Fiat Fastback dá pistas sobre qual pode ser o futuro dos sedãs

Aproveitando a estrutura do Cronos, modelo talvez indique que, enquanto o destino de um hatch pode ser virar SUV, a de um sedan pode estar no SUV cupê

fiat fastback limited edition powered by abarth 2023 cinza frente parado em campo
Com elementos do irmão três volumes, Fiat Fastback passou por metamorfose para agradar preferência do público (Foto: Marcelo Jabulas | AutoPapo)
Por Leonardo Felix
Publicado em 17/09/2022 às 10h33

Começou com a Chery, lá na China. Pegou a carroceria de um Celer, aplicou novas soluções para os balanços dianteiro e traseiro, elevou e reforçou as suspensões, fez atualizações em elementos da cabine e lançou o modelo que ficou conhecido aqui como Tiggo 2 e, por pouco tempo, Tiggo 3X.

A Honda fez o mesmo com o WR-V em relação ao Fit, mas não soube disfarçar tão bem e o projeto fracassou. Depois, a VW resolveu tentar o mesmo com o Nivus a partir do Polo, e não é que deu muito certo? Aí apareceu a Fiat e resolveu chutar o balde, porque replicou a receita não apenas uma, mas sim duas vezes.

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A primeira, com o Pulse, aproveitando a estrutura do hatch Argo, com atualizações, para fazer nascer um pretenso SUV. Só que eles não quiseram parar aí: resolveram fazer o mesmo com o Cronos, um sedan, para criar o Fastback, um SUV cupê de dimensões espichadas em relação ao Pulse. Genial.

fiat pulse drive manual cinza traseira
Pulse é derivado do Argo; já o Fastback foi criado a partir do Cronos  (Foto: Marcelo Jabulas | AutoPapo)

Com 516 litros de porta-malas no sistema VDA – a fabricante fala em 600 litros, porém em medição com sacos de água, mais maleáveis; a fim de manter um parâmetro de comparação com outros modelos, usarei sempre a primeira medida –, possui apenas 9 litros a menos de volume que o próprio Cronos, com o detalhe de ter uma traseira bem mais apelativa.

Ou seja, é um produto que preserva os atributos mais visados em um SUV – bons ângulos de transposição e vão livre do solo, posição de dirigir elevada e aparência de carro musculoso –, ao mesmo tempo em que soluciona um dos problemas mais crônicos de todo utilitário esportivo compacto: a baixa capacidade volumétrica do bagageiro.

E assim os SUVs cupês vêm se moldando ao longo do tempo. Nos anos 2000 e 2010, no esteio do BMW X6, eles eram basicamente SUVs com teto arqueado, o que comprometia o espaço para cabeça na fileira traseira e o do próprio porta-malas. Seu apelo era puramente estético.

De uns tempos para cá, essa nova categoria de crossover tem se assentado com estilo e proposta mais racionais. Basta ver as atuais gerações do próprio X6 e do X4, também da BMW: possuem uma traseira mais espichada, assim como a do próprio Fastback, o que permite que ambos ofereçam volume acima de 500 litros no compartimento de bagagem.

renault arkana traseira
Renault poderia ter se tornado referência se não tivesse desistido do Arkana (Foto: Renault | Divulgação)

O Renault Arkana, grande oportunidade perdida da marca francesa no Brasil, é outro exemplo: sua traseira é tão proeminente que, na época de seu lançamento, executivos da fabricante apontavam que ele não era apenas a mescla de um SUV com um cupê, mas sim a mistura de SUV com cupê e… sedan!

Fastback e Cronos

E aqui chegamos ao ponto nevrálgico destas mal traçadas.

A Fiat ter usado um sedan como base para criar um SUV cupê não é genial apenas do ponto de vista mercadológico (um Cronos custa entre R$ 75.000 e R$ 95.000. Um Fastback, entre R$ 130.000 e R$ 150.000. Percebe a genialidade?), mas também pode indicar uma interessante tendência para o futuro da indústria automobilística.

O mercado de sedãs vem encolhendo ano a ano, tanto no Brasil quanto globalmente. Antes, morreram as peruas. Só que muitas pessoas ainda precisam e demandam modelos familiares, com porta-malas mais amplos. E por mais elevados que sejam o capô e a suspensão de um Pulse, seus cerca de 300 litros (VDA) não serão capazes de atender esse tipo de consumidor.

É aí que os SUVs cupês poderão entrar em cena. Já que os músculos, a robustez e a maior facilidade de lidar com lombadas e valetas tornam um SUV mais atraente, por que não juntar essas características a uma traseira mais espichada, que permita um bagageiro generoso como o de qualquer três-volumes?

Em um mundo no qual hatches entraram em crise de identidade e vêm se fantasiado cada vez mais de SUVs, talvez esteja chegado a hora vermos os sedãs entrarem nessa onda, reencontrando-se na pele de SUVs cupês. Se assim for, o Fastback terá sido pioneiro em múltiplos sentidos.

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1 Comentário
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HAF 22 de setembro de 2022

Esses compactos de Betim… a Fiat não poderia ter feito este ”fastBack” na plataforma de um hatch médio?? com mais espaço interno? Esse Argo é uma desgraça de apertado. Pelo menos destas vez o porta malas foi decente, mas pecou na harmonia design da traseira e frente… parece que ”encaixaram” uma bunda de BMW X4 forçadamente num argo… ficou muito estranho! Renault Arkana mandou lembranças do que é harmonia. Abraço a todos.

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