Audi R8 se despede após 18 anos de mercado

Conheça a trajetória do esportivo alemão que mais que dar visibilidade para a marca das quatro argolas, mas garantiu a sobrevivência da Lamborghini

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Audi R8 colocou a Audi no mercado de super esportivos (Fotos: Audi | Divulgação)
Por Marcelo Jabulas
Publicado em 26/03/2024 às 13h03

A Audi acaba de encerrar a produção do R8, o supercarro com motor central traseiro, que se tornou um ícone da marca alemã. Lançado em 2006, o modelo se diferenciou de tudo que a marca já tinha produzido até então e provou que ela também era capaz de construir carros de alta performance. Mas depois de 18 anos de labuta, chegou a hora de sair de cena, principalmente que sua razão de existir: o Lamborghini Huracán também terá produção encerrada este ano.

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O R8 se tornou um ícone e teve duas gerações, com opções cupê e roadster, que acumularam mais de 40 mil unidades produzidas. Ao longo dos anos, ele foi equipado com dois motores: V8 4.2 e V10 5.2, sendo que com o bloco maior, o R8 poderia entregar até 620 cv.

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Superesportivo possui aerofólio traseiro fixo feito de CRFP

Audi R8 e cultura pop

O modelo ficou famoso por participações no cinema como em “Homem de Ferro”, que era um dos carros do excêntrico bilionário e gênio Tony Stark. Também fez ponta em “Cinquenta Tons de Cinza” e outras produções.

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Para quê voar se Tony Stark pode dirigir seu R8? (Foto: Reprodução | Paramount)

No Brasil, o R8 protagonizou uma cena inusitada, durante o Salão do Automóvel de São Paulo, em 2012. Na ocasião, a Audi levou um R8 Spyder para que o público pudesse guiar.

No entanto, a Volkswagen tinha convidado o jogador Neymar para a apresentação do conceito Taigun. Na saída, foi oferecido ao jogador uma volta no R8, que aceitou e foi parar com o carro em Santos.

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Menino Ney “deu perdido” no R8 do Salão de São Paulo (Foto: Reprodução | Redes Sociais)

Audi R8 e a Lamborghini

No final dos anos 1990, a Audi já tinha se estabelecido como uma fabricante premium em pé de igualdade com BMW e Mercedes-Benz. Ela já tinha conquistado respeito nas pistas como o revolucionário Quattro S1 e S2 nas provas de rali e doutrinou no IMSA norte-americano com o 90 GTO.

No entanto, ela queria algo mais cativante que o simpático TT. Para desenvolver o R8, a Audi precisou buscar conhecimento em Sant’Agata Bolognese, na Itália. Isso porque o modelo teve como base o primo Lamborghini Gallardo.

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Lamborghini Gallardo serviu de base para o Audi R8 (Foto: Lamborghini | Divulgação)

A história do R8 começou em 1998, quando a Audi assumiu o controle da marca italiana. Naquele momento a Lamborghini fabricava apenas um único modelo, o Diablo, que já estava em linha há 8 anos.

Não demorou para a Audi encomendar ao designer Luc Donckerwolke, um sucessor para o supercarro, que chegaria ao mercado em 2001 como Murciélago. Era uma evolução direta do Diablo e consequentemente do Countach.

Mas a Audi sabia que precisa de um modelo mais “básico” para aumentar o volume de produção, uma vez que o Diablo tinha uma tiragem na casa de 250 unidades anuais e com o Murciélago não deveria ser diferente. Ou seja, ou ela dava um jeito de vender mais carros ou correria o risco de ver os US$ 110 milhões gastos na aquisição evaporarem. E o pior, ser responsável pela quebra da lendária marca criada por Ferruccio Lamborghini nos anos 1960.

Foi aí que nasceu o projeto do Gallardo, que seria um supercarro como o irmão maior, mas com algumas simplificações, entre elas as portas de abertura convencional e um motor mais “modesto”, um V10 5.0 aspirado de 500 cv. O carro ficou pronto em 2003.

Audi R8 era um Gallardo para emergentes

E deu certo, pois o Murciélago terminou seu ciclo com menos de 4 mil carros montados e o Gallardo teve nada menos de 14 mil unidades produzidas, um marco para a Lamborghini. No entanto, para tornar o Baby Lambo viável era preciso gerar escala de produção para diluir os custos. Foi aí que eles uniram a fome com a vontade de comer.

Logo depois do lançamento do Gallardo, a Audi apresentou o conceito Le Mans Quattro, que era um Gallardo com cara de Audi. Mas antes, a marca já tinha preparado o terreno com conceitos como Rosemeyer, que remetia aos flechas de prata Type C e Type D, que a Auto Union (precursora da Audi) criou nos anos 1930.

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Aud Le Mans Quattro era um conceito que trazia o R8 praticamente finalizado

Em 2006 o R8 final foi revelado, primeiramente com motor V8 4.2 da própria Audi. A unidade entregava algo em torno de 420 cv e 43 kgfm de torque. Em 2009, a Audi resolveu aplicar o motor do Gallardo, que tinha sido aprimorado. O V10 5.0 teve seu deslocamento elevado para 5.2, além de receber melhorias e a potência subiu para 525 cv.

Com a chegada da segunda geração em 2015, o V10 se tornou padrão, tanto na carroceria aberta, como na carroceria fechada. Com isso, a Audi conseguiu escala de produção para diluir o custo de fabricação do Huracán, que tinha sido apresentado no ano anterior.

audi rosemeyer frente 2000
O estranho Rosemeyer prestava homenagem a Bernd Rosemeyer (foi piloto da Auto Union nos anos 1930) e antecipou o projeto de um esportivo com motor central

O R8 ainda ganhou uma inédita versão com tração traseira batizada de R8 RWD, que mais uma vez ajudou a diluir os custos da marca italiana. Isso porque Huracán ganhou uma versão de rua com tração nas rodas posteriores com base no GT3 Evo.

E com o fim da linha do Huracán programado para este ano, o R8 perdeu sua razão de existir. Hoje quem segura as pontas de Sant’Agata Bolognese é o Q8 e seu primo rico Urus.

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