Desleixo do motorista o deixa a pé na estrada. Ou no hospital. Ou…

Motorista não quer saber de nível do óleo nem idade do pneu. Depois reclama que ficou a pé na estrada... ou pior

motorista chateado com carro quebrado
Ficar parado na estrada pode ser o menor dos problemas (Foto: Shutterstock)
Por Boris Feldman
Publicado em 29/05/2021 às 07h00

Difícil entender a despreocupação do motorista com a manutenção do carro, que pode lhe custar uma boa grana ou até a própria vida. E está enganado quem acha que o desmazelo é só no Brasil, pois é o mesmo no Primeiro Mundo.

Pesquisa publicada esta semana realizada pela empresa inglesa Kwik Fit revelou que um em cada cinco donos de automóveis (19%) na Inglaterra não verifica o nível de óleo do motor. Deles, 8% sequer sabem como efetuar esta avaliação e os outros 11% sabem, mas não a fazem. A Kwik Fit é uma grande rede de postos de serviços e troca de óleo com mais de 600 pontos no Reino Unido.

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Teoricamente, os motoristas deveriam verificar o nível do óleo semanalmente, como recomendam os especialistas no assunto. Mas a pesquisa revelou que apenas 8% deles o fazem, mesmo assim num intervalo dobrado, ou seja, quinzenalmente. Outros 62% só verificam o nível cada três meses. E, pior, 8% confessam só puxar a vareta uma vez por ano.

Homem mais cuidadoso que mulher

Há diferenças entre homens e mulheres. Apenas 2% dos primeiros dizem não saber como conferir o nível do óleo, mas o percentual cresce para 14% junto ao publico feminino. E também na faixa etária: 6% dos proprietários de automóveis acima de 55 anos afirmaram não saber como fazer a verificação, percentual que subiu para 10% entre 18 e 34 anos de idade.

A Kwik Fit acredita que muitos motoristas perderam o hábito ou reduziram a frequência de verificar as condições do automóvel porque o utilizaram muito menos durante a pandemia.

É difícil explicar o quase desprezo de tão elevada parcela de motoristas por um item dos mais importantes (talvez o mais) na manutenção do automóvel. Óleo insuficiente é fatal para o motor. E, com prazo vencido também, pois costuma provocar a temida borra.

Não tenho conhecimento de nenhuma pesquisa similar por aqui, mas tenho certeza de que a situação no Brasil deve ser semelhante, ou pior. Como jornalista especializado, me assusto com a quantidade de donos de automóveis sem a menor ideia a respeito de procedimentos básicos de manutenção. E confessam cometer as mesmas barbaridades dos ingleses.

A situação só não é pior graças aos frentistas que, enquanto abastecem o carro, se oferecem para levantar o capô e verificar os níveis dos fluidos. O óleo do motor integra a lista que engloba também o líquido de arrefecimento do radiador, o fluido de freio e embreagem hidráulica, o de limpeza do para-brisa, etc.

A troca regular do óleo só acontece durante o período de garantia, nas revisões realizadas na oficina da concessionária. Depois, é uma incógnita. Depende de o dono do carro continuar levando-o nela ou em outra oficina independente de bom nível. Caso contrário, o carro roda até deixar o motorista na mão por falta de manutenção. E ainda enfrentar uma conta amarga, por puro desleixo.

Pneu explode depois de vencido

Estimo – com poucas chances de errar – que mais de 95% dos motoristas nem imaginam que pneus não duram indefinidamente: mesmo que o carro rode muito pouco, tipo 2.000 ou 3.000 km por ano, eles devem ser substituídos entre 5 e 6 anos de fabricação.

Tem motorista que se exalta e argumenta ser um absurdo jogar fora um pneu “cheio de borracha” e que só rodou 15 mil km. Já vi motorista substituir na estrada pneu furado pelo estepe “novinho”, sem nenhum uso, mas há quinze anos no porta-malas. Pronto para estourar.

Estou certo também de que mais de 99% dos motoristas não sabem identificar a data de fabricação de um pneu, apesar de muito simples: na banda lateral tem a sigla DOT seguida de algumas letras e, ao final, quatro dígitos. Por exemplo, 1320. Significa que o pneu foi produzido na 13ª semana de 2020. Alguma dificuldade?

Falo mais sobre esse assunto neste vídeo:

Óleo e pneu apenas simbolizam a desinformação do brasileiro a respeito dos procedimentos mínimos necessários para manter seu automóvel em condições de rodar.

Sem atormentá-lo com problemas técnicos que o deixam a pé na beira da estrada. Ou de segurança que podem levá-lo ao hospital (ou cemitério).

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10 Comentários
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Felipe Bispo Dos Santos 5 de junho de 2021

Manuntecao preventiva e muito importante, um pneu dianteiro quando estoura pode causar um grande acidente

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Matheus 4 de junho de 2021

Tenho um Chevrolet Monza tubarão 94 queria saber se o um bico consome mais gasolina que o dois bicos. E também ele corta na baixa e só na alta ele dispara, muitos dizem que é vela outros falam que é bico oq faço

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Matheus 4 de junho de 2021

Tenho um Chevrolet Monza tubarão 94 queria saber se o um bico consome mais gasolina fique um bico só. E também ele corta na baixa e na alta também, muitos dizem que é vela outros falam que é bico oq faço

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exequiel lessa borba 2 de junho de 2021

eu sempre estou de olho no oleo pois já tive problemas com um gol g3 que deu borra. Hoje estou com um hb20 2020-21 e estou inconformado com a concessionaria pois queria trocar o oleo antes de um ano e 10 mil km que eles falam que é a primeira revisão. acho um absurdo pois oleo tem de trocar com 6 meses ou 5 mil km e eles exigem a troca com um ano ou 10 mil km. então eu fui numa oficina e troquei o oleo com seis meses e nem vou falar com eles.

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Roque S. Braga 1 de junho de 2021

Estamos em um tempo de ojeriza ao automóvel, e as causas são muitas.
Não expliquei detalhadamente no comentário sobre a Toro 1.3 para não fazer um post num comentário, mas infelizmente estamos vivendo uma era de defasagem tecnológica forçada da combustão, e de forma contraditória, entupindo de periféricos tecnológicos para dar mais dor de cabeça ao motorista contemporâneo, averso à manutenção religiosa, como todo carro deve ter.
Como sempre digo a minha esposa – carro não quebra se tiver manutenção como o avião (por hora de voo). Bateu a quilometragem, caderninho na mão, troque o que for preciso. Confira as velas, faça a preventiva. Em um modelo como o Astra, é fácil até para o dono fazer. Em modelos mais recentes, é um desafio, só se o cara for um ás na mecânica, para não perder num parafuso, metade de um salário mínimo.
As coisas complicaram. O usuário comum está se desinteressando. Velozes e Furiosos ensinou – “Estética sempre em primeiro lugar, som e adesivos são a lei primeira”. O usuário abraçou. Anteontem vi um carro lindão de pintura e rodas, um Gol branco, mas rebaixado. Pensei como deve estar por baixo… mas esteticamente tá bonito.
E isso que prejudica o usuário comum, estética e só. Não só de gabinete vive o hardware…

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Jose 31 de maio de 2021

Eu explico Boris!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Antigamente vc comprava um carro pra ficar 10 anos com ele. Vc tindo euha que cuidar. Já hj em dia, pra que me preocupar com negligencias que só vão cobrar a conta quando eu ja houver vendido o carro? Simples exemplo, amaciar o motor.

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Comentarista 29 de maio de 2021

Tem também o problema do marcador de combustível que de uma hora pra outra pode parar de funcionar sem aviso e deixar o motorista na estrada. Sorte quando isso acontece perto de um posto de combustível (aconteceu comigo). E desse item não tem como fazer manutenção preventiva!?
Pra não se preocupar com nada só mesmo não tendo carro.

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Comentarista 29 de maio de 2021

⚠️ Nem compensa ter carro… Ter um carro custa muito caro dá trabalho preocupação e até estresse: combustível caro, IPVA caro, seguro caro, manutenção cara, financiamento caro, tem a depreciação do carro, gastos com estacionamento, trânsito estressante, multas, licenciamento, seguro obrigatório, pedágio, medo de assaltos, trabalho pra lavar, secar, limpar, passar aspirador, encerar, polir, calibrar os pneus toda semana. Preocupação com a manutenção, com a forma de dirigir para economizar combustível, medo de ser enganado pelo mecânico, a raiva com os motoristas barbeiros e com os motoqueiros estressados que buzinam e xingam por qualquer coisa se achando os donos da rua…  Ufa! Kkk. Melhor não ter carro. Viajar só de Uber é bem melhor mais econômico e sem neura. É outra vida.

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EDSON DE JESUS CAMARGO 29 de maio de 2021

O problema é que muito deste motorista , além não saber que se tem fazer a manutenção periódica de itens básico do veículo, como nível do óleo, nível de água do radiador, nível do fluido de freio e a calibração dos pneus e até mesmo o alinhamento do veículo já o ajudaria a economizar com o combustível.
Mas como aqui no Brasil e muito fácil vc tirar uma CNH sem fazer aulas práticas, devido o pagamento do quebra a pessoas só tem o trabalho de assinar e mais nada, mas infelizmente este é o nosso país onde muitos dirigem sem saber as regras fundamental das vias ou até mesmo da estradas.

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Giovanni Holanda 29 de maio de 2021

Acho ótimo esse bate papo, sou dono de um C4 Picasso, e tenho toda atenção a respeito de manutenção. Esse carro do tem um probleminha na eletrônica, quando desliga o carro após o retorno , muita da vezes ele não da partida.

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