“Schumacher”: documentário da Netflix deixou a desejar em alguns pontos

Filme sobre a vida de Michael Schumacher produzido pela Netflix dividiu opiniões na internet: o que mais poderia ser abordado pela obra?

Documentário da Netflix sobre Michael Schumacher dividiu opiniões na internet
Documentário da Netflix sobre Michael Schumacher dividiu opiniões na internet (Foto: Montagem AutoPapo | Ernani Abrahão)
Por Bernardo Castro
Publicado em 22/09/2021 às 14h32

O documentário da Netflix “Schumacher”, que retrata alguns episódios da vida de um dos maiores vencedores da história da Fórmula 1, dividiu opiniões na internet. O trabalho dirigido por Hanns-Bruno Kammertöns, Michael Wech e Vanessa Nöcker mostra momentos pessoais e profissionais importantes na vida do piloto.

A história do alemão nas pistas é longa e bastante conhecida, por isso se esperava um foco maior na vida pessoal de Michael. Só de F1 foram 18 temporadas, muitas delas recheadas de louros, mas existiram também alguns episódios polêmicos em que o Schumacher foi considerado vilão. Mostrar tudo isso, sua vida pessoal e a chegada à principal categoria do esporte a motor é tarefa difícil em um documentário com menos de duas horas de duração.

Assista ao trailer de Schumacher:

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Seja como for, alguns acontecimentos importantes ficaram de fora, enquanto outros assuntos interessantes foram abordos de forma superficial. Assim, o documentário tem pouco a acrescentar aos fãs mais assíduos de Schumacher.

“Schumacher”: destinado a quem não acompanhou o piloto

As polêmicas decisões de título contra Damon Hill, em 1994, e contra Jacques Villeneuve, em 1997 – nas quais Michael fez movimentos considerados sujos, que até lhe renderam a desclassificação do mundial em 97 – foram pouco aprofundadas.

A rivalidade com Mika Häkkinen e a McLaren até ganha algum destaque. Porém, nada novo para quem assistiu às corridas na época. Assim, na parte das pistas (que acaba se tornando o foco principal), o documentário parece ser destinado ao público mais jovem da Fórmula 1, ou àqueles que ainda não conheciam os feitos de Schumacher.

Então, a novidade fica mesmo para a vida pessoal do piloto, que era muito apegado à família: quando estava junto aos entes queridos, ele tinha um comportamento completamente diferente em relação à conduta no ambiente de corrida.

Nessa parte, o documentário trabalhou bem e mostrou dois lados do alemão: alguém que sabia separar os momentos de lazer e de trabalho. O alemão exercia bem seu papel de líder e era querido por todos que trabalhavam ao seu lado.

Porém, o semblante sério do homem que tinha costume de ficar até altas horas trabalhando com os mecânicos nos boxes, para extrair a capacidade máxima do carro, desaparecia quando ele estava longe do paddock. Em festas e em momentos mais íntimos com a família, o sorriso e a descontração ficavam visíveis nas expressões de Michael.

Rubens Barrichello completamente ignorado

Rubinho foi companheiro de equipe do heptacampeão entre as temporadas de 2000 e 2005 e, naturalmente, os dois desenvolveram uma relação de amizade muito próxima. Além disso, o piloto brasileiro foi peça fundamental para o domínio da Ferrari na época.

Reconhecido pelo próprio companheiro como ótimo preparador de carros, Barrichello era responsável por muitos dos acertos, das modificações trazidas para os bólidos, e sabia lidar muito bem com os pneus. E isso beneficiou tanto Schumacher quanto a Ferrari.

Mas o documentário simplesmente ignora tudo isso. Ao falar do passagem do heptacampeão na escuderia italiana, primeiro são mostradas as dificuldades enfrentadas entre 1995 e 1999 – momento em que até se questionava quem poderia ser o piloto capaz de levar a Ferrari de volta ao topo.

Quando o time de Maranello finalmente retorna aos tempos laureados, a obra – que apresenta a situação de forma rápida e extremamente superficial – dá todos os créditos à Michael, o que, em parte, não é verdade.

Mereciam mais destaque:

Acidente na temporada 1999

Na disputa pelo título contra o finlandês Mika Häkkinen, Schumacher sofreu um acidente durante a corrida em Silverstone, na Inglaterra. Na primeira volta do GP os freios da Ferrari falharam, ‘Schumi’ passou reto na curva Stowe, e o carro se chocou com a barreira de pneus.

O alemão quebrou a perna direita com o impacto da batida e ficou ausente nas seis corridas seguintes, voltando apenas na penúltima etapa, para tentar ajudar o companheiro Eddie Irvine na briga pelo título.

A obra até cita o ocorrido, porém, não vai além disso. Por mostrar momentos pessoais do piloto, seria interessante abordar como foi o processo de recuperação e como foi a volta à categoria. Porém, nada disso sequer é citado.

Schumacher retorna à categoria como piloto da Mercedes

Após anunciar sua aposentadoria ao final da temporada de 2006 pela Ferrari, Schumacher voltou às pistas em 2010 pela Mercedes (ano em que o time alemão retornou à categoria). Contudo, os planos de equipe e piloto não eram de voltar à F1 já como vencedores. Era sabido que o trabalho até chegar o topo era longo e seria necessária uma “estruturação” na equipe.

A experiência campeã de Michael foi um pilar fundamental para o crescimento da Mercedes no certame. E mesmo que a parceria não tenha rendido vitórias ao alemão, foi um grande feito em sua carreira. Não à toa, a Mercedes tem sua hegemonia incontestada na categoria desde 2014.

No filme, o retorno é citado de forma bastante breve, já seguido do motivo da nova aposentadoria no esporte: Michael não via mais sentido em continuar na F1, viajando pelo mundo, enquanto ficava distante da família. Ele sentia que sua jornada no esporte a motor já estava concluída.

Desfecho

Apesar de alguns pontos negativos, a parte final da obra foi muito bem trabalhada. A esposa Corinna, o filho Mick e a filha Gina-Maria dão depoimentos sobre como a vida deles foi impactada após o acidente de ski sofrido pelo heptacampeão no final de 2013. A atual situação de Michael, naturalmente, não foi divulgada (visto que é um desejo da família resguardar a imagem do piloto).

Mesmo assim, as últimas cenas podem encher os olhos de alguns fãs com lágrimas. Principalmente no relato de Mick, que descreve a situação como “injusta” porque:

Nos entenderíamos de maneira diferente agora, simplesmente porque falamos uma linguagem parecida, a linguagem do automobilismo. Teríamos muito mais o que conversar. Pensando que seria tão legal se acontecesse, eu abriria mão de tudo isso [que conquistou].”

Mick conseguiu realizar, em 2021, o sonho de muitos pilotos que ficam pelo caminho no esporte a motor. Ao vencer o campeonato da Fórmula 2 em 2020, Mick superou todas as categorias de base e enfim chegou à Fórmula 1 em 2021, correndo pela equipe Haas.

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8 Comentários
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Barbara Lopes dos Lopes dos Santos Fonseca 3 de novembro de 2021

não sou fã dele e também não acompanho tanto a Fórmula 1, mas o documentário não mostrou nada de novo pra mim. O que queremos saber é o real estado de saúde dele. A Corina fala o documentário inteiro, mas em nenhum momento deixa claro o real estado de saúde. É estranho ouvir os filhos dizerem que ele está lá, mas de uma forma diferente

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José 31 de outubro de 2021

Documentário superficial, que vale pelas imagens de um outro automobilismo, que havia protesto, invasão de pista e as pessoas pareciam ser mais livres. O ritmo é muio ruim, passa por cima de grandes corridas e vitórias que não são sequer mencionadas, e quis colocar na última corrida de 2000, quando a coisa já estava meio que resolvida, todo peso pelo título.
Faltou falar do guru do Schumacher, o preparador físico Balbir Singh (será que a família não curte?). Vi muito espaço a figuras relativamente pouco importantes na história, e mesmo o lado pessoal é fraco.
É triste por, do pouco que se tira de novidade, dar a entender que Schumacher parece vivo por aparelhos, e com pouca ou nenhuma comunicação com o mundo exterior.

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Rodrigo Benett Cruz 26 de setembro de 2021

De forma alguma, Barrichelo corria e corre, porque gosta de guiar e com ajuda dele Schumacher ganhou, enquanto no documentário mostra um cara família, na pista ele foi o Dick Vigarista, enfim nenhuma pessoa são só coisas boas, a vida não é deste jeito.

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Carlos Souza 25 de setembro de 2021

Foda-se o Barrichello!

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Rodolfo 25 de setembro de 2021

Depois que o Ayrton Senna morreu passei a ver pouco F1, mas quando ví o documentário “Senna – sem medo, sem limites, sem igual” vi que o Senna foi sem sobra de dúvidas um dos maiores pilotos da história da F1. Recomendo a todos verem esse documentário que é em DVD ou pela internet.

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Rodolfo 25 de setembro de 2021

Eu criticava o Rubinho por ele aceitar ser o 2º piloto, mas hoje eu o entendo… ele corria não para ganhar o pódio, mas sim para ganhar dinheiro… alguns milhões de dólares. Enquanto eu tento ganhar na mega sena ele achou um trabalho legal… dirigir um F1 da Ferrari e ganhar muito bem por isso.

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Giancarlo Conti 23 de setembro de 2021

A matéria resume bem a finalidade do documentário: mostrar Schumacher para quem não assistiu às suas corridas. Além disso, faz questão de mostrar o lado “bom moço”, o qual, todos os que acompanharam a sua trajetória, sabem do seu caráter duvidoso nas pistas. Videm os vários acidentes propositais nos quais se envolveu. Sem falar que “a culpa nunca era dele”!
Além de ignorarem o grande Rubens Barrichello, logo no começo passaram por cima do seu primeiro companheiro de equipe na Bennetton o tri-campeão Nelson Piquet, fazendo de conta que ele não existia!

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Osmane Damianse 22 de setembro de 2021

Pelo que entendi, o foco do documentário não eram simples disputas em equipe!!! Deram mais importância aos adversários campeões, mesmo tendo entrevistas com Irvine e David Culthard. Poderia-se ter pelo menos uma entrevista com Barriquello. Sendo que mostrou bem pouco dos 5 titulos pela Ferrari. Enfim o mais importante do documentário foi a entrevista com a Corinna Shumacher e seu filho Mick que expuseram como esta a vida atual de Shumacher o que veio a ser bem emocionante e triste a realidade, porém ótimo para os fãs saberem mais detalhes.

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