente ligada às novas regras.

Como acontece o Porpoising

O Downforce é algo extremamente importante no automobilismo. Para consegui-lo, algumas peças são construídas de forma que, quando o carro está em movimento, o fluxo de ar percorra a parte de baixo em maior velocidade do que na parte de cima. Isso gera uma força vertical sobre o veículo, que o faz ficar mais colado no chão, conferindo mais aderência e permitindo fazer curvas em velocidades mais elevadas.

Até 2021, a pressão aerodinâmica era gerada, principalmente, pelas asas traseiras e dianteiras, carenagem e difusor. Agora, o foco está no assoalho, que conta com os “túneis venturi”.

Ele é o responsável por acelerar a passagem de ar pelo assoalho e por criar uma zona de baixa pressão, que “suga” o carro para baixo. A partir daí é gerado o efeito solo. Mas a pressão está tão grande que os resultados não sendo os esperados.

Quanto mais rápido o monoposto está, maior é a velocidade do ar que passa sob ele, fazendo com que o bólido fique cada vez mais colado ao solo. No entanto, chega um certo momento que a proximidade é tanta que o fluxo de ar é interrompido.

Dessa forma, a diferença de pressão entre a parte de cima e de baixo se torna nula, e o carro deixa de ser pressionado para baixo, o que faz sua altura subir repentinamente. Quando distante do chão, o efeito solo volta a funcionar: o carro se abaixa novamente e acaba entrando em um ciclo vicioso.

Além do efeito causado pelo assoalho, o porpoising também é uma consequência do aumento da rigidez das suspensões e da diminuição do efeito amortecedor dos pneus deste ano.

Isso afeta a aerodinâmica, deixando o carro mais instável, e dificulta a condução em pontos de frenagem e nas curvas.

Como resolver o efeito golfinho

A solução do porpoising não é tão simples, pois está atrelada ao projeto base do carro. E como os simuladores não detectam o problema, as equipes precisam encontrar as soluções e testar as novas variáveis durante as atividades de pista, principalmente nos Treinos Livres (que representam um total de 4 horas por fim de semana de corrida).

Uma alternativa é deixar o monoposto um pouco mais alto para que o assoalho fique mais distante do chão e o fluxo de ar não seja interrompido. Mas essa alternativa desencadeia outros malefícios para o bólido, que perderá rendimento, pois o efeito solo será menor. Então, de forma isolada, a medida não é o suficiente.

Algumas escuderias, como Ferrari e Red Bull, conseguiram amenizar o problema sem sacrificar a velocidade com um desenho de sidepods e do assoalho, que ajudam a manter a parte de baixo do veículo “selada”. Isso mostra porque as duas equipes são as mais rápidas na temporada 2022, mas o porpoising ainda não foi completamente resolvido. Por isso, o primeiro time que sanar o problema de vez estará em grande vantagem neste ano de mudanças.

Newsletter
Receba semanalmente notícias, dicas e conteúdos exclusivos que foram destaque no AutoPapo.

👍  Curtiu? Apoie nosso trabalho seguindo nossas redes sociais e tenha acesso a conteúdos exclusivos. Não esqueça de comentar e compartilhar.

TikTok TikTok YouTube YouTube Facebook Facebook X X Instagram Instagram

Ah, e se você é fã dos áudios do Boris, procure o AutoPapo nas principais plataformas de podcasts:

Spotify Spotify Google PodCast Google PodCasts Deezer Deezer Apple PodCast Apple PodCasts Amazon Music Amazon Music
2 Comentários
Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site. Comentários com palavrões e ofensas não serão publicados. Se identificar algo que viole os termos de uso, denuncie.
Avatar
Paulo Lima 17 de junho de 2022

Um problema típico de sistemas de controle! Interessante!

Avatar
Laercio Ribeiro Junior 3 de abril de 2022

Muito bom termos materias sobre F1 aqui no autopapo. Como amante dos esportes a Motor, gostaria de ver tembem materias sobre a STOCK CAR e MOTO GP.

Avatar
Deixe um comentário