O Brasil e seus carros zero km que deveriam estar num museu

Modelos defasados, com tecnologia obsoleta, carrocerias repuxadas e plataformas do passado ainda saem das linha de montagem nacionais

volkswagen saveiro extreme 2024 cinza oliver dianteira
Estica dali, coloca um plástico aqui e um carro com 13 anos fica novo de novo (Foto: VW | Divulgação)
Por Boris Feldman
Publicado em 29/10/2023 às 15h03

O Brasil ainda é palco, acreditem se quiser, para um show de obsolescência, pois apesar de alguns modelo de automóveis mais modernos, existem os resilientes, com projetos de dez anos ou mais já arquivados no primeiro mundo. Quais?

VEJA TAMBÉM:

Citroën C4 Cactus: derivado do hatch C3 que já está em nova geração. Lançado na Europa em 2014, continua firme no nosso mercado desde o seu lançamento em 2018.

Chevrolet S10 e Trailblazer: a picape S10 já deu o que tinha que dar, pois ganhou uma nova geração em 2012, quando foi lançado seu SUV Trailblazer.

Chevrolet Spin: monovolume de sete lugares, lançado em 2012 e com a carroceria esticada de tanto bisturi para disfarçar as rugas. E com o arcaico motor 1.8 que já foi do Monza e até do Fiat Stilo, lembra?

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A Spin é um remendo derivado do Cobalt, com motor de Monza, mas segue firme no mercado (Foto: GM | Divulgação)

Mitsubishi Triton L200: produzida no Brasil em Catalão, Goiás, por um grupo nacional licenciado pela matriz japonesa. Foi lançado em 2014 e vem recebendo facelift desde então.

Peugeot 2008: um crossover, ou SUV, lançado há dez anos no Salão de Genebra, mas que chegou no Brasil em 2015.

Renault ou Dacia: se a ideia hoje da francesa é sofisticar seus produtos mundialmente, no Brasil ela pensou o contrário no passado e trocou os modelos da Renault pelos de sua subsidiária romena, a Dacia. Resistentes, espaçosos e baratos, tinha o perfil ideal para o nosso mercado, que começou há 20 anos com o sedã Logan em 2004, e seu hatch Sandero, em 2007. O SUV Duster em 2010 e a picape Oroch em 2016, todos aí até hoje.

Toyota Hilux e SW4: a atual geração da picape Hilux foi lançada em 2015, mas recebeu reestilização em 2021, com óbvios sinais de atraso em relação à concorrência, que não para de lançar modernidades.

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A Toyota SW4 recorre a um conceito praticamente extinto, dos SUVs derivados de picapes com chassi sob carroceria (Foto: Toyota | Divulgação)

Volkswagen Saveiro: nova geração lançada há 13 anos, ainda baseada na plataforma do gol, aposentado por obsolescência. Ótima picape, mas não resiste à modernidade dos vários recentes lançamentos. Tão anacrônica ,que a Volkswagen apresentou no Salão do Automóvel de 2018 uma novíssima picape. Um conceito, a Tarok, com a MQB, nova plataforma mundial da marca. O projeto foi para o lixo e a Saveiro acaba de voltar com uma simplória cirurgia plástica.

Volkswagen Amarok: também há 13 anos no mercado, sua obsolescência se traduz em vendas pífias. Na África do Sul, a Volkswagen se valeu da parceria mundial com a Ford, maior produtora mundial de picapes e comprou o projeto da novíssima Ranger, vestindo-a de Amarok. No Brasil, achou que não valia a pena o investimento e usou o mesmo bisturi aplicado na Saveiro para apresentá-la em 2024, com uma ligeira modernização de estilo. É uma boa opção, até mais potente que a Ranger, com 258 cv que podem ser anabolizado em mais 14 cv graças a um booster. A da Ford tem 250 cv, mas humilha a da Volkswagen com um show de tecnologia eletrônica.

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Enquanto outras filiais da VW decidiram utilizar a nova Ranger para atualizar a Amarok, por aqui a solução foi fazer uma plástica (Foto: VW | Divulgação)

E a Volkswagen Tiguan? A fábrica acaba de anunciar no Brasil o novo Tiguan Allspace de sete lugares. Mais um desprezo da marca pelo nosso mercado, pois não se trata de uma novidade, mas praticamente o mesmo modelo que foi importado do México até outubro de 2021, há dois anos. Só com um ligeiro facelift, agora.

E depenada, não tem mais tração nas quatro, só na dianteira, além de ter perdido 34 preciosos cavalos para se enquadrar na nova legislação de emissões. E o pior é que já foi apresentado na Alemanha o novo, de verdade, Tiguan. Completamente reformulado, modernizado e até híbrido, que ainda vai demorar a dar as caras por aqui.

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22 Comentários
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Jorge L Rodrigues 1 de novembro de 2023

Bom a se pensar que o mundo está pagando o preço alto por esse motivo , lá fora principalmente nos EUA a política de jogar fora oque se ainda pode aproveitar pra comprar um mais moderno está contribuindo imensamente com aquecimento global, esse é soumfos motivos , então não vejo problema em usar algo ultrapassado porém ainda muito útil, isso contribui para uma melhora significativa com meio ambiente

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Fransérgio Gomes Delgado 31 de outubro de 2023

Concordo com alguns e discordo de outros.
Spin, esses Renault pífios e a não vinha do novo Tiguan são de lascar mesmo.
Agora, Hilux está ultrapassada e a concorrência evoluiu? Você mesmo criticou S10, L200 e Amarok… Ou seja, só a Ranger evoluiu… Você mesmo se contradiz…

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Eu eu 31 de outubro de 2023

Simples comprem carros usados, completo e baratos como subaru, honda civic, etx

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Comentuaqui 31 de outubro de 2023

Papinho mais besta… se ninguém comprar carro novo, não terá carro usado. Além disso, o usado vai subir de preço, aí o seu “barato”, já era. Inclusive isso aconteceu recentemente, durante a pandemia, onde teve inclusive, carros usados mais caros do que carros novos (por conta da fila pra entrega do novo). Nem sempre comprar usado é melhor. Compre o que você consegue pagar e pronto.

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Rozinaldo Warle Santos 31 de outubro de 2023

Sempre rabuchento. Mas também recebi pra isso ( ou seja pra nada)
Os engenheiros que não criaram nada no passado e deveriam agregar conhecimento mas criticar é mais fácil.

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Felipe 31 de outubro de 2023

Quem é vc na frente do rabugento? Nd!.

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Comentarista 31 de outubro de 2023

O autor faz parte da geração de engenheiros do passado e está discorrendo justamente sobre os projetos do passado, aos quais já deveriam estar aposentados. No entanto, você diz que ele faz parte dos “engenheiros que não criaram nada no passado”. Meio incoerente.

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Marcelo Soares 31 de outubro de 2023

Brasil, cobaia da indústria automobilística mundial. O que não funciona vem pra cá que vende

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Joubert Santos 31 de outubro de 2023

Brasileiro não sabe comprar carro, prova é o kwid, quem na sua sã consciência compraria um carrinho daquele, péssimo em tudo? Lógico, o brasileiro, a culpa por termos carros obsoletos é nossa, se soubessemos comprar bens duráveis, as empresas não trariam qualquer.coisa pra cá!

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André Carpes 31 de outubro de 2023

Trata-se de uma explanação fútil. É economicamente impraticável pensar em acompanhar os lançamentos europeus (quem aqui não consegue enxergar isso?). Somos apenas uma republiqueta sul americana que sequer consegue se livrar da sombra de um possível retorno do regime militar, que troxe décadas de atraso e alienação para este povo. Bem coisa de republiqueta mesmo!

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Ricardo Vasconcellos 30 de outubro de 2023

E a Honda vem aumentar a lambança com a nova velha porcaria, o ZRV
Parece piada

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Polvo 30 de outubro de 2023

O motor da Spin acho que é da família 1, ou seja, vulgo motor do Corsinha e não do Monzão.

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Polvo 30 de outubro de 2023

O que eu não entendo é que a VW tirou o motor 1.6 16v de linha para o Polo e Virtus alegando que não se enquadrava nos níveis de emissões do Proconve L7, porém manteve nesta Saveiro. Alguém pode explicar a lógica disso?

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Paolo Xavier 30 de outubro de 2023

A verdade é que o brasileiro médio não tem renda para acompanhar as inovações, trazidas para cá a peso de ouro. Exemplo claro é o atual Honda Fit, que a montadora desistiu de trazer para cá pelo alto custo do projeto, optando pelo City, próprio para países emergentes. O mais absurdo é o preço cobrado por modelos obsoletos e isso ainda poderia ser pior! Se os modelos aqui acompanhassem os lançamentos europeus, o carro mais barato por aqui não saíria a menos de 150 mil, por baixo.

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Matheus Eduardo Braga 30 de outubro de 2023

O motor 1.8 do monza é o F2 enquanto o 1.8 do Stilo era o F1. A GM nunca vendeu o motor 1.8 F2 para as outras montadoras, apenas o 1.8 da Família 1, o mesmo equipou o Corsa, Palio e Stilo. Aliás quem aí se lembra que a Chevrole tirou de linha a Montana do Corsa C que foi projetada em 2002 e colocou no lugar a Montana Agile que teve plataforma de 1994

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Diego 30 de outubro de 2023

Você está certo. Mas o motor continua antigo, igual.

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Rômulo Passos 31 de outubro de 2023

A única coisa que permanece antiga é o conceito e distância entre os cilindros. Tirando a concepção do bloco (em ferro), TODO RESTO (coletores, alimentação, ignição, cabeçote, pistões, anéis, arrefecimento etc etc) é diferente, inclusive o bloco (altura, galerias, diâmetro dos cilindros, brunimento). Ou seja, o motor do Corsa é o bisavô e o do Monza é o tataravô, mas não são o mesmo motor.

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Polvo 30 de outubro de 2023

O motor família 1 apesar de antigo tem sua qualidades. Eu tenho um Corsa C ano 2012 com o motor 1.4 e vou te falar que esse motorzinho é guerreiro, tem boa elasticidade e é barato de manter. Mérito da engenharia da GM do Brasil que teve que melhorar um motor jurássico.

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Franklin 31 de outubro de 2023

Sobre a sw4. Eu achava que pra ser SUV deveria ser sobre plataforma de camionete. Qlqr coisa fora disso é crossover ou pseudo suv. Tem gente dizendo q pulse ou sandero são SUVs… nem HRV é SUV. Pra ser SUV tem q usar plataforma de chassi e carroceria sim. Até nos states até hj e assim… ou estou falando bobagem?

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Paulinho 29 de outubro de 2023

Aqui no Brasil a única coisa que as montadoras, atualizam é o preço destas carroças.
Também, se colocarem quatro rodas numa pilha de tijólos e anuciarem como um automóvel topo de linha, tem sempre um otátia que vai lá e compra.

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Ju Rock'n'Roll 31 de outubro de 2023

Disse tudo! Vai o otário para ostentar e financia em 290 vezes. Por causa dessa turma nunca diminuirão os preços dos carros aqui na bananalândia.

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Paulinho 5 de novembro de 2023

É bem isso mesmo, e as montadoras sabem disso e nunca irão cobrar preços que realmente os carros valem.

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