‘Ah, por que a montadora não fez o carro assim?’

O desenvolvimento e a produção de um carro envolve muitos detalhes e, claro, dinheiro; mas tem gente que acha que merece um modelo personalizado

PL pretende tornar legal todas as modificações realizadas no veículos
"Meu carro ficou muito melhor depois que eu rebaixei" (Fotos: Shutterstock)
Por Felipe Boutros
Publicado em 07/08/2022 às 10h03

Os bastidores de uma montadora devem ser algo que a gente não faz ideia, né? O designer Luiz Alberto Veiga resolveu revelar várias histórias do tempo em que trabalhava projetando carros para a Volkswagen. Algumas até já eram conhecidas, mas é sempre legal saber que um Voyage Bolinha não existiu por pirraça de um executivo ou que a marca alemã quase fez uma picape do Santana – em um tempo que o Brasil não tinha caminhonetes médias.

Tudo é milimetricamente calculado: projetos que não vão render o esperado são descartados. A conta é de centavos – mas que multiplicados pela projeção de vendas de um carro podem significar milhões. Ou seja, aquele detalhe que parece simples, faz a diferença no lucro da montadora.

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Até coisas que parecem simples, são um pouco mais complexas do que a maioria das pessoas pensam. Exemplo? A produção de carros de várias cores. Em uma linha de produção em série, alternar a cor de uma carroceria requer diversas mudanças. Negociar com o fornecedor a quantidade para-choques e maçanetas daquela cor…

“Ah, pronto! Mais um jornalista defendendo montadora! Deve estar recebendo dinheiro”, devem estar pensando alguns de vocês.

Carros pioraram

Não, claro que não. Só estou contando essa historinha toda, pois, várias vezes, a gente escuta “ah, por que tal fábrica não faz assim ou assado com tal modelo”. Porque custa dinheiro. E eu lamento muito por isso. Compactos de entrada tinha acabamento melhor do que os modelos médios atuais. Meu pai teve um Santana GLS 1989… Meu Deus, humilha o interior do Jetta em termos de materiais usados.

vw santana duas portas 1991 interior bancos traseiro e dianteiros
Interior de um Santana 1991 – reparem na qualidade do material utilizado (Foto: Volkswagen | Divulgação)

Outra frase comum que ouvimos e lemos é “ah, eu mexi no chip do meu carro e, agora, ele entrega 20 cv a mais e não sei mais o que”. Tá, eu acredito, mas o que foi sacrificado? Onde o seu carro perdeu? Não existe ganha-ganha. Ganhou mais potência, perdeu em consumo. Ou está emitindo mais poluição. Aliás, sei que para esse último, a maioria não está nem aí.

Tem também as modificações na suspensão, feitas, muitas vezes em oficinas sem qualquer qualificação. “Ficou muito mais estável”! Ah, claro que sim. Já participei de fórum de entusiastas e os mais empolgados falavam textualmente que os acertos que eles faziam eram muitos superiores aos das montadoras.

Enfim… Pode até ser em uma condição muito específica de utilização. Mas uma fábrica não pode assumir qualquer risco ao colocar milhares de carros na rua. Ela tem que atender as legislaçoes se segurança e de emissões de poluentes.

Ela tem que ter responsabilidade social. Um problema seria replicado milhares de vezes, causando enorme prejuízo, ou colocando a vida de pessoas em risco – o que motivaria um recall. Um carro tem que ser acertado prevendo as piores condições possíveis de rodagem, de combustível. E mesmo assim dá errado, às vezes. Imagina uma modificação feita sem qualquer estudo prévio?

nova montana camuflada em teste
Um novo modelo roda milhares de quilômetros antes de ser lançado

Você quer um carro personalizado? Pode comprar um Porsche, uma Ferrari ou um Rolls-Royce. Essas e outras fábricas ultrapremium fazem o seu modelo do jeitinho que o cliente quiser. Basta ter um caminhão de dinheiro para pagar por isso.

Tem oficinas e preparados que fazem um trabalho de excelência na customização de um carro. Mas também não é barato. Mas na minha opinião (MINHA OPINIÃO, reforço), muito melhor manter um carro original. Ok, admito que isso pode ter a ver com a minha idade, afinal, quando era mais novo, eu sempre pensei em turbinar os meu carros. Mas entrar no carro, ligar, e ele funcionar sem sobressaltos, redondinho… Ah, isso não tem preço. Quer dizer, tem o preço da manutenção preventiva, mas isso é outra história.

Turbo de fábrica e turbinado na oficina são iguais?

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