Caoa Chery realiza o sonho de uma fabricante de carros 100% brasileira

Setor de engenharia da empresa já aperfeiçoa produtos por conta própria e tem estrutura para criar projetos de veículos

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Unidade industrial em Anápolis (GO) é totalmente operada pelo Grupo Caoa (Foto: Caoa Chery | Divulgação )
Por AutoPapo
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Publicado em 17/05/2022 às 15h05

O Brasil é um dos maiores produtores mundiais de veículos; porém, tradicionalmente, esse setor é ocupado por multinacionais estrangeiras. Décadas atrás, quando o mercado era fechado, algumas marcas nativas, como Gurgel e Puma, chegaram a despontar, mas nenhuma delas resistiu à abertura às importações, nos anos de 1990. Contudo, hoje, apenas a Caoa Chery e a HPE Automotores mantêm o sonho das empresas nacionais no ramo de automóveis.

A HPE Automotores representa atualmente, no Brasil, as marcas Suzuki e Mitsubishi: atua com a importação de automóveis desses fabricantes, mas também monta alguns modelos em uma unidade industrial própria, em Catalão (GO), erguida em 1998. A empresa surgiu em 1967, como Grupo Souza Ramos, em alusão aos sobrenomes do fundador, Eduardo. Inicialmente, era um concessionário Ford em São Paulo (SP). O negócio se expandiu e um dos resultados foi a SR Veículos Especiais, que transformava produtos da marca entre 1979 e 1996.

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Por sua vez, o Grupo Caoa surgiu em 1979, por iniciativa do médico e empresário Carlos Alberto de Oliveira Andrade (o nome da organização é formado pelas iniciais dele): por coincidência, ele adquiriu uma concessionária também da Ford, em Campina Grande (PB). Na década de 1990, a empresa foi representante, por um breve período, da francesa Renault. No início dos anos 2000, deu um salto ao se tornar importadora dos veículos Hyundai.

Em 2007, a Caoa começou a operar uma fábrica própria em Anápolis (GO), montando veículos da marca coreana. Em 2017, a empresa ganhou novo impulso ao se tornar parceira da Chery: passou a controlar 50,7% das operações, incluindo a unidade industrial construída pela marca chinesa em Jacareí (SP). De lá para cá, vem crescendo no mercado e, em 2021, obteve um avanço de 97% em relação ao ano anterior, alcançando 1,03% de participação, com 39.747 carros comercializados.

Boris Feldman comenta sobre o crescimento da Caoa Chery no mercado: assista ao vídeo!

Caoa Chery tem grande setor de engenharia no país

Hoje, as atividades no Brasil incluem, além de produção, importação, venda e serviços, um setor de engenharia com grande nível de autonomia em relação à parceira chinesa. As mudanças nos projetos vão muito além de adequações nos sistemas de alimentação de combustível e de suspensão, comuns em praticamente todos os veículos vendidos no país.

Muitos produtos da marca passam por mudanças específicas para o mercado nacional, inexistentes na Ásia. Leonardo Lukacs, diretor de engenharia da Caoa Chery, explica que as alterações podem incluir a adoção de equipamentos exclusivos: ele cita como exemplo o Tiggo 7 Pro, que ganhou ajuste telescópico de altura do volante e retrovisor interno eletrocrômico, ausentes no similar chinês.

Em outros casos, porém, as modificações são mais profundas e atingem motor, transmissão e arquitetura da suspensão. O já citado Tiggo 7 Pro ganhou, por iniciativa da Caoa Chery, um novo conjunto de suspensão traseira independente, do tipo multibraço.

Outros modelos, como o Arrizo 6 Pro e o Tiggo 5x Pro também passaram por modificações de engenharia na parte mecânica. Além do mais, os veículos costumam ganhar aperfeiçoamentos no isolamento acústico. Essa modificação visa adequar melhor os projetos às condições de rodagem do país.

Autonomia

O diretor de engenharia destaca que a equipe é experiente e altamente capacitada: o próprio Lukacs já atuou no departamento de desenvolvimento de produtos da Ford. Ele afirma que esses projetos permitem aprofundar ao máximo os conhecimentos dos profissionais. O objetivo é oferecer produtos que atendam aos gostos e às necessidades dos consumidores brasileiros, que têm particularidades em relação aos públicos de outros países.

O presidente da Caoa, Mauro Correia, acrescenta que a autonomia da empresa vai além do desenvolvimento do produto, envolvendo também as experiências de venda, pós-venda e serviços. Assim, segundo ele, é possível entender o mercado por inteiro e seguir crescendo.

Correia destaca que a Caoa Chery já possui grande rede logística e uma estrutura completa para testes de produtos, que inclui uma pista, em Anápolis (GO). Nas instalações da região Centro-Oeste, a empresa mantém também um Centro de Pesquisa e Eficiência Energética, que avalia a eficácia dos motores, os materiais aplicados aos veículos e os níveis de emissões de poluentes, entre outras funções.

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Centro de Pesquisa e Eficiência Energética do Grupo Caoa localiza-se em Anápolis (GO)

Caoa Chery pode criar carro 100% nacional?

Com todo esse know-how, seria possível para a Caoa Chery desenvolver todo o projeto de um carro aqui no Brasil? O presidente da empresa pondera que a decisão de criar um produto de maneira independente envolve diversas variáveis: ele atrela o sinal verde para esse tipo de projeto a uma boa oportunidade de negócio no mercado. Mas, dito isso, ele afirma:

Sem falsa modéstia, nós podemos dizer que a engenharia da Caoa Chery está preparada para gerenciar o desenvolvimento completo de um produto.”

Contudo, Correia pontua que, com a crescente globalização, parcerias entre fabricantes de diferentes países tornam-se cada vez mais necessárias. Plataformas e componentes eletrônicos, por exemplo, já são compartilhados por produtos de diversas marcas em todo o mundo.

Por sua vez, o Diretor Técnico da fábrica da Caoa em Anápolis (GO), Márcio Alfonso, explica que o automóvel é fruto de uma combinação de projeto e fabricação. “As manufaturas são nossas; a parte da criação do produto já é uma questão estratégica”, conclui.

Empresa brasileira

Apesar de a Caoa Chery ter um grande nível de independência em relação à parceira chinesa, que lhe permite fazer modificações significativas nos produtos antes de lançá-los no mercado local, a linha é baseada em projetos estrangeiros. Consequentemente, a organização ainda importa muitos componentes necessários para a manufatura dos veículos.

Nesse ponto, os executivos da Caoa Chery afirmam que já estão trabalhando para aumentar o conteúdo local dos veículos e planejam atingir um índice de nacionalização de 40% nos próximos dois anos. Alfonso explica que a ampliação desse percentual depende de questões logísticas e demanda muitos investimentos: “é um processo gradual, não é rápido; ele cresce à medida que o nosso volume cresce.”

Nesse ponto, a estratégia da empresa é a de nacionalizar componentes cujo transporte é mais difícil e oneroso, como rodas de liga leve, vidros e bancos. Para fazer isso, a Caoa Chery vem aumentando a rede de fornecedores locais, que atualmente conta com 44 sistemistas, com perspectivas de chegar a 50. Entre essas empresas, estão Bosch, Delphi e Magneti Marelli.

Mesmo com tais ações para aumentar ainda mais autonomia em relação à China ainda em curso, Correia não hesita em destacar a nacionalidade da empresa, referindo-se a ela como legitimamente brasileira. Isso, porque as operações incluem todas as etapas, desde o desenvolvimento e a produção até a assistência. Além do mais, a Caoa Chery detém a responsabilidade técnica pela qualidade dos produtos. Ele sintetiza:

Nossa visão era a de montar uma marca nacional; e nós montamos.”

Elétricos e híbridos vêm aí

dianteira arrizo 5e
Caoa Chery já vende no Brasil o Arrizo 5e, que tem preço de R$ 159.900

Desde 2019, a Caoa Chery já vende um carro elétrico 100% elétrico no Brasil: o Arrizo 5e. O próximo passo será aumentar a oferta de automóveis elétricos e também oferecer híbridos no mercado nacional. Lukacs afirma que os trabalhos com esses produtos já estão em curso, uma vez que eles são necessários para cumprir os objetivos do programa Rota 2030. Ele garante:

Nós temos planos de desenvolver vários níveis de hibridização ainda em 2022.”

O diretor de engenharia acrescenta que esses modelos passarão por aperfeiçoamentos antes dos respectivos lançamentos, como já ocorre com os carros a combustão da marca: esses, aliás, foram alvos de trabalhos recentes da equipe, para se adequarem à fase L7 do Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores (Proconve).

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