Ar-condicionado que não ‘rouba’ potência do carro: isso realmente existe?

Sim, mas apenas em veículos com propulsão híbrida ou elétrica; nos modelos tradicionais, com motor a combustão, aparelho inevitavelmente acarreta perdas

ar condicionado
Uso do ar-condicionado no carro (Shutterstock)
Por Alexandre Carneiro
Publicado em 27/11/2020 às 11h00
Atualizado em 27/11/2020 às 16h44

Com a popularização do ar-condicionado ao longo das últimas décadas, esse item do carro passou a ser tema de alguns mitos. Um deles é sobre o surgimento de equipamentos totalmente elétricos, que não “roubariam” potência do motor. Mas, afinal, esse tipo de tecnologia existe? A resposta é não, exceto em veículos com propulsão híbrida ou elétrica.

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Em automóveis puramente a combustão, não tem jeito: o sistema de ar-condicionado é, sim, interligado ao motor. Quando está em funcionamento, o aparelho de climatização invariavelmente traz prejuízos tanto ao desempenho quanto ao consumo de combustível.

“Os carros com motores a combustão têm uma correia para mover o compressor. E é o compressor que tira potência”, sintetiza Ricardo Takahira, da Comissão Técnica de Veículos Elétricos e Híbridos da Sociedade de Engenheiros da Mobilidade do Brasil (SAE Brasil). Esse componente, como o próprio nome diz, é o responsável por comprimir o gás refrigerante e fazê-lo circular pelo sistema.

Em carros híbridos e elétricos, compressor não acarreta perdas

Takahira explica que veículos com propulsão híbrida ou elétrica trabalham com uma tensão bem mais alta. Neles, as baterias chegam a ter 300V. Por isso, em tais modelos, não é necessário utilizar outra fonte de energia para movimentar o compressor. Porém, em um carro convencional, a combustão, o sistema elétrico é de apenas 12V, insuficiente para sustentar, sozinho, o ar-condicionado.

ar condicionado de carro Jeep Renegade
Compressor do ar-condicionado é movimentado pelo motor do carro, ocasionando perdas (foto: FCA | Divulgação)

Como cada carro tem um projeto específico, os impactos decorrentes do uso do ar-condicionado variam. Entretanto, quando está em uso, o aparelho costuma consumir, pelo menos, cerca de 7 cv de potência.

O engenheiro da SAE Brasil afirma que essa perda é significativa, mas pondera que ela é mais sentida em automóveis de pior desempenho, como os equipados com motores 1.0 de aspiração natural. “Em modelos mais potentes, a perda é menos perceptível”, pondera.

Eletrônica reduz perdas do ar-condicionado do carro

A boa notícia é que, apesar de inevitáveis, as perdas decorrentes do uso do ar-condicionado têm sido minimizadas. Takahira esclarece que, atualmente, é comum que os sistemas de climatização tenham recursos eletrônicos para trazer menos impactos tanto ao consumo quanto ao desempenho do carro. Um deles é o compressor variável, que consegue trabalhar com maior ou menor intensidade, dependendo da necessidade.

O especialista salienta que a situação na qual o ar-condicionado é mais exigido ocorre quando o habitáculo do carro está ainda quente. Isso acontece, por exemplo, quando o motorista liga o aparelho na intensidade máxima após deixar o veículo estacionado sob sol forte. Nesse caso, o compressor trabalhará incessantemente até a temperatura interna atingir o nível ajustado pelo condutor.

Contudo, uma vez que já ocorreu a climatização dentro do carro, o ar-condicionado pode ser aliviado. “Dá para diminuir a pressão, pois é preciso só manter a temperatura, e não baixá-la”, pontua o engenheiro da SAE Brasil. Nessa situação, um compressor variável começa a trabalhar em velocidade mais baixa. Alguns compressores podem até desligar e religar automaticamente, sem trazer prejuízo ao conforto térmico a bordo.

Outro recurso, utilizado há pelo menos duas décadas pelos fabricantes de veículos, é o de desligar o compressor do ar-condicionado por alguns poucos segundos em situações de maior necessidade de potência. Isso pode ocorrer, por exemplo, quando o motorista aciona o pedal do acelerador até o fundo, durante um aclive um uma ultrapassagem. Seja qual for a solução adotada, os comandos são emitidos por uma central eletrônica.

E em um carro elétrico ou híbrido, o que move o compressor do ar-condicionado?

Nos carros elétricos e híbridos, de onde vem a energia que faz o ar-condicionado funcionar? Takahira responde: “do banco de baterias” (que, vale lembrar, trabalha em tensão muito mais alta que em um modelo a combustão). Desse modo, o uso do aparelho não implica em perda de potência, e sim em redução de autonomia.

Entretanto, tal qual em um modelo convencional, um carro híbrido ou elétrico também tem soluções para aumentar a eficiência energética do ar-condicionado. O especialista da SAE Brasil elucida que, nesses casos, além dos mecanismos de variação e de desativação do compressor, o carro pode ter alguns outros recursos.

Um exemplo é o sistema de frenagem regenerativa, que pode reaproveitar a energia dissipada pelos freios para alimentar diretamente o aparelho de climatização.

Ar-condicionado gasta mais combustível quando funciona em potência máxima? Boris Feldman explica em vídeo!

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23 Comentários
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João Ricardo 7 de março de 2023

Matéria ruim.
Quem escreveu a matéria está muito desinformado, porque tem carro a combustão apenas que tem ar condicionado elétrico, que por sua vez não está ligado diretamente ao motor do veículo.
Realmente tem que estudar um pouco mais antes de fazer a matéria.

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Rodrigo Moura 17 de dezembro de 2021

Boris, você está parcialmente errado.
Compressor elétrico, trabalha sempre na rotação ideal, irreduz consideravelmente o roubo de força do motor, o que também contribuí para redução de consumo de combustível.

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Rodrigo Moura 17 de dezembro de 2021

Boris, você está ERRADO, o ar-condicionado elétrico trabalha sempre na rotação ideal e também desarma quando a temperatura for atingida.
Isso reduz consideravelmente a perda de potência do motor e também reduz o consegui de combustível.

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Marcelo 18 de dezembro de 2020

Brasileiro adora atestado de burrice, já que a maioria não quis estudar, abra o vidro , vai resolver todos os seus problemas se puto, deixe o ar condicionado para quem gosta e paga por isso.

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marcus mendes 3 de dezembro de 2020

Como disse antes, procurem uma empresa que faça a instalação do ar-condicionado elétrico em fusca e Kombi. E verifiquem se realmente funciona, se for picaretagem, vocês poderão divulgar aqui no site. De repente é mais fácil criticar sem comprovar.

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marcus mendes 3 de dezembro de 2020

Já vi em vários sites, empresas que montam ar-condicionado totalmente elétrico em Kombi e fusca. É fácil entrem em contato com uma dessas empresas e façam um vídeo, ai vocês poderão informar se é picaretagem.
Falar que não existe é muito fácil. Desafio lançado.

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marcus mendes 3 de dezembro de 2020

Já vi em vários sites, empresas que montam ar-condicionado totalmente elétrico em Kombi e fusca. É fácil entrem em contato com uma dessas empresas e façam um vídeo, ai vocês poderão informar se é picaretagem.
Falar que não existe é muito fácil.

AutoPapo
Alexandre Carneiro 3 de dezembro de 2020

Caro,
A fonte da nossa matéria é um engenheiro especializado no desenvolvimento de sistemas de ar-condicionado automotivo, com décadas de experiência na indústria. É possível até que ele tenha desenvolvido o aparelho de ar-condicionado do veículo que você dirige.
Ressalto ainda que adaptações sem comprovação técnica muitas quase sempre não cumprem o que prometem: aqui mesmo, no AutoPapo, o Boris já desmitificou o vídeo que você postou (que foi barrado porque o AutoPapo não permite links para outros sites nos comentários). Saiba mais em https://autopapo.uol.com.br/blog-do-boris/video-carro-movido-a-agua-e-possivel/.
Abraço.

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Tanaka 28 de novembro de 2020

Hoje em dia o ar-condicionado não é somente um item de conforto, mas também e segurança pois mantêm os vidros fechados, se rouba potência do motor à combustão, nos carros mais modernos esta redução é muito pequena, para testar, é só ligar e desligar o ar-condicionado em um trecho preferencialmente de uma rodovia e ver ser há alguma alteração, no meu caso, esta diferença é imperceptível, portanto prefiro andar sempre com o ar-condicionado ligado.

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Tiago Macedo costa 27 de novembro de 2020

Hoje já existe sim compressor elétricos para carros de combustão, não sendo.tocado por uma correia e sim 100% elétrico , acho que vcs estão mal informado , pesquisem para ver…

AutoPapo
Alexandre Carneiro 30 de novembro de 2020

Não há, Tiago.
Esse aparelho existe, no máximo, nos chamados veículos “híbridos leves’ (mild hybrid), que têm um sistema elétrico de 48V. Nenhum automóvel convencional, com sistema elétrico de 12V, consegue suportar um compressor elétrico.
Abraço!

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Elder 3 de dezembro de 2020

O ar condicionado elétrico não faz milagres em termos de energia. Ele pode funcionar sem estar conectado mecanicamente ao motor do carro, mas usa (muita) eletricidade. E a eletricidade no automóvel não cai do céu, é gerada pelo motor através do alternador!!! Portanto quando muita nergia elétrica se faz necessária o alternador tem que providenciar aquela energia e isto também rouba potência do motor.
Em outras palavras, a energia necessária para mover o ar condicionado é sempre a mesma, esta pode vir diretamente do motor, ou indiretamente pelo sistema elétrico (que também rouba potencia do motor).

AutoPapo
Alexandre Carneiro 3 de dezembro de 2020

Vamos lá, Elder. Você está certo quando diz que o ar-condicionado consome muita energia: e é justamente por isso que, em um sistema de 12V, não é viável ter um compressor elétrico. Nesse caso, a tensão elétrica é muito baixa, e aqui vale lembrar que, quanto menor a tensão, menor é o fluxo de energia. Mesmo que o alternador gere enorme quantidade de energia, a tensão não é suficiente (não há fluxo o bastante). Em um veículo híbrido-leve, com sistema de 48V, já é possível.
Tal raciocínio de que maior geração de energia elétrica aumenta indiretamente o consumo é válido justamente para veículos híbridos, pois, neles, o motor a combustão funciona também como gerador. Nesses casos, o ar-condicionado em si não implica em perdas, mas o motor terá que funcionar mais para gerar a energia adicional que foi gasta.
Abraço!

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Marcelo 27 de novembro de 2020

Odeio ar condicionado. Prefiro ar puro batendo no rosto. Tem gente que anda com ar condicionado ligado o tempo todo deixando o habitáculo com ar reciclado, poluído e fedorento.

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Fernando B 7 de abril de 2021

Seu celta não tem, mas não fique com raiva de quem tem. É bom demais ligar o ar naquele dia fervendo e sentir gelar. Não dá vontade de sair do carro

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iraildes goncalves de jesus 27 de novembro de 2020

o ar condicionado com compressor eletrico nao tira potencia do motor me parece que o hb20 é assim , da uma checada.

AutoPapo
Alexandre Carneiro 27 de novembro de 2020

Não é, Iraildes. Nenhum automóvel com sistema elétrico de 12V (caso do HB20) consegue suportar um compressor elétrico.
Abraço!

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Elder 3 de dezembro de 2020

O sistema elétrico do carro pode sim suportar um ar-condicionado que seja somente elétrico desde que seja dimendionado para tal. Mas neste caso quem vai prover a energia necessária para o ar-condicionado será o alternador do veículo. A energia elétrica a ser gerada não cai do céu, ela provém do alternador que é movimentado pelo motor. Portanto o alternador também rouba potencia do motor quando muita energia precisa ser gerada. Não existe milagre em termos de energia.

AutoPapo
Alexandre Carneiro 3 de dezembro de 2020

Em um sistema de 12V, não há tensão elétrica suficiente para um ar-condicionado elétrico. Quanto menor a tensão, menor é o fluxo de energia. Não há alternador nem dimensionamento de projeto tecnicamente viáveis se a tensão do circuito é insuficiente.
Abraço!

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Rodrigo 17 de dezembro de 2021

Amigo, o compressor elétrico diminui de forma considerável a perda de potência e o consumo de combustível, explico, o compressor elétrico trabalha 100% do tempo na rotação ideal, onde ele tem seu melhor desempenho, no compressor mecânico a rotação ideal é obrigatoriamente calculada para rotação de “marcha lenta” do motor.

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Nanael Soubaim 28 de novembro de 2020

Haja bateria para dar conta desse compressor, no mínimo 48V com não menos de 100A, para funcionar por um período razoável.

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salim 27 de novembro de 2020

O interesse desses caras em vender as novas porcarias é tão grande que não estão nem aí em passar vergonha, visto que deveríamos investir cada vez mais em eficiência e não nos elétricos propriamente ditos, de onde vem e para onde vai a matéria prima das baterias tão caras quando precisam ser substituídas? E quanto à origem da energia que alimenta as baterias, que vem de usinas que queimam combustíveis e poluem tanto quanto ou até mais do que os carros. E quanto à demanda pela energia que vai aumentar, vem de onde? Tá na cara que estão cagando para o ambiente e vêm com essa conversinha de tecnologia verde, se estivessem realmente preocupados garanto que iriam investir em etanol, gnv, qualquer porcaria que nao causasse tanto impacto ao planeta. Carro elétrico com a tecnologia das baterias que temos hoje em dia é uma grande palhaçada.

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Observador 27 de novembro de 2020

Bela porcaria, perde-se em autonomia do veículo, que é elétrico, por conta de que as baterias também são utilizadas para movimentar o compressor do ar condicionado, que vantagem Maria leva??? Faltou na matéria estabelecer e/ou esclarecer o quanto se perde de energia das baterias com o uso constante do ar condicionado ligado somente no modo elétrico do veículo !!! Dessa forma, entendo que nos veículos a combustão a economia de combustível possa ser mais razoável de que em veículos elétricos !!!

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