Dia do amigo: montadoras de carros que são ou foram parceiras

Relembre casos de amizades sinceras entre os fabricantes de automóveis... E outras que foram apenas por ocasião

Stellantis prepara diversos lançamementos até 2025 (Ilustração: Ernani Abrahão | AutoPapo)
Grupo Stellantis: o 'amigãozão' (Arte: Ernani Abrahão | AutoPapo)
Por Fernando Miragaya
Especial para o AutoPapo
Publicado em 20/07/2022 às 15h04

O Dia do Amigo é celebrado em 20 de julho e no setor automotivo o que não faltam são exemplos de amizades. Algumas sinceras, é verdade, outras quase um BFF (Best Friend Forever), porém muitas mais por conveniência em algum momento da vida.

Neste Dia do Amigo vamos relembrar as montadoras de carros que são ou foram as melhores amigas. Amizades duradouras e de sucesso, camaradagens em plataformas de veículos ou mesmo relacionamentos fugazes que se mostraram interessantes esporadicamente.

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Peugeot e Citroën

fachada concessionaria peugeot citroen foto sylv1rob1 shutterstock

As duas marcas francesas são um dos exemplos mais famosos e duradouros de amizades no mundo dos automóveis. No início da década de 1970, a Peugeot investiu no amigo e em 1976 comprou a maioria das ações da Citroën para formar a então PSA.

A relação é sólida desde então. A holding, inclusive, abriu mão da companhia europeia da Chrysler nos anos 1980. Teve amizades passageiras e oportunas com marcas como Toyota, Mitsubishi, BMW, Fiat e Iveco, mas sempre ficou concentrada nas duas marcas “BFF” até 2017.

Foi quando a PSA deu um passo bastante importante em termos estratégicos. Colocou mais um amigo na roda, a Opel, o então braço europeu da General Motors. De lá para cá, a amizade mais famosa, quando o PSA Groupe se une à FCA – Fiat Chrysler Automóveis para formar a maior companhia de amigos da indústria, a Stellantis.

Ford e Volkswagen

As duas marcas tiveram uma amizade no Brasil que tinha tudo para dar certo, mas acabou dando errado. Em 1987, Volkswagen e Ford formaram a Autolatina para desenvolver projetos de carros em cima de plataformas compartilhadas, reduzir custos de produção e manter as operações comerciais independentes.

A amizade era tanta que os carros das duas marcas frutos da Autolatina eram praticamente irmãos de sangue – ou gêmeos. VW Apollo e Ford Verona, VW Santana e Ford Versailles etc. A relação estremeceu quando a marca estadunidense quis fazer o “seu Gol”, e a parte alemã da empresa não gostou.

A amizade foi desfeita, de fato, em 1996, mas dois anos antes as marcas já tinham decidido dar um fim na parceria – que acabou resultando em perda de participação de mercado para ambas no Brasil. Mas no Dia do Amigo, é bom lembrar que a camaradagem entre as fabricantes voltou em nível global. Pelo menos para desenvolver as novas gerações da Ranger e da Amarok, que serão lançadas a partir de 2024 -mas não aqui no Brasil.

Fiat e General Motors

fiat stilo connect
Connect foi lançado em 2004

Tem aquele amigo que te suga né? Bem, se foi esse o intuito ninguém sabe, mas é fato que o Dia do Amigo entre GM e Fiat só é comemorado pela marca europeia. É que, em 2001, a empresa norte-americana fez um acordo com a italiana para desenvolvimento de conjuntos mecânicos, novas plataformas e compras em parceria.

A joint-venture, contudo, tinha uma cláusula que se revelou um desastre para a GM. Tudo bem que é preciso contextualizar o momento. Naquela época, a General Motors era a amiga rica, e a Fiat, a amiga pobre. Então, o documento previa que a fabricante de Detroit tinha obrigação de comprar a montadora com sede em Turim.

No fim, a GM não era mais a amiga tão rica assim. Teve de dar US$ 2 bilhões à Fiat, que pegou a grana para lançar o Grand Punto na Europa e se salvar da falência para depois comprar a Chrysler e se tornar um dos maiores impérios automotivos do mundo atualmente. Amigo é para essas coisas…

BMW e Chrysler

Em 1997 as duas empresas resolveram serem amigas no Brasil. Criaram a Tritec, uma fábrica de motores com produção em Campo Largo (PR) para a fabricação conjunta, a partir de 1999, de motores 1.4 e 1.6. Os conjuntos mecânicos equiparam diferentes modelos nos anos 2000, como a nova geração do Mini Cooper, o sedã Neon e o PT Cruiser.

Em junho de 2007, a amizade começou a azedar e a unidade paranaense desligou as máquinas. A Chrysler já tinha sido vendida pela Daimler para o fundo norte-americano Cerberus e estava bem mal das rodas. Quem veio tentar aparar as arestas foi a Fiat, ao comprar a Tritec em 2008 para desenvolver os motores  E.torQ.

Ford e GM

As duas podem parecer arquirrivais, mas, no fundo, nutrem uma amizade discreta. Tanto que, em 2013, as duas montadoras voltaram a fazer uma parceria para o desenvolvimento de conjuntos de transmissão automáticas.

Com nove e 10 marchas, aplicações para trações dianteira, traseira ou integral, os câmbios já equipam diferentes carros, como os atuais Ford Mustang e Chevrolet Corvette, além da nova geração da picape F-150.

Avaliamos o Mustang Mach 1: veja o vídeo!

Daimler e Chrysler

Outro exemplo de relacionamento que foi ruim para um dos lados. A Chrysler sempre teve um passado recente problemático em termos de finanças e, mesmo assim, em 1998, a Daimler (dona da Mercedes-Benz) decidiu investir na amizade. Comprou a norte-americana, que já carregava o trio de amigos Jeep e Dodge, por cerca de US$ 36 bilhões.

A DaimlerChrysler nunca se mostrou uma amizade sólida. As más línguas dizem que a estadunidense só sugava recursos do grupo e, em 2005, a alemã desistiu de manter a união, mesmo com o “belíssimo” prejuízo que teria de arcar: vendeu 80% das ações para o grupo financeiro Cerberus por R$ 7,4 bilhões.

Renault e Nissan

Renault e Nissan podem celebrar o Dia dos Amigos quase que numa boa. Chamada de “Aliança”, a união surgiu em 1999 e tinha como objetivo compartilhar plataformas, motores e transmissões na busca por uma redução de custos e ganhos em escala. Até hoje tem carro da japonesa com arquitetura ou mecânica da francesa e vice-versa.

Curiosamente, a amizade nunca ficou mais séria. Uma prometida fusão lá nos anos 1990 jamais se concretizou de fato, mas a parceria continua no nível dos motores, projetos, plataformas e participações acionárias de uma e outra. Inclusive, recentemente a Renault até fez pouco caso de um estreitamento dos laços.

De qualquer forma, em 2017, a aliança aumentou quando a Nissan assumiu o controle acionário da Mitsubishi. A lógica do trio continua o mesmo: otimização de custos e ganho de competitividade com compartilhamento de projetos e componentes.

Fiat e Chrysler

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Os laços começaram no começo dos anos 2010. Para variar, a Chrysler estava mal das finanças, negativa no banco, chegou a pedir falência na hecatombe econômica de 2008 e tudo mais. Chegou a Fiat para oferecer uma mão, com parcerias que resultaram em projetos compartilhados.

Aí, a italiana foi se “chegando mais”, como quem não quer nada. Levou 60% das ações da Chrysler e em 2014 concluiu o processo de compra do grupo norte-americano para formar a FCA, abocanhando também suas demais marcas (Jeep, Dodge, Ram, Mopar e R/T). Tornou-se uma das maiores montadoras do mundo.

Jaguar e Land Rover

suv jaguar land rover shutterstock

As duas são tradicionais marcas britânicas e ficaram lado a lado desde os tempos em que eram controladas pela Ford. Hoje são empresas que operam juntas, mas sob outra tutela. No primeiro trimestre de 2008, meses antes da crise financeira global, a Tata Motors comprou as duas fabricantes por US$ 2,3 bilhões.

Hyundai e Kia

Outra amizade onde um tem mais poder sobre o outro. Tudo começou em 1998, quando a Hyundai adquiriu a Kia e a Asia Motors. A segunda ficou pelo caminho, enquanto as duas principais marcas mantiveram suas operações comerciais distintas, porém com os carros compartilhando desde plataformas e motores até parafusos.

A amizade rende outros frutos até hoje. Além de ser o quinto maior conglomerado automotivo do mundo, o Grupo Hyundai criou novas marcas, como a de luxo Genesis e a de elétricos Ioniq.

Stellantis, o amigãozão

Stellantis não vê o aumento no preço dos carros novos com bons olhos

Não poderíamos falar do Dia do Amigo sem citar o grupo automotivo hoje que reúne a mais multifacetada lista de amizades. Formada em 2021, a Stellantis é fruto da fusão de FCA com a PSA e já é a quarta maior montadora do mundo.

São 13 marcas de automóveis diferentes dentro da mesma casa: Abarth, Alfa Romeo, Chrysler, Citroën, Dodge, DS, Fiat, Jeep, Lancia, Opel, Peugeot, Ram e Vauxhall. Sem contar as subsidiárias Fiat Professional, Mopar, Peugeot Sport e Opel Performance, entre outras.

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1 Comentário
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Gustavo André Silva Sales 28 de julho de 2022

E a Ferrari não faz parte do grupo FCA ?

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