Um mês após anúncio do fechamento das fábricas, Ford enfrenta impasse

Multinacional está impedida pela justiça de realizar demissões; por outro lado, funcionários interromperam a produção de peças destinadas a estocagem

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Letreiro da fábrica de Taubaté (SP), que estava em atividade desde a década de 1970 (Foto: Ford | Divulgação)
Por Alexandre Carneiro
Publicado em 11/02/2021 às 08h45
Atualizado em 11/02/2021 às 16h03

Nesta quinta-feira (11) completa-se exatamente um mês desde que a Ford anunciou o fechamento de todas as suas fábricas no Brasil. Com essa medida, a empresa seguirá atuando no país apenas como importadora. Porém, o que se seguiu à decisão foram desdobramentos envolvendo os trabalhadores e a justiça, que deixaram a multinacional em um impasse.

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Em um comunicado enviado à imprensa no dia 11 de janeiro, a Ford informou que manteria as fábricas de Camaçari (BA) e de Taubaté (SP) em funcionamento apenas por mais alguns meses, para reforçar os estoques de peças no pós-venda. Ao mesmo tempo, iniciaria as demissões de aproximadamente 5.000 funcionários. Porém, até o momento, a empresa não conseguiu fazer nem uma coisa, nem outra.

Ocorre que os funcionários suspenderam os atividades nas duas unidades industriais. Paralelamente, os sindicatos ingressaram com ações no Ministério Público do Trabalho (MPT), que resultaram em liminares, concedidas pela justiça na semana passada.

Os documentos, que têm caráter provisório, impedem a empresa de negociar individualmente com os trabalhadores e obrigam o pagamento de salários e de licenças remuneradas enquanto os contratos estiverem em vigor. Em Taubaté (SP), a Ford ainda está proibida de vender maquinários ou bens das fábricas.

Fábricas da Ford estão paradas

De acordo com os Sindicatos dos Metalúrgicos de Camaçari (BA) e de Taubaté (SP), os trabalhadores fazem vigílias ininterruptas nas portas das fábricas da Ford. Ambas as entidades comunicaram que decisão judicial deu tranquilidade aos funcionários e que nenhuma demissão foi efetivada. Na cidade do interior paulista, também foram organizadas carreatas para protestar contra a extinção dos empregos.

O MPT lembrou que a Ford recebeu vários incentivos fiscais para erguer as fábricas brasileiras. A contrapartida seria, justamente, a criação dos postos de trabalho que agora estão sendo extintos. Além das demissões diretas, o encerramento das atividades industriais da multinacional ocasionará a perda de outros milhares de empregos indiretos. O órgão formou um grupo de trabalho para acompanhar o caso.

O AutoPapo também entrou em contato com a Ford, que não se manifestou até a publicação desta reportagem. Porém, o caso é que o imbróglio não deverá ter um desfecho rápido. E, talvez, nem barato: na França, a multinacional teve que arcar com um ressarcimento de € 20 milhões (cerca de R$ 130,5 milhões) ao Estado após fechar uma fábrica em 2019. Cada um dos 850 demitidos recebeu uma indenização de € 190 mil (R$ 1,2 milhão).

Com o fim das fábricas brasileiras, a Ford interrompe uma história centenária de produção no Brasil. De Camaçari (BA), saíam os modelos Ka e EcoSport, enquanto a unidade de Taubaté (SP) manufaturava motores e transmissões. Vale lembrar que, em 2019, a multinacional já havia fechado a fábrica de São Bernardo do Campo (SP).

E  a Troller?

Além das fábricas baiana e paulista, a Ford controla também a marca Troller, sediada em Horizonte (CE). Por lá, o plano da multinacional era manter a produção de veículos até o quarto trimestre de 2021. Os cerca de 470 trabalhadores da unidade também realizaram atos de protesto.

Erros da Ford são centenários no Brasil: Boris Feldman relembra 10 deles em vídeo!

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9 Comentários
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SamueLuzbeL BRAZSIL 4 de março de 2021

A FORD VOLTARÁ A PRODUZIR CARROS, HÍBRIDOS E ELÉTRICOS, NO BRASIL COM A REFORMA TRIBUTÁRIA APROVADA NO CONGRESSO!
FORD, A ARGENTINA ESTÁ EM CRISE!
OS ARGENTINOS MIGRAÇÃO PARA O BRASIL, FORD!

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Marcelo dos Santos Simioni 1 de março de 2021

Nem acredito que essa fábrica deixou de lançar os carros da ora no momento certo, mas são uma raça de safados mesmo!

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Francisco coelho de Amorim 12 de fevereiro de 2021

Eu tenho caminhão Ford cargo e não aconselho ninguém comprar carro da marca Ford hoje eu preciso comprar peças e não encontrei nas revendedora que tem obrigação de garantia peça por dez anos mas não está cendo cumprida a lei

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Halzeny 12 de fevereiro de 2021

Pra meu desespero comprei uma eco sport. E agora como conseguir as peças se a Ford fechou as portas?

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Juarez lobo 12 de fevereiro de 2021

Também esses governos do capeta do satanás governo estadual federal e municipal so fala em imposto nunca favorece nso da nenhum incentivo fiscal..
Num país democratico fica quem quer e sai quem quer..
Porque os três governo não negociaram a pernanencia…

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Elias 13 de fevereiro de 2021

Você está enganado, a Ford recebeu muitos incentivos fiscais do Governo para criar empregos

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Luis Elias 11 de fevereiro de 2021

Sou da opinião que a própria Ford é a maior responsável pela sua situação atual. Claro, existem questões tributárias e mercado. A Ford parou no tempo, não se atualizou e seu portifólio é minimalista.

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fim 11 de fevereiro de 2021

e pa acaba.

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Fe 11 de fevereiro de 2021

Imagina a vontade de ferrar com a Ford (sabendo que serão desligados) esses funcionários ainda terão que voltar a trabalhar por um ou dois meses para abastecer o mercado de reposição.
As peças de reposição dos KA, Ka + e EcoSport deverão ter no mínimo qualidade duvidosa.
Os funcionários estão “putos”.

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