Carros híbridos: o que são? Entenda a diferença entre eles

A cada mês chegam novos carros eletrificados, cada um de uma forma diferente, explicamos como eles funcionam para ajudar na sua escolha

honda civic 2023 motor capo sistema hibrido
Existem muitas formas de colocar motores diferentes trabalhando em conjunto (Foto: Honda | Divulgação)
Por Eduardo Rodrigues
Publicado em 09/05/2024 às 08h02
Atualizado em 09/05/2024 às 08h48

A oferta de carros híbridos no Brasil cresceu e diversificou desde a chegada do primeiro Mercedes-Benz S400 Hybrid em 2010. No início de 2024, a maioria das montadoras instaladas no país anunciaram a produção local de veículos eletrificados, deixando esses sistemas mais comuns na vida do brasileiro.

Porém nem todo carro híbrido é igual, existem diferentes formas de aliar o motor a combustão com os elétricos com o intuito de reduzir o consumo e as emissões. Alguns mais simples e com menos ganhos e outros são mais caros e complexos, dando o retorno em um custo menor por quilômetro rodado.

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O carros híbridos são chamados também de eletrificados. Esse termo vêm sendo adotado pela indústria pois a imagem dos híbridos no exterior, como nos EUA, é atrelada a carros pouco interessantes, enquanto os elétricos estão mais na moda.

Se você está interessado em gastar menos com combustível comprando um híbrido e tem receio de levar um pouco eficiente, esse guia irá auxiliar. Confira abaixo os tipos de carros eletrificados e como esses sistemas funcionam.

Híbrido leve (MHEV)

kia stonic visto de cima com teto amarelo
Em alguns carros essa tecnologia é pouco efetiva, em outros, como no Stonic, há mais ganhos na economia (Foto: Kia | Divulgação)

Essa é a forma mais simples de eletrificar um carro. O híbrido leve utiliza um motor elétrico que substitui o de arranque e o alternado. Ele é responsável por ligar o propulsor e recarregar a bateria, além de dar um leve auxílio de potência — geralmente de 10 cv.

Alguns carros híbridos leve possuem frenagem regenerativa, para recarregar a bateria de 48 volts que fornece energia a esse motor. Esse sistema mantém a bateria de 12 volts tradicional para as funções vitais.

A vantagem do híbrido leve é ter um sistema start-stop mais efetivo e sem exigir uma bateria de 12 volts mais cara. Em situações urbanas ele consegue reduzir mais o consumo por essa função e por dar alguns cavalos extra para tracionar o veículo. Os ganhos ficam entre 0,4 e 1,7 km/l.

Alguns híbridos leve conseguem maior economia por tirar do motor a combustão a tarefa de tocar periféricos como o ar-condicionado. O Kia Stonic faz isso e possui a função “velejar”, que desliga o motor do carro em movimento quando apenas a energia cinética é necessária para mantê-lo em movimento.

Esse tipo de eletrificação pode ser aplicado a carros com câmbio manual, CVT, dupla embreagem ou automáticos tradicionais. A Fiat oferta na Europa o Panda e o 500 com sistema híbrido leve aliado ao motor 1.0 Firefly aspirado e câmbio manual, por exemplo.

Uma versão mais eficiente do híbrido leve é a que utiliza um segundo motor dentro do câmbio. A Mercedes-Benz faz isso no E300 e a Stellantis terá um similar em carros feitos no Brasil com a caixa de dupla embreagem que traz um motor integrado.

Nesse tipo de sistema o motor ligado ao motor e o motor na caixa de marchas fornecem mais força para tracionar e aliviar a barra do propulsor a combustão.

Carros híbridos leves vendidos no Brasil

  • Audi RS6 Avant;
  • BMW X7;
  • Caoa Chery Arrizo 6 Pro Hybrid;
  • Caoa Chery Tiggo 5X Pro Hybrid;
  • Caoa Chery Tiggo 7 Pro Hybrid;
  • Kia Stonic;
  • Kia Sportage;
  • Land Rover Range Rover;
  • Maserati Levante;
  • Maserati Ghibli;
  • Toda a linha Mercedes-Benz exceto CLA45 AMG, G63 AMG e elétricos;
  • Subaru Forester;
  • Subaru XV.

Híbrido paralelo

honda civic hybrid 2003 frente parado
Os dois motores trabalham onde são melhores, mas se a bateria acabar ele vira um carro a gasolina comum (Foto: Honda | Divulgação)

Esse tipo de eletrificação é a base para a maioria dos híbridos que conhecemos. O nome paralelo é dado pois tanto o motor a combustão quanto o elétrico podem tracionar o veículo.

Sua proposta é aproveitar onde cada tipo de propulsão é mais eficiente. Como não há uma dependência entre os motores, esse sistema permite que o carro se mova como um veículo a combustão caso não haja carga na bateria.

A Honda foi a marca que mais apostou nesse sistema no passado, com o sistema IMA. Ele usava um motor elétrico montado entre o câmbio e o volante do motor a combustão. A japonesa usou em veículos de 4 ou 6 cilindros, com caixa manual, CVT e automática.

Híbrido em série (EREV)

BMW vai aposentar o i3, seu primeiro carro elétrico vendido em massa
No i3 um motor estacionário atua apenas para dar carga na bateria (Foto: BMW | Divulgação)

Um motor a combustão interna é mais eficiente funcionando livre da função de tracionar o carro e em uma faixa ideal de rotação. No híbrido em série, ele atua como gerador de energia para recarregar as baterias, enquanto o elétrico traciona.

Esses sistema possui duas vantagens sobre o 100% elétrico: é mais leve, por usar uma bateria menor, e não fica dependente da rede de postos de recarga. Uma parada no posto de gasolina já resolve.

Atualmente não são oferecidos carros com esses sistema. A BMW vendia o i3 REX, que era um híbrido em série com motor bicilíndrico de motocicleta atuando como gerador.

Quem aposta nos híbridos em série mundo afora é a Nissan, com a linha e-Power. A General Motors classificava o Chevrolet Volt assim, mas ele usava o motor a combustão para ajudar a tracionar acima de 112 km/h.

Os sistemas híbridos em série são mais antigos que parecem, as locomotivas diesel-elétricas funcionavam dessa maneira. O novo ônibus de dois andares que roda em Londres também trabalha dessa forma.

Híbrido série-paralelo, ou pleno (HEV) — o mais tradicional

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Esse é um dos mais eficientes e usado popularmente pela Toyota (Foto: Toyota | Divulgação)

O primeiro carro híbrido de produção seriada — e mais bem sucedido — é o Toyota Prius. A montadora japonesa é a que mais aposta na eletrificação e usa como base o sistema séries-paralelo.

Ele combina combina os dois tipos de motores com a maior eficiência possível. O carro pode ser tracionado por apenas um, por ambos ou usar o motor a combustão para gerar energia para as baterias.

O funcionamento pode variar conforme o carro. Em geral, o motor elétrico é priorizado em situações urbanas, o motor a combustão é priorizado em rodovias e ambos trabalham juntos quando é exigido mais desempenho.

Esse tipo de híbrido ainda precisa de um câmbio. O mais comum é o eCVT, que utiliza uma engrenagem planetária que simula as mudanças de relação através do motor elétrico. Mas também é possível ter um híbrido pleno com caixas de duplas embreagem, como é feito pelos veículos da Hyundai e Kia.

A Honda introduziu no mercado uma variante ainda mais eficiente dos híbridos série-paralelo com a tecnologia E:HEV. Ele usa o motor elétrico em baixas velocidades, em altas o propulsor a combustão entra em uma marcha direta. Isso reduz as perdas mecânicas geradas pelo câmbio.

Carros híbridos série-paralelo (HEV) à venda no Brasil:

  • CAOA Chery Tiggo 8 Pro Plug-In Hybrid
  • Ford Maverick Hybrid;
  • GWM Haval H6 HEV;
  • Honda Accord Advanced Hybrid;
  • Honda Civic E:HEV
  • Honda CR-V Advanced hybrid;
  • Hyundai Ioniq;
  • Hyundai Kona Hybrid;
  • Kia Niro;
  • Toda a linha Lexus;
  • Toyota Corolla Hybrid;
  • Toyota Corolla Cross HEV;
  • Toyota RAV4 Connect Hybrid.

Híbrido plug-in (PHEV)

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O diferencial no plug-in é poder rodar apenas como elétrico (Foto: Toyota | Divulgação)

Atualmente os carros elétricos são uma escolha melhor para rodar apenas na cidade, porém nem todos os motoristas podem se dar o luxo de ter dois veículos na garagem. É aí que entra o híbrido plug-in.

Essa tecnologia é a transição entre os híbridos e os 100% elétricos. Ele permite que o motorista rode por alguns quilômetros apenas na eletricidade, sem acionar o motor a combustão, podendo recarregar a bateria em uma tomada.

Nos outros híbridos a carga é feita apenas pela frenagem regenerativa ou usando o motor a combustão como gerador. Essa autonomia, mesmo sendo reduzida, costuma ser suficiente para os deslocamentos diários em uma cidade.

Quanto ao funcionamento em modo híbrido, o mais comum é que os carros trabalhem de forma similar aos sistemas série-paralelo ou apenas paralelos. Em alguns modelos o motor a combustão traciona um eixo enquanto o elétrico atua no outro, simulando assim uma tração integral.

Nos híbridos plug-in são usados motores elétricos mais potentes e baterias maiores. Isso aumenta o peso do veículo e resulta em um consumo de combustível pior que o de um híbrido tradicional. A vantagem é poder usar apenas na eletricidade e deixar o motor a explosão para viagens maiores.

Carros híbridos plug-in vendidos no Brasil

  • Audi Q5 TFSIe;
  • BMW 330e;
  • BMW 530e;
  • BMW X3 30e;
  • BMW X5 50e;
  • BYD Song Plus;
  • Ferrari SF90 Stradale;
  • Ferrari 296;
  • GWM Haval H6 PHEV;
  • GWM Haval H6 GT;
  • Jaguar F-Pace PHEV;
  • Jeep Compass 4XE;
  • Jeep Grand Cherokee 4XE;
  • Land Rover Defender 110 PHEV;
  • Land Rover Range Rover Velar;
  • Land Rover Range Rover Sport PHEV;
  • Mini Countryman Cooper SE PHEV;
  • Porsche Cayenne e-hybrid;
  • Porsche Panamera;
  • Toyota RAV4 Plug-In Hybrid;
  • Volvo XC60;
  • Volvo XC90.

Micro híbrido — que não é híbrido

smart fortwo brazilian
A Smart chamou o sistema star-stop dessa forma, mas não havia auxílio de motores elétricos (Foto: Smart | Divulgação)

Dentre as classificações de carros híbridos existe um que está mais para manobra de marketing, o micro híbrido. Esse nome foi usado em alguns veículos com o sistema start-stop.

Para quem não conhece, o star-stop é a tecnologia que desliga o motor quando o carro está parado e religa quando o motorista solta o freio. Ela foi criada para reduzir o consumo e as emissões na cidade, mas a economia é mínima e exige uma bateria de 12 volts específica que custa mais caro.

O único veículo a ser vendido no Brasil como micro híbrido foi o Smart Fortwo MHD. A tecnologia voltou em outros carro e está em linha até hoje, mas sendo chamada apenas de start-stop.

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