Ei, comentarista, aprenda a debater: existem opiniões diferentes, sabia?

Comentários raivosos, teorias da conspiração, gostar de ser do contra: vale tudo para criar tumulto e xingar o jornalista

homem com raiva soca computador
Calma... Não precisa ficar tão nervoso se você não concorda com a gente (Foto: Shutterstock)
Por Felipe Boutros
Publicado em 02/04/2022 às 08h03
Atualizado em 02/04/2022 às 16h29

Trabalhar em um portal de carros (estou falando deste AutoPapo) me fez ter contato, em tempo real, com diferentes figuras que se manifestam nas caixas de comentários, tanto do site quanto do YouTube – e ainda em outros canais onde estamos presentes.

O mais comum é o que nos acusa de sermos “vendidos” para a montadora X ou Y quando estamos elogiando algum aspecto de seus carros – ou criticando.

“Quanto vocês estão ganhando da montadora para elogiar esse carro?”

“Quanto vocês estão ganhando da montadora Z para falar mal do carro da W?”

Alguém tem roubado os meus cheques esse tempo todo, então, pois nunca vi a cor desse dinheiro

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Também tem o leitor que adora questionar as matérias nas quais trazemos dicas de manutenção. Ele sempre está certo e considera o seu fato como o único aceitável. Quer um exemplo? Vamos supor que o AutoPapo publique uma matéria na qual alerta que é necessário trocar o fluido de freio a cada dois anos.

Claro, nos comentários, vai aparecer o “sabidão” narrando que, no carro dele, nunca foi feito isso e que não teve problemas, que os freios funcionam muito bem… blá, blá, blá! Será que ele encarou uma descida de serra? Precisou parar o carro em uma emergência já com os componentes bem aquecidos? Enfim…

Isso leva ao terceiro tipo mais comum: o que toma apenas um caso como estatística. Se uma unidade de algum carro tem algum problema, o alarmista começa barrar aos quatro ventos que aquele modelo está condenado!

Teorias da conspiração

Tem também o que vê em tudo teorias da conspiração – confesso que me divirto com esse. Uma teoria muito popular é que o inventor do carro movido a água foi morto pela indústria do petróleo. Ou que as fábricas não têm interesse nessa tecnologia.

Meu amigo… Elas estão gastando bilhões no desenvolvimento de carros elétricos ou em outras formas de propulsão, mas elas mandaram sumir com o “gênio” que inventou um sistema revolucionário no quintal da casa dele. Tá “serto”!

Daqui a pouco vão me acusar de defender as montadoras (alô, alô, pode fazer pix) ou ser corporativista…

Pode questionar, mas seja educado

Claro que não! Sabe por que eu trago essas questões? Porque quero alertar que o mais grave disso tudo é como as coisas são colocadas pelos leitores. Muitas vezes de forma agressiva com o jornalista e com os outros que não concordam com ele.

“Ah, mas jornalista se acha o dono da verdade!”

Não é isso. É que os questionamentos feitos de forma educada são raros. O debate é muito bem-vindo, afinal, estamos todos em constante aprendizado.

Em nenhuma esfera há mais espaço para as conversas civilizadas, nas quais a discordância é aceita. Futebol, política e religião se discutem, sim! O seu carro predileto e os seus conhecimentos sobre mecânica, também!

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14 Comentários
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Pedro Claudio Antunes Fernandes 1 de junho de 2022

O comentarista foi radical na matéria ao falar do proprietário do carro. Tem mais n motivos para não fazer a manutenção no tempo certo. Que as autorizadas cobram caro é um fato. As vezes o serviço é só troca de filtro e até isso pode ser mal feito.

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Luis Otávio Guima 8 de abril de 2022

Felipe, o problema maior que vejo nem é esse, mas o fato de que quando vocês cometem um erro, e todo mundo comete, vocês não se retratam, e a informação fica incorreta eternamente.
Veja no caso do equívoco cometido pelo Boris em relação à suspensão traseira da nova Nissan Frontier.
Quando a suspensão independente chegou ao brasil, foi anunciada como multilink, e muitos entenderam que uma suspensão multilink deveria ser obrigatoriamente independente.
No lançamento da Frontier em 2017 no Brasil, essa ideia equivocada se manteve, concedendo até um prêmio injusto, desmerecedor e infame ao modelo, e ainda acusando o fabricante de má fé.
Outros veículos de imprensa, como a própria Quatro-Rodas e Auto Esporte, também cometeram esse erro, mas se corrigiram.
Há uma ampla literatura técnica demonstrando os tipos de suspensão multilink, four-link, five-link, etc… assim como a configuração “multilink de eixo rígido”, que aparece até em sites menos rebuscados como a própria wikipedia, que inclusive traz desenho do sistema que adota essa configuração. Mas existem as patentes, a literatura técnica e inúmeras outras fontes de informação sobre o assunto.
Muitos leitores se manifestaram sobre o erro, mas você nunca se retrataram ou revisaram a informação, preservando o erro.
É preciso não só respeitar a opinião dos leitores, mas também checar eventuais reportes de erros para fazer a correção. Ninguém é obrigado a saber tudo. As informações no Brasil não são tão extensas como lá fora, muitas coisas estão em outros idiomas, mas hoje não é tão difícil acessar estas informações e fazer a correção.
Já vi correções várias informações técnicas levantadas por leitores serem totalmente desprezadas. Eu, como engenheiro de desenvolvimento de uma indústria automobilística, percebo estas incorreções e acabo desmotivado a corrigí-las, porque sempre teve alguém que o fez antes, algumas vezes de forma mais superficial porém correta, e foi totalmente desprezado.
Isso é algo que precisa ser revisto para garantir a credibilidade deste veículo de informação.
Abraços e sucesso para vocês.

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Bruno Ribeiro 6 de maio de 2022

Concordo totalmente com você. Atribuíram até um rótulo de falta de idoneidade para a Nissan ao conceder um prêmio que lhe remete à condição de mentirosa, quando o equívoco foi do próprio site. Precisam se retratar disso realmente. Isso deprecia o site. Errar é humano, insistir no erro já é ignorância ou má fé.

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Polvo 4 de abril de 2022

Boutros, a internet dá voz a todo mundo, mas infelizmente muita gente escreve bobagem. Tem muitos da geração mimimi, mas também tem muita gente mais velha que também gosta de causar. O melhor a se fazer nesses casos é ter frieza e ignorar certos comentários, pois tem muita gente que só quer “lacrar” e chamar a atenção. Continuem com o excelente trabalho de vcs, claro que a gente sabe que ninguém é perfeito e algumas falhas podem acontecer, mas o conhecimento e isenção de vcs é inquestionável.

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Santiago 6 de abril de 2022

Exatamente.
Além dos jornalistas, nós, os comentaristas, volta e meia também temos de aturar algumas patadas de certos “paraquedistas” que só aparecem para turvar o ambiente e “se acharem” por isso.
Quem realmente quer debater e colocar as suas opiniões, sabe fazer isso com ponderação e civilidade, sem atacar os demais.
Já aqueles que chegam chutando a porta, não estão interessados em qualquer debate, não têm uma opinião clara das coisas, e só querem aparecer mesmo. E o melhor jeito é não lhes dar retorno, deixando-os falarem sozinhos com as paredes.

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Tamoto 3 de abril de 2022

O melhor dessa matéria jornalistica em forma de desabafo mostra o automóvel como paixão. E toda paixão é perigosa. Seria tão mais simples se pessoas vissem carro como meio de transporte racional. Faz sentido um carro com 500.000 cv de potência?

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Leandro 6 de abril de 2022

500 mil cv não faz sentido msm rs

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Eduardo 2 de abril de 2022

Não quer brincar não desça para o play!

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Andre 2 de abril de 2022

Ambos (jornalistas e internautas) Fazem parte da Famosa geração mi-mi-mi.

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Mister Gasosa 2 de abril de 2022

O psicólogo Fernando Vieira Filho (Youtube) disse que “Não existe crítica construtiva! Crítica é para destruir, diminuir”.
Acho que a gente parar de criticar, reclamar, julgar e fofocar faremos as pessoas que convivem conosco se sentirem melhor com a nossa presença. Estou nesse desafio de 21 dias sem reclamar, criticar, julgar e fofocar do livro “Pare de reclamar e seja feliz”.

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Mister Gasosa 2 de abril de 2022

Corrigindo: Livro: Pare de reclamar e se converte nas coisas boas.
Baixei esse livro na Internet grátis pelo Google.

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Jo 2 de abril de 2022

Opinião com argumentos e fatos, com civilidade. Que agrega a discussão. Pode ser contra ou favor de tal coisa, mas utilizar somente achismo em comentários, fica discurso vazio. Ler ou ouvir algo embasado e com qualidade tecnica é uma alegria para mim.

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Celigny 2 de abril de 2022

O que não pode, politicamente, é pender apenas para um dos lados.
É pau em um deles e algodão doce no outro.

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Alexandre 2 de abril de 2022

Indivíduos de uma geração que é infantil e tão estragada que se morassem sozinhos fugiriam de casa. Nunca chegaram perto do carro que comentam, não tem sabedoria para discutir sobre qualquer assunto então mostram a educação medíocre que tiveram de seus pais “se não consegue pensar então agrida!”. E de outro lado, não os jornalistas automobilísticos mas sim YouTubers que falam bonito e recebem sim patrocínio em seus canais para distorcer ou mentir, criando verdadeiras polêmicas.
Já vi Canal onde participa um famoso piloto mostrando o cidadão apertado no banco traseiro de um Civic 10 em vídeo de comparação com o Nivus. Deitaram e afastaram o banco dianteiro do Civic para dar essa impressão.

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