Operação Abacaxi: 3 jovens de Jeep 55 de SP até o Alaska!

Três jovens queriam ir ao maior encontro mundial de escoteiros no Canadá: o problema é que eles estavam no Brasil

jeep operacao abacaxi
Três escoteiros queriam ir ao Canadá: início da missão (Foto: Revista Overlander Brasil)
Por Felipe Boutros
Publicado em 26/11/2023 às 13h02
Atualizado em 27/11/2023 às 14h15

Você já ouviu falar na Operação Abacaxi? Eu, até a semana passada, confesso, nunca tinha escutado essa história. Três jovens escoteiros – Charles Downey, Jan Stekly e Hugo Vidal – eram membros do Grupo de Escoteiros Carajás em São Paulo, no ramo pioneiro (acima de 18 anos). Em 1954, eles souberam que o VIII Jamboree Mundial seria realizado no Canadá no ano seguinte.

Ah, vale explicar que Jamborees são os eventos máximos do Movimento Escoteiro que acontecem a cada quatro anos e aquele seria o primeiro no continente americano.

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Neste momento, os três decidiram realizar uma verdadeira aventura (e, não é exagero dizer, loucura): ir por terra. Imagine: ir do Brasil ao Canadá por terra! E isso em meados do século passado!

Qual veículo?

Mas a empolgação de Downey, Stekly e Vidal tinha que ser colocada em prática, mas nenhum deles tinha um veículo. Mas além de planejamento, esse tipo de aventura precisa também de uma pitada de sorte ou, ao menos, estar no lugar certo na hora certa: Hugo Vidal trabalhava, na época, na Agromotor, distribuidora Jeep e uma das acionistas originais da Willys Overland do Brasil.

Vidal foi pedir ao o diretor da Agromotor, o holandês Jan B. Versteeg, uma licença de um ano para fazer a jornada. Curioso, o seu chefe perguntou o motivo e foi aí que o caminho do Jeep CJ3 B 1954 cruzou com do trio de escoteiros. Entusiamos, Versteeg já havia sido escoteiro, e cedeu uma unidade para fazer a viagem.

A segunda parte era levantar fundos para custear a viagem. Em busca de patrocinadores, bateram na porta do Sindicato da Indústria de Peças para Automóveis e Similares. O custo estimado foi de US$ 2.000 (US$ 18 mil em valores de hoje) para percorrer 70 mil km.

Ora, que bela oportunidade para os patrocinadores, hein? Divulgar a qualidade das peças brasileiras para o mundo inteiro. Dessa forma, ficou acertados que os componentes dos 25 patrocinadores seriam utilizados no Jeep.

Partiram em 2 de abril de 1955 e retornaram em 14 de abril de 1956 após 72.985 km de ida e volta a Niagara-on-the-Lake, no Canadá e com uma “esticada” ao Alaska. Toda a aventura está detalhada no livro Flashes de uma aventura – Operação Abacaxi, da editora Overlander, lançado em 2018, no qual Hugo Vidal reúne passagens importantes da viagem com muitas fotos ilustrando.

E por que Operação Abacaxi?

Abacaxi, aqui no Brasil, remete a uma tarefa difícil, assim como descascar a própria fruta e as autopeças nacionais eram consideradas um “verdadeiro abacaxi” em qualidade e confiabilidade. Por isso a ideia de utilizá-las na missão: provar o contrário.

Legado Jeep

Eu fiquei sabendo da Operação Abacaxi em um evento promovido pela Stellantis, o Jeep Legacy, que contou com a presença de Vidal. Além de ouvir ótimas histórias, os jornalistas puderam dirigir modelos novos da marca, mas, o melhor da festa, também os antigos, como um CJ6 A 1963 (único dono!) do simpático Luís Filoni – que o dirige até hoje como um Jeep deve ser dirigido.

E parabéns a Jeep por não só promover seus novos e modernos SUVs, mas por também trazer esse legado e fazer questão de mantê-lo vivo.

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