Ferrari Roma: não é o que pode se chamar de uma boa compra

O que Jeremy Clarkson achou do bólido? 'Tenho dito há anos que a Ferrari está meio perdida, que ela é uma fabricante que fabrica símbolos e se destaca'

ferrari roma na estrada
Ferrari Roma: entusiastas da marca não gostam dela (Foto: Ferrari | Divulgação)
Por Jeremy Clarkson
Tradução de Bob Sharp
Publicado em 30/04/2021 às 15h33
Atualizado em 19/10/2022 às 14h04

Direto ao assunto, é melhor. Dá para notar pelas fotos que esta semana estou testando o Ferrari Roma, o Ferrari mais barato de todos, de modo que estou imaginando ser desnecessária uma introdução dramatizada de 500 palavras sobre as origens, digamos banais, seguida de rápida mudança de assunto para só depois falar do carro. Acho que estou certo.

Fui com ele visitar meu amigo Eric, que já teve muitos Ferrari famosos. Conhece bem a marca, sua atratividade. Ele conhece também seus carros — foi ele que produziu o filme “Rush”. Ele entrou no carro, deu uma olhada no painel digital e no complicado volante de direção, para logo sair e dizer: “Eles perderam o script”.

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Tem mais. A Ferrari diz que o Roma é 70% novo, mas pessoas saudáveis e com bastante tempo de folga descobriram que ele tem exatamente o mesmo entre-eixos do não apreciado Portofino, de modo que apesar de dizerem que 70% dos componentes podem ser novos, a arquitetura básica do carro e seu motor não são tão novos assim. Outros acham que era para ser um Maserati, mas a Fiat teria mudado de ideia no último minuto e aplicado o cavalo rampante na traseira.

Todos com quem falei, inclusive um sujeito que na verdade encomendou um, disse que ele era muito parecido com um Aston Martin, mas não. Ele se parece, todavia, mais com um Jaguar F-Type, que custa 100 mil libras (R$ 750 mil) a menos.

‘Ferrari está perdida’

Em resumo, o Roma não é muito bem visto pelos superfãs de Ferrari, pode não ser o que se espera dele e não é o que se pode chamar de boa compra. Contudo, tenho dito há anos que a Ferrari está meio perdida, que ela é uma fabricante que fabrica símbolos e se destaca.

E que seus carros são muito grandes, muito potentes e realmente próprios para ricos e famosos na Arábia Saudita. Dirigir um 812 GTS na Inglaterra é como montar numa vaca e entrar numa loja de antiguidades.

Por isso estava ansioso em dirigir um Roma porque ele é pequeno e seu motor não é totalmente absurdo e é dianteiro, onde ele ficava nos dias de gloria. E por que deveríamos criticá-lo por se parecer com o Jaguar E-Type? Não é a mesma coisa que falar de mulher que o problema é ela se parecer demais com Alicia Vikander?

Tem a questão do preço, é lógico. Claro, sendo de 170 mil libras (R$ 1,2 milhão), ele custa mais do que um Jaguar ou um Porsche — e muitíssimo mais do que um Mustang — mas tudo bem, se ele tem a magia Ferrari. E não tem discussão, não tem mesmo.

Ao se virar o volante, mesmo não andando muito rápido, uma combinação de muitas coisas, tanto visuais como sensuais, causa uma sensação de bem-estar na barriga como se tudo no mundo estivesse bem.

Sei que esse é o tipo de papo pretensioso usado por Grayson Perry para perder espectadores, mas acontece de fato, pelo menos comigo. Mas quando reduzi marcha para a curva que se aproximava e o câmbio de dupla embreagem fez seu trabalho, aconteceu de novo.

Ah, e quando se leva o pé ao fundo e há uma combinação de som e fúria comandado pelo torque, é como se você mergulhasse a cabeça num barril de dopamina depois de beber dois litros de serotonina. De alguma maneira é diferente de outros carros: mais leve, mais agudo, melhor.

V8 pequeno

Descobri essa diferença quando guiei um Ferrari 355 pela primeira vez, e senti o mesmo algumas vezes desde então, sempre que estou num Ferrari de motor V8 pequeno. São mesmo verdadeiramente empolgantes. E desde então potência nunca fez me borrar.

Em todos os Ferrari que dirigi recentemente acelerei a fundo para, num saudável impulso de autopreservação, levantar o pé de novo. Desafio qualquer um — e incluo Lewis Hamilton nesse “qualquer um” — a deixar o pé no fundo por mais de dois segundos num moderno Ferrari V12 em uma típica estrada do interior britânico em segunda ou terceira marcha. Não dá.

Isso quer dizer que se está pagando toda a engenharia e toda aquela capacidade sem poder usá-la, mas no Roma se pode. O V8 biturbo produz 620 cv, e o que é muito, mas mais importante, 77,5 mkgf de torque. Continua muito, mas não a ponto de se encarar de pronto uma árvore. É força para se divertir.

motor v8 ferrari roma

Assim, o que temos é um carro que faz cócegas nas suas partes, e solta o triunfante rugido do motor de virabrequim plano, e no trecho de estrada que utilizo quando estou com um bom carro ele foi maravilhoso. É o meu tipo de carro, esse.

Pode ser, e talvez seja um enorme pode ser, que um 488 de motor central-traseiro talvez fosse um pouco mais rápido, mas um 488 precisaria reduzir velocidade em todos os obstáculos na pista, ou o carro rasparia o fundo do baixo nariz, ao passo que no Roma não é necessário.

Carro para o dia a dia?

Como máquina para o dia a dia, é fantástico. E não é nem remotamente duro em más superfícies. Desliza. É prático também. Por o motor ficar na frente tem-se um porta-malas com vão decente, e bancos traseiros também. Não estou certo quem exatamente os usaria, já que mesmo Richard Hannoind reclamaria de estar sendo espremido, mas são úteis para itens menores. Bebês, por exemplo.

Na parte dianteira há várias — muitas — interfaces eletrônicas com telas de vidro e botões táteis, e assim por diante, e sei que isso desagradou meus colegas da imprensa automobilística. Mas achei que tudo funcionava muito bem. Pela primeira vez achei que os controles no volante funcionavam muito bem. Nem me importei por a maioria dos controles ser no volante.

Continua a ser uma ideia burra não haver alavancas para limpador de para-brisa e seta, mas finalmente no Roma achei o comutador de farol alto/baixo depois de apenas três dias fazendo promessas.

Contudo, o carro todo estar incomodando por causa dos bancos. Não há apoio lateral adequado independente do que se faça com os controles, e parece que se está sentado sobre o banco em vez de nele. São péssimos. Seria melhor pedir o carro sem banco algum e no lugar deles e usar as cadeiras da cozinha.

Claro, pode-se optar por bancos esportivos em vez dos normais, o que me leva a citar outros problemas deste carro, como a lista doida de opcionais. Quer o difusor traseiro de fibra de carbono? Bem, custa 6.720 libras. Couro em dois tons, 4.800 libras. Bancos traseiros dobráveis, 960 libras. Basicamente, tudo é opcional, motivo da unidade que dirigi custar ligeiramente menos de 230.000 libras (R$ 2,74 milhões).

O Roma é bom. Muito bom. É elegante, sutil, bonito, rápido e supreendentemente prático. Gostei dele realmente, mas por esse preço não tenho certeza de ser levado a comprar um.

Nota do Jeremy
4 ★★★★☆
Ficha técnica Ferrari Roma
Motor 3.855 cm³, V8 biturbo, gasolina
Potência 620 cv a 5.750 rpm
Torque 77,5 kgfm a 3.000 rpm
Aceleração 0-100 km/h 3,4 s
Velocidade máxima 320 km/h
Consumo 9,2 km/l
Peso 1.570 kg
Preço Reino Unido 170.659 libras (R$ 1,291 milhão)

Fotos: Ferrari | Divulgação

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29 Comentários
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liluane freicho 27 de agosto de 2021

te amo em todo os lugares

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Denis G 13 de agosto de 2021

Quanta m*rd* !! NÃO SE APROVEITA NADA DESSE TEXTO, e tem mais … quer que te mande um vídeo meu (um leigo) acelerando uma Berlinetta F12 dentro da CIDADE em Maranello por 6 segundos ? Infelizmente o sensacionalismo chegou até em matérias automotivas.

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Daniel 14 de maio de 2021

Esse infeliz só fala besteiras. O negócio dele é ser polêmico.
Aliás, esse site está virando só isso, sensacionalismo e polêmicas gratuitas. Porque trouxeram essa farsante lá de fora com tanta gente boa aqui?

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Gustavo 5 de julho de 2021

Esse e o verdadeiro jornalista aquele que e pago para falar a verdade é não fica falando bom do carro achando que vai ganhar alguma coisa em troca, ele já pilotou milhares de carros fora essa Ferrari então ele tem muito mais que motivos pra falar do carro. Prefiro um farsante que fala a verdade do que um brasileiro que acha que fazer jornalismo automotivo e só falar bem pra ganhar bem.

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Marcelo Monteiro 7 de maio de 2021

Pô, ainda continua sendo um carro top cara kk

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Roberto Barsottini 7 de maio de 2021

E muito estrelismo, um cara reclamar de uma Ferrari, Kkkkkk.
É óbvio que de um conceito para outro, existem diferenças e preferências, ou seja comparações imbecis !

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Giancarlo Conti 6 de maio de 2021

Talvez, os “comentaristas” de plantão não tenham chegado até o final da reportagem para saber a conclusão do JC. Esse fato só pode ser imputado à péssima tradução do texto. Ainda assim, continuo um fã incondicional do jornalista!

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Emerson Mendes de Figueiredo 6 de maio de 2021

Então eu nasci pra ver críticas à Ferrari Roma. Bom deve ser o Fiat Argo.

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Andre F. Rodrigues 5 de maio de 2021

heim, quiser pode me contratar pra traduzir as materias ok? google translate é feio heim

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Joakim 4 de maio de 2021

Ferrari Roma parece um Tesla Model S

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Joakim 2 de maio de 2021

Tradução tão ruim q era melhor ter publicado em inglês logo

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EDSON 2 de maio de 2021

Melhor jornalista automotivo do mundo.

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Edson 1 de maio de 2021

Esse sujeito é um fanfarrão. Não dá pra levar ele à sério.
Como vocês tiveram a coragem de trazê-lo para este site. Até lá fora ele é considerado insuportável e cheio de contradições suas opiniões. Tem muita gente boa no Brasil, não precisava ter trazido este cidadão de fora.

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DalterLS 1 de maio de 2021

Não gostou da Ferrari? Compra Cherry.

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Andre Luis Levi 1 de maio de 2021

Tiggo 8 com rodas de 18 polegadas e pneus 235mm, parece que o assento é confortável…rsrs?

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Alexandre Foreste 1 de maio de 2021

Que besteira reclamar só por causa do chassi, motor e algumas tecnologias. A Ferrari Roma é linda e espetacular. Clarkson e seu amigo reclamam muito.

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Marcos 4 de maio de 2021

Parece que o pessoal não leu até o fim a matéria. Como sempre reclamam, pois não entendem o que ele quis dizer. Gostou do carro, adorou guiá-lo, mas pelo preço tem outras opções.
Ele é o melhor do jornalismo automobilístico.

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Tiziano Fangazio 1 de maio de 2021

Precisa explicar ao autor que a Roma é um GT, portanto um carro pensado para viagens longas. Fabricar carros GT é parte do DNA da Ferrari desde a época do Enzo Ferrari. Mesmo os apaixonados pelos modelos extremos tem a obrigação de conhecer os segmentos onde a casa atua e avaliar o modelo dentro do seu escopo. A não ser que um determinado jornalista, no pôr do sol da própria carreira, queira apenas fazer barulho as custas do grande nome Ferrari…
Dito isto, não sei se o modelo Roma é ou não um bom GT, e este não é o ponto.

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Edson 1 de maio de 2021

O objetivo deste “jornalista” é só criar polêmica. Não sabe nada.

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Thiago G de Lima 1 de maio de 2021

A Ferrari vende exclusividade, essa é a áurea da marca. Pensar em lançar um veículo de volume parece ir contra os preceitos dos clientes que mantém suas margens excorchantes.

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Octávio Nepomuceno 30 de abril de 2021

Rapaz, já tive uma Ferrari usada, e posso dizer, quem possui dinheiro para tal não está preocupado com detalhes. Tive que vender pq perdi tudo no jogo do bicho, mas TD bem, tenho agora uma Renegade de leilão , excelente custo benefício.

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Fernando B 30 de abril de 2021

Isso pq vc ainda não dirigiu o Kwid Zen. Versatilidade, potencia e economia. Anda igual um Mustang e consome igual uma Biz. Já tive Porsche, Mitsubishi e Mercedes, mas depois de entrar no Kwid Zen eu descobri o prazer de um possante

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Conconco 30 de abril de 2021

Pode deixar tio quando vender um de meus Unos vou fazer um teste drive

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Sócrates Gomes Esteves 30 de abril de 2021

Belíssimo carro, compraria um agora, só não compro por causa dos bancos……..
Nenhum aceitaria me emprestar o dinheiro kkkkkkk.

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Renato 30 de abril de 2021

“Só não vou comprar por que ele falou que não vale o preço “

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João Marim 30 de abril de 2021

Gosto muito dos textos do Clarkson, mas pelo amor de Deus, contratem um tradutor ou um revisor de textos! Parece que foi feito pelo Google e revisado por um cara preguiçoso…

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Tiago 30 de abril de 2021

Parece que foi traduzido pelo google tradutor e NÃO FOI revisado.

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Tiago 30 de abril de 2021

Publica em Inglês mesmo e cada um se vira para entender. Melhor que usar google tradutor e ficar essa bomba.

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Rodrigo 30 de abril de 2021

Usaram o tradutor do Google?? Pelo amor de Deus, que tradução ruim

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