Do carro ‘escada ao ‘guilhotina’: 5 equipes de F-1 que se deram mal ao inovar demais

Inovar demais na Fórmula 1 pode ser uma faca de dois gumes; Essas 5 equipes tentaram reiventar a roda e acabaram se dando mal na categoria

Além de lento, Ensign N179 é considerado um dos carros mais feios da Fórmula 1
Além de lento, Ensign N179 é considerado um dos carros mais feios da Fórmula 1 (Imagem: Reprodução)
Por Bernardo Castro
Publicado em 05/06/2022 às 14h03

A Mercedes apresentou o W13 para a temporada 2022 da Fórmula 1 com um conceito único visto no grid de 2022: os zeropods. A tentativa da marca alemã foi “zerar” a parte lateral do bólido – conhecida também como “sidepods” onde ficam as entradas de ar para refrigeração do motor.

Fato é que essa ideia não deu muito certo no início da temporada e a equipe octacampeã mundial cogitou abandonar esse conceito do W13 e resgatar o projeto utilizado durante o primeiro teste de pré-temporada em Barcelona. No entanto, as atualizações levadas para o GP da Espanha parecem ter surtido efeito na flecha de prata e o conceito foi mantido para o GP de Mônaco, que acontece neste domingo (29).

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Mas fato é que a Mercedes não é a primeira – e nem vai ser a última – equipe que tentou inovar no projeto do monoposto e acabou falhando miseravelmente. A trajetória da Fórmula 1 está recheada de casos parecidos com esse e que, de certa forma, ajudam a enriquecer a história do esporte com carros memoráveis que, mesmo que não sejam vencedores, marcaram pela sua estética inusitada – e porque não dizer feia?

Pensando nisso, o AutoPapo listou cinco conceitos de carros de Fórmula 1 diferentões que não tiveram tanto sucesso assim. Alguns deles chegaram a ser banidos antes mesmo de ir para a corrida, devido ao risco que oferecia aos pilotos.

1972: Eifelland Type 21

O Eifelland Type 21 teve passagem curta na Fórmula 1.
O Eifelland Type 21 teve passagem curta na Fórmula 1.

A Eifelland teve uma curta passagem pela Fórmula 1 marcando presença apenas na temporada de 1972, e ainda assim nem participou de todas as corridas: esteve presente apenas em 8 dos 12 GPs disputados naquele ano.

A equipe pertencia ao empresário alemão Günther Hennerici, que patrocinava o conterrâneo Rolf Stommelen. No entanto, Hennerici chegou a conclusão que seria mais vantajoso transformar o seu patrocínio em uma equipe propriamente dita, do que estampar o seu nome em outros carros.

Com a decisão tomada, a Eifelland comprou um chassi da 721 March e o utilizou como base para o Type 21. A equipe ainda chamou Luigi Colani, designer industrial alemão, para redesenhar o bólido.

O monoposto ficou caracterizado por sua forma arredondada, pela entrada de ar e pelo único espelho retrovisor, que era posicionado à frente do cockpit. No entanto, o Type 21 sofria com superaquecimento, downforce e confiabilidade e, aos poucos, algumas das peças projetadas por Colani precisaram ser substituídas pelas da March.

Com tantos problemas assim, os resultados não poderiam ser bons. O melhor foi um 10º lugar nos GPs da Inglaterra e de Mônaco, em uma época que apenas os seis melhores somavam pontos. Stommelen e Hennerici se desentenderam ao longo de 1972 e o GP da Áustria foi a última aparição da equipe Eifelland na Fórmula 1.

1979:Ensign N179 

Ensign N179 foi apelidade de "carro escada"
Ensign N179 foi apelidade de “carro escada”

Esse é, certamente, um dos modelos mais feios que já passou pelas pistas da Fórmula 1, e os radiadores posicionados na parte da frente do bólido o deram o apelido de “carro escada”.

O time inglês queria maximizar o efeito solo – em alta naquela época na categoria. No entanto, o desempenho do bólido foi similar à sua aparência: péssimo! Entre os problemas do N179 estava o superaquecimento do motor, e o mesmo acontecia com o cockpit, visto que os pilotos reclamavam de muito calor.

Com 11 participações no currículo, o N179 não se classificou para 7 GPs e conseguiu disputar apenas 4 deles. Desses disputados, cruzou a linha de chegada apenas uma vez, no GP da Inglaterra.

1969:McLaren M7C

McLaren M7C apareceu nos treinos livres do GP de Monaco de 1969
McLaren M7C apareceu nos treinos livres do GP de Monaco de 1969

A Mclaren já teve alguns carros incríveis na Fórmula 1 que renderam ao time inúmeros títulos nos Campeonatos de Pilotos e de Construtores.

No entanto, um dos modelos emblemáticos da marca inglesa não tem vitórias e sequer chegou a disputar uma corrida. O M7C, com seus dois aerofólios, deu as caras na principal categoria do esporte a motor durante a quinta-feira de treinos-livres para o GP de Mônaco.

Naquela época as equipes estavam começando a explorar cada vez mais o uso da aerodinâmica nos veículos. Por isso, o uso de aerofólios traseiros cada vez mais altos começaram a se tornar comum naquela temporada. No entanto, a pressão exercida era tamanha que a frente ficava “solta” e era preciso algo para compensar essa diferença.

Bruce tinha uma reputação de criar diferentes designs para seus carros e desenvolveu o aerofólio dianteiro, para dar um equilíbrio melhor ao carro da McLaren.

No entanto, os organizadores consideraram o conceito muito perigoso e os “carros guilhotina” tiveram a asa frontal banida. O McLaren M7C também ficou conhecido como Thursday car (ou carro da quinta-feira, em tradução livre), em referência à sua primeira aparição.

2001: Arrows A22

arrosws a 22 formula1 2001

Apesar de nunca ter vencido na Fórmula 1 e ter o 5º lugar como melhor resultado no Campeonato de Construtores, a Arrows permaneceu na categoria por mais de duas décadas.

Mesmo com a tragetória marcada por mais baixos do que altos, a Arrows ainda é muito lembrada pelos fãs da categoria e teve em 2001 um de seus carros que mais chamou a atenção.

No mesmo circuito de Mônaco, a Arrows inseriu no A22, coincidentemente um carro também laranja, uma asa dianteira muito similar ao que a McLaren mostrou em 1969. E advinhe? O dispositivo também foi banido antes mesmo de ir para a corrida.

Naquela temporada, a Arrows foi a penúltima colocada entre os construtores e somou apenas 1 ponto com Jos Verstappen, no GP da Áustria.

1997: Tyrrell 025

As asas adicionais do Tyrrell 025 foram apelidadas de X wings
As asas adicionais do Tyrrell 025 foram apelidadas de X wings

A Tyrrell inovou algumas vezes na Fórmula 1 e mostrou conceitos interessantes. O mais emblemático foi, provavelmente, o modelo P34 que possuia 6 rodas. No entanto, não é dele que falaremos nesse tópico.

Em meio à dificuldades financeiras em 1997, o time inglês encontrou uma solução para melhorar o downforce do modelo 025. A escuderia colocou um par de asas extras na lateral do carro, que ficaram conhecidas como X wings. 

O aparato canalizava o ar na parte superior e aumentava a aderência. Isso era muito útil em circuitos travados como Mônaco, por exemplo. Inclusive, foi no GP do principado que a Tyrrell somou os seus únicos dois pontos na temporada, com 5º lugar alcançado por Mika Salo. Os pontos foram o suficiente para tirar a equipe da lanterna no Campeonato de Construtores e colocá-la em 10º.

Mas a história das X wings não terminaram em 1997. No ano seguinte, Ferrari, Sauber, Jordan e Prost desenvolveram essas asas extras para os seus bólidos de 1998.

No entanto, por medo das X wings se soltarem e causarem algum acidente mais grave, a FIA decidiu banir o aparato aerodinâmico.

Bonus: Tyrrell P34

A Tyrrell Inventou diferentes conceitos interessantes durante sua passagem pela Fórmula 1
A Tyrrell Inventou diferentes conceitos interessantes durante sua passagem pela Fórmula 1

Já que o famoso carro de 6 rodas foi citado no tópico anterior, vale uma menção honrosa a ele. Diferente dos outros modelos dessa lista que não venceram corridas ou nem chegaram a competir, o P34 foi um bólido bem sucedido, chegou a conquistar pódios e vencer corrida na Fórmula 1.

O regulamento dos anos 1970 exigia que a largura máxima da asa dianteira fosse de 1,5 metros. Com isso, o sistema de direção e suspensão somado ao tamanho dos pneus dianteiros, ultrapassavam o tamanho da asa e isso aumentava o arrasto aerodinâmico dos carros.

Foi quando a Tyrrell teve a ideia de fazer um projeto com 4 rodas dianteiras para reduzir a área frontal do veículo e obter uma melhor eficiência aerodinâmica. A Goodyear, responsável por fornecer pneus para os ingleses, precisou produzir pneus de tamanho 10” exclusivamente para o P34.

Apesar da vitória, dos pódios e do terceiro lugar no Campeonato de Construtores em 1976, o conceito não se saiu muito bem no ano seguinte. Para aquela temporada o regulamento aumentou o peso mínimo dos monopostos e, com isso, a distribuição dos quilos extras atrapalhou o comportamento do carro na pista.

Além disso, a Goodyear não estava muito satisfeita em produzir pneus especiais apenas para uma escuderia, o que acabou comprometendo a aderência do conjunto. Por isso, a partir de 1978 a Tyrrell abandonou o conceito de 6 rodas.

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1 Comentário
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Gustavo André Silva Sales 10 de junho de 2022

Faltou a lótus verde(caterham F1) de 2014 a época onde o regulamento mexeu com os bicos dianteiros dos carros

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