Mary Barra, poderosa da GM, cai na real para não cair do cavalo…

A CEO mundial da General Motors desiste de sua teimosia, anuncia motorização híbrida e filial brasileira respira aliviada

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Mary Barra teve que voltar atrás em sua decisão de a GM não produzir carros híbridos (Fotomontagem: Ernani Abrahão | AutoPapo)
Por Boris Feldman
Publicado em 17/02/2024 às 09h03

A GM coleciona fiascos com seus carros elétricos.

Ela pagou o preço do pioneirismo com o Chevrolet EV-1 lançado em 1996, que teve a primeira série ainda montada com – imaginem – bateria de chumbo-acido e pegava fogo durante a recarga. Interrompeu a produção em 1999 e recolheu os carros, todos entregues pelo sistema de leasing.

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Depois veio o híbrido Volt (Opel Ampera na Europa), produzido de 2010 a 2019. E o Bolt em 2016, seu primeiro elétrico importado para o Brasil, também com vários problemas que geraram três recalls: das baterias, princípio de incêndio no interior e até choque no motorista, durante a recarga. Produção sendo encerrada nos EUA, para dar lugar a uma nova geração de elétricos.

O último grande atropelo elétrico da empresa foi de ordem estratégica: Mary Barra, sua CEO global, decidiu pular direto do carro a combustão para o elétrico sem passar pelo hibrido, ao contrário de todas as outras fabricantes, que estabeleceram um plano de evoluir para o elétrico passando antes pelo hibrido.

Diretores da GM não podiam brigar com a grande chefe, mas concessionários, sim: muitos deles nos EUA levantaram a voz em uníssono alegando não ter como vender o volume de carros elétricos que recebiam da fábrica e exigindo o desenvolvimento de carros híbridos.

GM ameaçada no Brasil?

No Brasil, a situação foi muito pior e levou Santiago Chamorro, presidente da GM local, quase ao desespero, pois aqui seria questão vida ou morte: só produzindo elétricos a linha Chevrolet não teria condições de sobreviver.

Chamorro – forçado pela conjuntura – ainda se esforçava para defender a tese da chefe. Mas sabia que, mantida a decisão de Mary, a GM teria que fechar fábricas no Brasil e se transformar numa importadora.

Carros elétricos: interesse em declínio

Além dos protestos e clamores, empresas de pesquisas nos EUA revelavam o óbvio. A Delloite concluiu que, nos últimos 12 meses, a intenção de compra de carros a combustão cresceu, enquanto a de elétricos caiu 1%. Outra consultoria, a S&P Global Mobility, revelou que, nos últimos dois anos, o interesse na aquisição de elétricos caiu em 19%. Aliás, o mesmo em todo o mundo:

  • Pela redução de subsídios governamentais;
  • Baixo valor de revenda no mercado de usados;
  • Dificuldade de recarga nas estradas
  • Drástica redução de alcance no inverno
  • Alto custo de reparo no caso de acidentes.

Diante de tantas evidências e antes que caísse do cavalo, Mary Barra preferiu cair na real e anunciou finalmente, no início deste ano, que iria  desenvolver motorizações híbridas para os próximos lançamentos da GM. A empresa respirou aliviada, Chamorro voltou a dormir em paz e a filial brasileira tem garantido o futuro de suas fábricas.

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15 Comentários
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Afonso Carlos Sandrini 23 de fevereiro de 2024

A GM Brasil ainda tem muito a evoluir e mudar a mentalidade antes de conseguir realmente virar o jogo, com veículos defasados e tapinhas de visual não vai aguentar os chineses que estão entrando com o pé na porta, era melhor virar importadora como fez a Ford!

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Marco Antônio Fink 24 de fevereiro de 2024

Acha que empresas que duram já mais de 100 anos estão tomando decisões erradas? Sério que seu perfil de administrador pensa assim? Não digo que empresas não erram, faz parte do negócio,mas dizer com.contundencia que SEMPRE erram, daí já está me cheirando a xenofobia a empresas americanas

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Gustavo 23 de fevereiro de 2024

Será que esta pessoa foi colocada neste cargo por competência mesmo? Não foi só a GM que estava na Contra mao, todas as montadoras com exceçao da Toyota pensavam assim. Eletrico puro não pega não. Na Europa não falam mais que até a data tal todos carros serão eletrificados, imagina no Brasil.

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Marco Antônio Fink 24 de fevereiro de 2024

A Toyota até pode estar certa na questão de continuar com carros a gasolina, que poluem e tal… haja visto que a Toyota domina o mercado asiático ,( ainda ), sobretudo onde há muita produção de petróleo….. alguma coincidência?????

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Santiago 26 de fevereiro de 2024

A Toyota aposta nas tecnologias hibridas e a hidrogênio, como as melhores sucessoras dos atuais motores a combustão. No que ela está corretíssima.

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Rafael 23 de fevereiro de 2024

Que seja carro elétrico, híbrido tanto faz, só tenho grana pra ter carro de no máximo 90 mil, e acho que grande maioria dos brasileiros está nesse mesmo barco pra pior.

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Paulo Miranda 23 de fevereiro de 2024

Como sempre ,o gerenciamento americano chega muito tarde.Agora e só tiro no pé. O Bolt não era tão ruim ,seu pior quesito era só ter 4 lugares.O Bolt eu considerei comprar durante a pandemia tinham 4 usados na revenda por Usd$14,000 ,isso nos EUA claro ,a gasolina tava $1.60 o galão e os elétricos empacaram.Depois o Biden entrou e os preços dos carros e da gasolina foram as nuvens.A indústria americana demora a mudar o time e quando o faz vem a política e muda tudo

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Paulo Miranda 23 de fevereiro de 2024

Eu quis dizer Volt e depois Bolt ,até o nome eles escolhem diferente,facil de confundir

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Santos Lemos 22 de fevereiro de 2024

A reboque da grande Toyota.

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Joa8 22 de fevereiro de 2024

E tem ainda os preços uma Tracker passou de 85 para 170 mil de uma tacada acho que a Mary pensou que está no filme da Barbie e o Charmoso chefe da bagaça aqui no Brasil nada pode fazer por causa da lei Maria da Penha. Mary por 170 mil eu compro um HAVAL com 3 mil itens de segurança e entretenimento e muuuito mais lindo que uma Trackerzinha carro de Barbie

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Emmanuel Gonçalves 22 de fevereiro de 2024

É triste, a Indústria de automóveis da América, parece que continua com as mesmas bobeiras de sempre, decisões erradas, mas sempre insistem na velha frase; fazem tudo com incompetência , mas querem resultados vencedores.
Tem uma , que errou Cinco vezes no Brasil, e deu “o Fora”.

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Paulo A Franke 22 de fevereiro de 2024

Que cabeça mais tosca, que mentalidade medieval e retrógrada. Como Feldman tem coragem de dizer que o interesse por carros elétricos está diminuindo no mundo inteiro? Como tem coragem de induzir os leitores a pensarem que a onda elétrica de agora é apenas isso, só mais uma onda? Que vai passar rápido, como passou a onda do EV1, nos anos 90? Como tem coragem de falar tanta bobagem? Surreal. É por cabeças como essa que o Brasil patina no insano atraso em que se encontra. Só pensamos em plantar cana, em etanol e em combustão interna. Inacreditável.

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Victor Hugo 19 de fevereiro de 2024

Certamente. Mas que sejam híbridos plugin. Que esse negócio de híbrido leve custa muito caro só pra economizar um pouquinho de combustível. O ideal é evitar a gasolina ou álcool na cidade pra quem tem como recarregar em casa na base da energia solar e o combustível para o caso de pegar estrada ou não encontrar recarga rápida pra quem mora em condomínio ou trabalha dirigindo.

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Jovem Comentarista 18 de fevereiro de 2024

Ah, mulheres… sobrenome: Certa, primeiro nome: Sempre.

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Santiago 17 de fevereiro de 2024

Por nais que se queira impor modismos, em algum monento o óbvio da realidade prevalecerá sobre a lorota.
Se a GM não caísse na real, certamente cairia do cavalo e viraria carta fora do baralho.

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