Acredite: hidrogênio é combustível de motor convencional ou elétrico

Eu dirigi, há 20 anos, na Alemanha, um BMW bicombustivel: tinha um tanque de gasolina e um outro com hidrogênio

carro movido a hidrogenio sendo reabastecido foto shutterstock
Hidrogênio é opção renovável e limpa (Foto: Shutterstock)
Por Boris Feldman
Publicado em 27/11/2021 às 07h55

Não existe ainda uma solução definitiva – e única – para o combustível fóssil. A rigor, apesar dos “trilhões” de dólares investidos, ainda pesam muitas dúvidas em relação ao carro elétrico: não polui, mas em muitos países a geração de energia elétrica para recarregá-lo não é limpa. Em vários, ela vem de usinas a diesel ou carvão. Então sua única vantagem é trocar o local das emissões, do centro urbano para o campo;

  • Bateria ainda é mais problema que solução, pois é produzida com metais como o lítio e o cobalto, que não param de encarecer e lidam com trabalho escravo. Seu custo, volume e peso são elevados. Sua autonomia ainda deixa a desejar e a recarga demorada torna o carro praticamente limitado ao uso urbano.
  • Ser mesmo solução mais eficiente que outras sendo desenvolvidas, principalmente as que utilizam o hidrogênio (H2).

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Hidrogênio é solução dupla

Existem dois caminhos diferentes para introduzir o hidrogênio  na mobilidade veicular:

  • na célula a combustível (Fuell Cell), a partir de uma reação química com o oxigênio, gerando energia elétrica no próprio veículo. Uma solução para se ter o carro elétrico sem bateria.E ainda uma opção adicional que interessa especialmente ao Brasil: extrair o H2 do etanol para alimentar a Fuel Cell. Tecnologia que está sendo desenvolvida por duas universidades paulistas  (Unicamp e USP) em parceria com a Volkswagen e a Nissan;
  •  diretamente como combustível nos motores convencionais, em substituição aos derivados do petróleo.

Automóveis equipados com célula a combustível já existem e são comercializados experimentalmente pela Toyota (Mirai), Honda (Clarity) e Hyundai (Nexo).

A segunda possibilidade de uso do hidrogênio, diretamente como combustível para ser queimado no motor, ainda está em fase experimental.

A rigor, os testes se iniciaram efetivamente há 20 anos, pela BMW. Eu dirigi na Alemanha, em 2001, um BMW série 7 (745 h), com motor V8 preparado para queimar também o hidrogênio. Aparentemente o mesmo automóvel de série, porém com uma chave adicional no painel que alternava o combustível entre dois tanques, gasolina ou hidrogênio.

Ao mudar do primeiro para o segundo, quase nenhuma diferença de funcionamento, exceto a percepção de uma ligeira perda de desempenho com o hidrogênio. Pois o motor deveria atender aos dois combustíveis, mais ou menos como os problema do nosso flex. Ele foi ajustado para o H2, mas sem extrair seu máximo potencial.

A empresa chegou a produzir algumas dezenas de unidades do carro e o levou para demonstração em vários países. Inclusive no Brasil. Mas não se falou mais do projeto e a BMW alegou, na época, que tecnicamente não haveria problemas na utilização do hidrogênio no motor.  A dificuldade? Os elevados custos, na época, de produção, transporte e armazenamento.

bmw 745h conceito de 2001 movido a hidrogenio
Em 2001, BMW já desenvolvia carros a hidrogênio: problema, na época, era o custo do combustível (Foto: BMW | Divulgação)

Curiosamente, a BMW traz de novo o H2 à baila, não como tentou antes no motor V8, mas alimentando uma fuel-cell. No recente Salão de Munique ela exibiu um SUV X5 com este sistema, em parceria com a Toyota.

H2 volta ao motor de combustão

Outras empresas perceberam ser viável o hidrogênio como combustível de um motor convencional e voltaram a pesquisar esta possibilidade.

Akio Toyoda, presidente da Toyota, foi copiloto de um Corolla a hidrogênio numa corrida este ano. Seus engenheiros afirmam ter obtido um torque do motor 15% maior, em relação à gasolina.

A filial italiana de uma empresa belga de tecnologia, a Punch, está desenvolvendo em Turim projeto semelhante no motor de uma picape Nissan Frontier diesel. Também substituindo o combustível fóssil pelo hidrogênio, com bons resultados.

Até a Prefeitura de São Paulo está se movimentando em favor do H2 e estudando a possibilidade de instalar uma usina geradora para abastecer com ele ônibus urbanos, que já circularam no passado com a Fuel Cell.

Seja na célula a combustível, ou injetado diretamente no motor, o hidrogênio é uma opção renovável, limpa e pode ser obtido de diversas formas na natureza. Não há carbonização da atmosfera a partir de sua utilização por não conter carbono. Aliás, de sua reação química com o oxigênio (Fuel Cell) para gerar energia elétrica, o que se expele pela descarga é água pura.

No frigir dos ovos, são grandes as chances de o H2 vingar como solução limpa e sem carbonização para a mobilidade veicular, pois existem duas formas inteiramente distintas de ele ser usado para movimentar um carro: como combustível do motor tradicional ou no motor elétrico ao gerar energia dispensando a complicada bateria.

Carro movido a água é possível? Não: assista ao vídeo e entenda!

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12 Comentários
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Ivar dos Santos 2 de dezembro de 2021

Existe muitos segredos e interesses por trás. Os fabricantes de motores sabem e guardam a sete chves as experiências feitas que jamais podem ser expostas. Vivemos em mundo ganancioso e voraz onde um grupo muito setelto desfruta de coisas que jamais os meros mortais jamais conhecerão. A grande verdade dentro dessa bolha vivem os donos dos combustíveis fosseis que dominam o mundo com cifras astronômicas calando a boca dos fabricantes de motores. Somente uma pessoa muito alienada e dominada pelo sistema que acredita que o homem vai a lua, coloca em orbita um satelite com batria infinit, não consegue desenvolver um carro efecinte com combustíveis alternativo. Sou Analista de sistemas.

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André Paiva Brasil 2 de dezembro de 2021

Hidrogênio não é opção limpa.
Pq ele não brota do nada precisa de quantidades massivas de eletricidade, e eletricidade não brota do nada t.muitas uninas térmicas a gás ou a carvão.

Vale mais a pena guardar a energia elétrica diretamente em uma bateria do que fazer hidrogênio para queimar.

Existe algo chamado segunda lei da Termodinâmica. Todo esse processo para fazer hidrogênio gasta mais energia do que produz na queima, e. Ao importa o quão eficiente é o motor ou a célula. Exite perdas enormes.

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Antonio 30 de novembro de 2021

Caramba, o Cara viu o carro, encostou nele, deve ter aberto o capo ate mesmo dirigiu, foi a Alemanha na BMW pra passar essas impressões daí vem um bocado de especialistas a distancia pra mostrar que sabem de alguma coisa, tqp!

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Amilton 30 de novembro de 2021

Prezado… Na batalha elétron X molécula… O elétron ao final vencerá, em todos os aspectos. O H2 deverá permanecer somente em alguns pequenos nichos. A solução do hidrogênio não eh mais eficiente que a do carro elétrico! Eh o contrário!

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André Paiva Brasil 2 de dezembro de 2021

Não é só menos eficiente do que o carro elétrico. É uma opção sem sentido pq precisa produzir Hidrogênio com eletricidade, que poderia muito bem ser colocada diretamente em a bateria. E uma solução que ignora que Hidrogênio nao brota em árvore

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Frederico Espírito Santo de souza 29 de novembro de 2021

Eu comprei um gerador de hidrogênio, ele usa aqua desmineralizada, que é caro, mas não funcionou, a perda de energia é muito alta e não muda nada no consumo. Só pesa o carro. E coloquei um grande sufiente para geral bastante hidrogênio. Mesmo assim só faz muita espuma. E e muito perigoso, os fios tem um aquecimento onde chega a pegar fogo ?. E melhor haver mais estudos para tal fado se concretize.

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André Paiva Brasil 2 de dezembro de 2021

Muda sim o consumo. Vc gasta mais energia elétrica para fazer funcionar do que a elétricidade que ele gera.

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Edmilson 29 de novembro de 2021

Até que enfim um pouco de verdade.
Difícil esperar que responsáveis consigam considerar apenas o ponto de vista aqui exposto, o qual, seria mais que suficiente para excelentes soluções.

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João 28 de novembro de 2021

Veículos movidos a hidrogênio seriam considerados causadores de acidentes por deixarem as pistas molhadas?

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Edvan Oliveira 28 de novembro de 2021

Acredito João que pode ser feito pneus pra melhorar esta aderência se a pista ficar molhada.

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Carlos B 28 de novembro de 2021

Meu Deus do Céu! A água residual da reação química dentro da Célula de Combustível é vapor de água e não uma enxurrada portanto na há possibilidade de acidentes por molhar a pista.

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Paulo Britto 27 de novembro de 2021

Em 1950 um carro movido a hidrogênio na pista de Indianapolis chegou a 200 km
Nos leva a crer que tudo que aparece de novo na indústria automobilística é velho
São descobertas e inventos décadas 50/60 e estão sendo colocado com novo.

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